Change Awards: H&M apoia cinco novas start-ups
A H&M escolheu a Câmara de Estocolmo para celebrar, a 3 de abril, a inovação no mundo da moda. Tudo com um tom intencionalmente direcionado para a responsabilidade ecológica, uma das bandeiras da comunicação da gigante sueca.
Blockchain, inteligência artificial, impressão 3D, novos materiais sustentáveis, internet dos objetos... O mundo da moda encontra-se no início de uma profunda mudança. Pesquisa e novas tecnologias abrem o campo das possibilidades. E as empresas jovens estão a fazer incursões neste novos domínios para propor novos materiais e até novos modelos de negócios.
Nos últimos quatro anos, através da sua fundação liderada por Diana Amini, a H&M, conhecida pelo seu modelo de fast fashion, tem reconhecido jovens empresas por abordagens inovadoras que podem tornar a indústria da moda mais responsável. No dia 3 de abril, os prémios "Global Change" premiaram cinco empresas entre os cerca de 6 mil projetos apresentados. Os vencedores partilham entre si um prémio em dinheiro no valor de 1 milhão de euros, atribuído pela H&M.
O projeto Loop Scoop da empresa alemã circular.fashion é recompensado com o valor de 300 mil euros. Esta solução fornece aos designers informações sobre os materiais, mas também os cortes e processos a utilizar para otimizar a conceção, bem como o fim da vida e a reciclagem de um produto. "Atualmente, somos dez pessoas apaixonadas. O montante do prémio permitir-nos-á criar uma coleção com o nosso software”, explica Ina Budde. “O outro grande desafio para nós é termos uma ferramenta de design independente. Precisamos de criar um interface com os sistemas das marcas para ter uma integração no seu sistema."
A equipa da suíça Dimpora recebe 250 mil euros pela sua membrana impermeável, biodegradável e de base mineral. Esta destina-se a substituir as membranas utilizadas no outdoor. E o desafio é seduzir os principais players do setor. "O prémio permitir-nos-á desenvolver mais testes e expandir a equipa", explica Mario Stucki. “Trazemos um material melhor, mas precisamos de os convencer da nossa capacidade de responder às suas expectativas."
O projeto de quintas de urtigas, liderado pela equipa queniana da Green Nettle Textile, ganhou 150 mil euros. A urtiga, cuja cultura se adapta a terrenos difíceis, pode ser utilizada para criar um material responsável parecido com o linho. A equipa sublinha que os resíduos do processo de fabrico podem ser usados para fazer papel ou corantes para tingimento. "Em África, precisamos de conservar a terra para os recursos alimentares, pelo que a ideia era poder utilizar outras partes do território”, diz Jonah Mwangi. “Com o prémio, vamos adquirir máquinas e investir nas pessoas para as operar.”
O quarto laureado também ganhou 150 mil euros pela sua abordagem inusitada ao vestuário. Os britânicos da Petit Pli queriam reduzir o número de roupas necessárias para vestir uma criança nos seus primeiros três anos. "O nosso desafio é mudar a abordagem das pessoas, não comprar tanta roupa para os recém-nascidos, pelo que estamos a desenvolver as técnicas", explica Ryan Mario Yasin. A sua ideia, patenteada, é propor roupa, gráficos que se adaptem ao tamanho da criança, através de um engenhoso sistema de plissado.
Por fim, a equipa da Le Gara, com sede no Peru, também ganha um cheque de 150 mil euros pelo desenvolvimento de uma alternativa ao couro. Aqui, falamos de biotecnologia. A empresa apoia-se nas propriedades das frutas e flores para desenvolver em laboratório, a partir de micro-organismos, um material cuja aparência e toque são semelhantes ao couro. Os formatos desenvolvidos são criados para responder às necessidades do setor. "Com o financiamento, vamos desenvolver amostras. Já terminámos o protótipo, temos de crescer para sair do formato de laboratório e desenvolver colaborações com marcas", explica Jaqueline Cruz.
Para além deste apoio financeiro, este ano o prémio H&M é acompanhado por uma nova iniciativa, com o desenvolvimento de um financiamento participativo para projetos. Os cinco vencedores irão também beneficiar de um acompanhamento durente um ano que lhes vai permitir interagir com as equipas da H&M, mas também os levará a Nova Iorque e Hong Kong para descobrirem as expectativas desses mercados e reunir com especialistas, incluindo os da Accenture, que é parceira do prémio. Um importante acompanhamento na perspetiva do crescimento destes novos negócios.
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