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Traduzido por
Helena OSORIO
Publicado em
28 de jan. de 2021
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6 Minutos
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Charles de Vilmorin: os novos loucos anos 20

Traduzido por
Helena OSORIO
Publicado em
28 de jan. de 2021

Estará Charles de Vilmorin prestes a ser considerado o próximo grande valor da moda francesa? Os presságios parecem propícios e a julgar pelo vídeo da coleção que apresentou na noite de quarta-feira (27 de janeiro), durante a Paris Fashion Week dedicada à alta costura, certamente De Vilmorin carrega os costados do design.

Charles de Vilmorin: vídeo da sua coleção de Alta Costura para a primavera-verão 2021


Charles de Vilmorin tem apenas 24 anos e celebra o aniversário no dia de Natal  outro bom presságio. O designer francês irrompeu este outono no fio da moda quando foi escolhido para o GucciFest, levando ao mini festival de cinema de moda, para jovens designers, o seu vídeo reinventado pelo Conde Drácula intitulado Repugnamtam.

O que também o distingue duplamente é que, numa era em que muitos diretores criativos com centenas de milhares de seguidores no Instagram mal conseguem desenhar, De Vilmorin é um grande ilustrador. E tem um lado friamente sombrio, visto no GucciFest e nesta coleção que revelou online na passada quarta-feira.

O próprio Charles de Vilmorin começou por pintar com spray as suas ideias inaugurais no último videoclipe; onde os modelos distinguem a maquilhagem maravilhosa  rostos em amarelo canário; sombra verde de olhos e lábios azuis; cabeças decoradas com flores (ou borboletas) de fita de gros grain e mini pendentes de lustres de cristal. Como demónios, monstros, ou melhor: exóticas aves do paraíso.
 
Um casal de bailarinos contorcionistas vestido de pintura  como seres mágicos da natureza, seres originais que transportam a cura, ou mentores míticos (quiçá expondo a dualidade de tudo o que existe no universo)  levantam o véu translúcido de seda preta para revelar o primeiro look surpreendente: um fantasmagórico e avantajado casaco e uma pinafore, como que um avental, peças com os coloridos desenhos dramáticos de Charles de Vilmorin impressos.
 
De espingarda na mão, o costureiro vira-se, vigiando com o olho no ponto de mira da arma, e continuando a dar tiros falsos, desta vez a mais duas jovens: uma vestida com um fantástico traje floral, como se uma estátua de Niki de Saint Phalle tivesse subitamente ganhado vida. A outra, como uma rainha Margot de vestido verde em balão, começa a coser com linha branca o peito supostamente atingido pelo tiro, reconcertando o tecido de padrão floral e a alma canora da modelo que poderá representar uma boneca de trapos sujeita a experimentações. Como somos todos afinal.

Também podemos interpretar como uma alegoria ao deus que dá vida à matéria com toques de tiros que supostamente deviam matar (e dão nova vida), o que também se pode ligar a preocupações ambientais. O homem que até aqui destrui consciente ou inconscientemente o planeta, renova-o agora repensando as atitudes e gestos. Repintando meticulosamente (e no sentido inverso) as cores do universo.

Os jovens aparecem nos seus casacos acolchoados com capuz, relevando motivos de dragão ou borboletas surreais, remetendo-nos para o folclore da Europa de leste a caminho do oriente. Charles de Vilmorin até constrói um leque de um metro de comprimento, nele esboçando uma bailarina nua do Grand Guignol  o teatro do Pigalle em Paris (1897-1962), especializado em espectáculos de horror naturalista. Um toque de erotismo tanto quanto de orientalismo na moda de Oitocentos que se prolongou às primeiras décadas do século XX.


Look da coleção de alta costura de Charles de Vilmorin, para a estação de primavera-verão 2021 - Foto: Charles de Vilmorin


"Gosto de fantasia nas minhas ilustrações, as minhas referências são pessoas como Tim Burton. Gosto na minha obra da ideia de que não se sabe se é um humano ou um demónio", diz De Vilmorin, que sofre outras influências, nomeadamente da obra de Gustav Klimt, do pintor simbolista Odilon Redon e de Pablo Picasso.
 
Charles de Vilmorin recorda que os esboços rápidos feitos em jornais ou papel raspado por Picasso, no seu museu no Marais, "realmente atordoou-me e foi de lá que vieram os meus monstros".
 
Os louros têm de ser entregues a De Vilmorin que dispõe de uma visão singular e de um grande sentido de cor. Um sentido teatral nato, como se vê na libertação do papagaio brasileiro que sai da gaiola aberta, bate asas e voa pelo vídeo. Como cúmplice das cores que aparecem na coleção, e como se entrasse no corpo da modelo, levando-a a esbracejar uma dança mesclada de tentativas de voo; e por fim, num abraço, mesclar-se ao possível demónio ou ser mítico, que faz desaparecer no seio do seu xaile gigante com desenhos eróticos. No auge da transformação, o caçador costureiro dá-lhe um tiro derradeiro. Fica a tinta, o jovem De Vilmorin com ar inocente e os seus modelos criativos.
 
Mas, antes de terminar a sua participação no vídeo  com tinta vermelha e dourada  e antes de se apresentar no final com o seu elenco de 14 beldades. Podemos dizer: A Star is Born (Nasceu uma Estrela).
 
Também não faz mal que Charles de Vilmorin faça recordar Yves Saint Laurent; pode confundir-se com um neto de Yves dada a diferença de idade, uma semelhança que não irrita De Vilmorin.
 
"Há anos que as pessoas têm vindo a dizer isso. Especialmente quando usava casacos de couro quando era adolescente. E eu não me importo muito com a semelhança. Na verdade, é bastante lisonjeiro. Parecer um dos verdadeiros ícones da moda não será assim tão mau", riu-se o espectacular De Vilmorin, durante o café, dois dias antes da apresentação do seu vídeo.
 
Nascido em Saint Germain-en-Laye, e criado na cidade interior de Compiègne, queria originalmente ser diretor de teatro, adorava a mistura de sons, luzes, fatos, e atitude das pessoas que os usavam. Até escreveu algumas peças de teatro na adolescência. Mas o ter começado a esboçar aos cinco anos abriu-lhe um novo mundo.


Look da coleção de alta costura de Charles de Vilmorin, para a estação de primavera-verão 2021 - Foto: Charles de Vilmorin


O seu pai era diretor financeiro de uma marca de moda de massas, e explicou-lhe as rédeas da indústria e como um sonho se poderia tornar um métier. Eventualmente entrou para a escola de moda Chambre Syndicale aos 18 anos.
 
"Eu estava menos interessado em como fazer uma costura perfeita, essa experiência com volume", confessou.

Realizou um estágio de verão de uma semana com Alber Elbaz na Lanvin e, ao sair da faculdade, lançou a sua própria marca.
 
"Nada foi realmente planeado. Depois de ter completado o meu programa de mestrado, era suposto dedicar-me durante seis meses ao estudo e trabalho, mas quando finalmente fui à procura, todas as maisons tinham já os seus estagiários. Por isso, sem nada planeado, os meus pais disseram-me que, ou encontrava um emprego, ou voltava para casa. Mas por risco um colecionador privado comprou a maior parte da minha coleção criada como trabalho final de licenciatura, e usa-os com despreocupação. Por isso, fiquei em Paris", recorda o jovem de fala mansa, mas seguro de si.

Charles de Vilmorin ainda não encenou um desfile físico em passerelle, nem uma apresentação. Mas realizou um espectáculo no GucciFest. E agora é um mensageiro parisiense de boa-fé. O meteorismo é um eufemismo.
 
Em suma, o seu trabalho recorda a energia e o otimismo dos loucos anos 20, a última vez que o ocidente emergiu da guerra e de uma enorme pandemia conhecida como a gripe espanhola, o que parece estar a repetir-se.
 
"Lançar-me na alta costura nunca foi planeado. Mas adorei a ideia de criar peças artesanais, únicas", diz De Vilmorin, cujos heróis da moda são todos anglo-saxónicos  Galliano, McQueen e Jacobs.
 
Como aquelas estrelas que se ergueram da boémia da moda, De Vilmorin nem sequer tem um apartamento, e vai ficando com amigos no seu triângulo preferido, desde o Pigalle à Ópera e até ao Marais.
 
"Gosto da ideia de apresentar roupa com uma narrativa. Torna tudo mais coerente. E gostaria que o público encontrasse no vídeo uma pequena bolha de positivismo e fantasia", insiste Charles de Vilmorin, escovando com os dedos uma das suas mechas ondulantes de cabelo, afastando-a da cara.
 
Tal como Yves.
 

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