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Helena OSORIO
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10 de mai. de 2023
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Chanel Cruise: California Dreamin’ na Paramount Studios

Traduzido por
Helena OSORIO
Publicado em
10 de mai. de 2023

O abundante e eterno otimismo da Califórnia impregnou quase todos os looks da última coleção Cruise da Chanel, apresentada numa terça-feira fria (9 de maio), no interior da meca do cinema moderno, a Paramount Picture Studios.


Chanel Cruise Collection - FNW


Uma coleção inspirada em desportos ativos e em miúdas de praia, mas que não deixa de ser uma grande expressão do chique liberto da estrela de cinema moderna, apresentada perante um grupo de atrizes galardoadas.
 
"A Califórnia e a América, de Jane Fonda a Cindy Crawford", sorriu Virginie Viard, que fez a sua vénia com calças de lantejoulas prateadas.

O cenário era uma mistura astuta de vários desportos americanos. Um enorme campo de basquetebol, embora, claro, a preto e branco. No centro, um logótipo duplo CC gigante; nas extremidades, duas huge Chanel; nas bancadas, cartões em LED, com Paris contra Los Angeles em 2023-24. 
 
Um quarteto de abertura com calções de corrida, soutiens desportivos e fatos de banho usados por modelos em forma, com grandes cabelos à Barbie, bobby sox e sneakers de plataforma. Muitas saias metálicas e de lantejoulas brilhantes e cocktails, usados com casacos bouclé clássicos mais curtos e estreitos em tons de xerez. A cor mais importante foi o cor-de-rosa.
 
Viard também usou muitos trocadilhos visuais hábeis, como skateboards com o logótipo CC e crop top com a prancha branca Number Five. Tudo isto apoiado por excertos de bandas sonoras de filmes. Num trocadilho audível, incluía a canção "Restless" de Abel Korzeniowski do álbum "Nocturnal Animals", o thriller neo-noir realizado pelo antigo designer Tom Ford.
 
Uma produção brilhantemente realizada, por cortesia do produtor Keith Baptista, em que o pano de fundo era um ecrã gigante que projetava alternadamente imagens do pôr-do-sol e da noite da baixa de Los Angeles, ou vídeos gráficos a preto e branco de mulheres Chanel no meio de avenidas ladeadas de palmeiras e magnólias.
 
Cerca de 900 convidados sentaram-se em bancadas ergonómicas, entre dois grupos de manifestantes. De um lado, dezenas de fãs obstinados G-Dragon e K Pop, vários deles chorosos dum lado. Do outro, membros do Writers Guild of America distribuíam panfletos a exigir um "acordo justo... e resíduos pelo conteúdo que criam". E nós a pensar que só os franceses é que faziam greve.
 
No interior, as estrelas K Pop exaltavam o quanto "simplesmente adoravam" a coleção, uma delas vestida com um bouclé de lã, bordado "bien-sûr" com camélias brancas, gravata de seda vermelha solta e óculos brancos dignos de Lina Wertmuller usados ao contrário na cabeça.


Chanel Cruise Collection - FNW


No entanto, o jogo mais intenso dos paparazzi foi sobre Margot Robbie, em jeans Chanel de cintura alta, colete dourado reduzido feito de relógios de ouro falso, medalhas e moedas e abdómen flat à vista como uma panqueca. Abraçando a mais bem vestida da noite, Rose Byrne com uma camisola de gola alta preta e saia de tule em antracite prateado.

Sentada não muito longe de Elle Fanning com um colete de jacquard prateado; a recém-casada Sofia Richie, de blazer bouclé branco e shorts; e Kristen Stewart em fato de calças xadrez.
 
Após o show, Snoop Dogg tocou um bom set dos seus clássicos, num DJing muito próprio, antes de se juntar a alguns duetos de Bruno Mars. Apresentando-se atrás de uma vedação branca, como as que existem no hipódromo de Santa Anita, nas proximidades. Embora o clima frio fora de época significasse que a multidão saiu cedo demais para uma festa da Chanel. Mas pelo menos toda a chuva deixou a cidade verdejante, as árvores a florescer e os pássaros a cantar.
 
Poucos designers apreciam mais os seus modelos do que Virginie Viard. Ainda enumerou o nome de cada modelo à medida que apareciam nas telas de LED, até ao look final, onde desejou  "Happy Birthday Vivienne Rohner!" Viard é como a irmã mais velha muito cool que todas as jovens sonham ter.
 
Uma das suas inspirações, o cinema de Agnès Varda. Às vezes descrita como a mãe da La Nouvelle Vague, o movimento cinematográfico inovador. A primeira mulher cineasta a ganhar um Oscar honorário, aos 89 anos, Varda realmente filmou cinco filmes importantes na Califórnia, nos anos 70 e final dos anos 80, quando o otimismo reinava supremamente na Costa Oeste.
 
Desde "Black Panthers" (Os Panteras Negras, 1968), um notável documentário sobre o movimento revolucionário com discursos incendiários e oratória apaixonada de Huey P. Newton e Bobby Seale, até ao belo documentário "Uncle Yanco" (Tio Yanco, 1967), sobre um tio redescoberto que vive e pinta no paraíso boho alternativo da comunidade de casas flutuantes de Sausalito. Já em "Murs Murs" (1981), outro belo documentário, analisa as novas formas de arte pública, como seja o mural de parede em Los Angeles.
 
E existia assim um cheiro de murais de Venice Beach na bela camisa a combinar com uma estampa de flores tropicais e calças afegãs. Ou inspirado no seu "Uncle Yanco", um elegante vestido cocktail de renda dos anos 60; vestidos tubulares coloridos com logo e tops felpudos.
 
Do chique da cidade californiana Sausalito ao estilo da Melrose Avenue, uma homenagem a Los Angeles e um triunfo quase sem esforço para Viard e para a Chanel.
 

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