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Helena OSORIO
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6 de jul. de 2021
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Christian Dior: alta costura sonhadora e criativa com fios e efeitos materiais extraordinários

Traduzido por
Helena OSORIO
Publicado em
6 de jul. de 2021

O fio condutor da última coleção da Alta Costura da Christian Dior foi expresso nos materiais notáveis e no cenário único construído para o seu desfile de moda em Paris.

The Dior Autumn-Winter 2021-2022 Haute Couture Show


Realizado na tarde de segunda-feira (5 de julho), dia de abertura da temporada de alta costura de quatro dias na capital francesa, o desfile ao vivo foi montado dentro de uma magnífica tenda retangular, cujas paredes foram todas decoradas por uma gigantesca impressão chamada Chambre de Soie (Câmara da Seda), criada pela artista parisiense Eva Jospin.
 
Embora o ponto de partida para a diretora criativa da Dior, Maria Grazia Chiuri, tenha sido a leitura da obra Threads of Life (Fios da Vida), um livro em que a escritora escocesa Clare Hunter estuda filosoficamente a influência dos tecidos e materiais na história.

"Neste momento realmente difícil é muito importante demonstrar solidariedade em todo o mundo. E fiquei fascinada com a interpretação de Thomas sobre o papel em tantas sociedades e nacionalidades dos têxteis, e de todos os artesãos e 'les petites mains' que cosem, tecem e bordam os tecidos", explicou Chiuri numa antevisão do show.


Christian Dior - Alta Costura - outono-inverno 2021/2022 - Foto por cortesia da Christian Dior


O impressionismo em múltiplas formas visto nos tecidos brilhantes que foram o material vivo desta coleção para a estação de outono-inverno 2021/2022. Desde a surpreendente combinação da malha de poliamida entrelaçada com microcristais até aos deslumbrantes padrões florais de veludo em jacquard feitos por Bucol de Paris.

No entanto, a grande novidade da moda foi a subtil coordenação de cores em múltiplos looks para o dia: graduações de tweed cinzento mosqueado; malhas e caxemira, vistas em vários casacos Bar, combinações de blazer e casaco.

Chiuri gosta que a sua roupa de dia seja polida mas sempre prática; com dezenas de looks combinados com botas de tweed cortado em viés. Também jogou com casacos de tons e tecidos contrastantes, sobretudo uma peça cinzenta que será o centro das atenções num grande museu de moda.

"Uma grande maison como a Dior não pode esquecer o valor de todas estas bordadeiras e artesãos qualificados,  e por vezes estas habilidades são vistas como um mero trabalho doméstico. E não deve ser assim pois são técnicas e conhecimentos únicos transmitidos de uma geração para a outra", sublinhou Chiuri.


Christian Dior - Alta Costura - outono-inverno 2021/2022 - Photo: Courtesy of Christian Dior


A designer italiana mostrou-se suficientemente confiante para experimentar muitos dos looks icónicos de Monsieur Dior, alongando o tronco do casaco Bar e alongando a sua saia numa reviravolta modernista de New Look.
 
Enquanto as mulheres bilionárias ou clientes como as princesas do Golfo que fazem raras aparições em Paris, assim como estrelas de cinema, não faltaram na primeira fila. A atriz norte-americana Jessica Chastaigne juntou-se à atriz britânica Cara Delevingne, cada uma ao lado do CEO da Dior Pietro Beccari.
 
Com um total de 75 looks, o desfile de moda vacilou a meio. Chiuri deve estar cansada de dirigir tantos desfiles comerciais e criticamente bem sucedidos para a Dior. Há duas semanas apresentou a coleção Cruise em Atenas, e na semana anterior a esta exposição de Alta Costura já estava ocupada a preparar-se para a próxima exposição de pronto-a-vestir em outubro. Por isso, parecia que o seu botão de autoedição estava desligado. Teria sido útil para esgalhar meia dúzia dos mais de 20 visuais cinzentos.


Christian Dior - Alta Costura - outono-inverno 2021/2022 - Photo: Courtesy of Christian Dior


Para a noite, no entanto, Maria Grazia Chiuri desenhou vários vestidos de chiffon cortados ao estilo império, e com caudas, que a maioria das mulheres sonharia ostentar.

Mais uma vez, Chiuri referiu inteligentemente uma ideia do mais antigo estilista da maison, Marc Bohan: um chapéu de jóquei de 1964 chamado Ludovic.

"Bohan juntou-se ao movimento juvenil dos anos 60 com um engenhoso chapéu de montar, após anos de grandes construções florais para a Dior", observou Stephen Jones, o importante modista de chapéus britânico ligado desde longa data à maison. Um filme francês, Qui Êtes-Vous Polly Magoo? (1966), que certamente voltará à vida.

Uma parceria franco-italiana, entre Chiuri nascida em Itália (Roma) e Eva Jospin natural de França (Paris), que em tempos estudou na Villa Medici de Roma, o instituto cultural francês na capital italiana.
 
Enquanto estava em Roma, Jospin visitou o Palazzo Colonna e descobriu a extraordinária Salle aux Broderies, cujas paredes são todas forradas com painéis de tecido, que com toda a certeza a inspirou.


Christian Dior - Alta Costura - outono-inverno 2021/2022 - Photo: Courtesy of Christian Dior


No final, a enorme pintura de Eva Jospin para a Dior fez alusão a uma série de artistas e às suas obras: desde as paisagens marítimas de William Turner e jardins de Pierre Bonnard, às antigas ruínas de Hubert Robert e às paisagens de Jean-Édouard Vuillard.
 
Com grandes costuras e bordados feitos na Índia, a Chambre de Soie é uma obra gigantesca com cerca de 100 metros de comprimento. Foi produzida pela Dior como o cenário perfeito para a nova alta costura da maison. A Chambre de Soie permanecerá como uma instalação no jardim do Museu Rodin durante seis dias.
 
A próxima exposição de Jospin está prevista para Giverny, o santuário do Impressionismo onde se encontra a casa de Claude Monet (atual fundação do pintor). E é provável que se trate de um trabalho massivo.
 
Christian e Claude teriam certamente aprovado.
 

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