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12 de out. de 2020
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Coleções e momentos que marcaram a Lisboa Fashion Week

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12 de out. de 2020

Na 55.ª edição da ModaLisboa - Lisboa Fashion Week (LFW), os designers parecem ter-se inspirado de forma geral no regresso às origens, evocando deuses, guerreiros e mágicos buscados a figuras da mitologia e da humanidade heroica para que, estas, possam ajudar a combater as forças de um mundo novo que a pandemia marcou. Um dos pontos altos do evento foi o bailado apresentado por Nuno Gama, em colaboração com a coreógrafa Olga Roriz, no lago do Parque Eduardo VII, como aliás anunciou previamente o site FashionNetwork.com numa entrevista ao costureiro consagrado.


Bruno Pardo, o Poseídon de Nuno Gama, a bailar no lago do Parque Eduardo VII em Lisboa - Instagram @revista_nit


Esta nova coleção viveu do pensamento performativo de Nuno Gama, como Poseídon, deus grego e senhor supremo dos mares e terramotos (conhecido como Neptuno, pelos romanos), a organizar a sua guarda de delfins. 

Mas, afinal, quem Bruno Pardo interpretou, foi uma figura mítica mais nacional, associada ao Anjo de Portugal, protetor da essência e alma dos portugueses. O mostrengo dos mistérios, a corda do nó marinheiro e do amor, a caravela da coragem, o fado num canto de força, resiliência e fé, todos símbolos da história do aventureiro povo lusitano.


Look da marca Kolovrat que aposta numa nova humanização - Foto: Ugo Camera / ModaLisboa / Facebook


No Parque Eduardo VII, a ver Lisboa do alto, outros se distinguiram, como Filipe Augusto / WorkStation, Kolovrat, Ricardo Andrez, Saskia Lenaerts / WorkStation.

E, de entre estas marcas, mais se destacou a coleção de peças exclusivas de Lidija Kolovrat, artista natural da Bósnia que exibe vídeo-arte e instalações em espaços museológicos, apresentando na ModaLisboa Mais uma desconstrução da cultura urbana e das artes.

A coleção chama-se Iceberg, como parte da natureza e do momento presente. As peças assumem-se como telas e as formas aguareladas criam icebergues "que se transformam, quebram e comprimem". A aposta numa nova humanização.


Suposto druida de Valentim Quaresma, adornado de amuletos - Foto: Ugo Camera / ModaLisboa / Facebook


Dos desfiles físicos são, ainda, de salientar as coleções de Béhen / Lab, Carolina Machado, Constança Entrudo / Lab, Gonçalo Peixoto, João Magalhães / Lab, Nuno Baltazar, Valentim Quaresma. Enaltecemos, este último, que apresenta uma fantástica coleção que dá exclusividade ao negro, vestindo uma legião de supostos druidas, fadas, feiticeiros, magos, todos ligados à mãe natureza, e muitos elegendo amuletos e tatuagens.

A coleção de Quaresma, denominada Dark Spring (Primavera Negra), eventualmente por evocar também a vivência do encerramento com a pandemia de COVID-19, busca inspiração a paisagens noturnas de primavera.


Look da Bolota Studio, marca vencedora do Prémio The Feeting Room - Foto: Gonçalo Silva / ModaLisboa / Facebook


Dos 10 jovens designers do concurso Sangue Novo, foram finalistas: Ari Paiva, Andreia Reimão, Arndes, Fora de Jogo e Rafael Ferreira. Bolota Studio foi a vencedora do Prémio The Feeting Room. Pilar do Rio foi a designer mais votada, pelo que foi agraciada com o Prémio do Público.

A designer Felícia Macedo da Bolota Studio apostou numa "busca ao tesouro", reutilizando missangas, alfinetes de dama, amostras de tecidos de memória, e fundindo-os depois com novas matérias-primas.

Já a coleção de Pilar do Rio tem como palavra-chave o upcycling, inspirando-se em tempos do passado, presente e futuro, na procura de uma resposta à crise climática, social e económica.


Pilar do Rio, vencedora do Prémio do Público - Foto: Gonçalo Silva / ModaLisboa / Facebook


Injusto seria se não dessemos, igualmente, uma nota de relevância, aos trabalhos ímpares de António Castro / WorkStation e de Olga Noronha / Lab.

António Castro foi, sem dúvida, um dos designers que apresentou uma das coleções mais criativas do evento, no caso parecendo inspirada em guerreiros tribais ancestrais, amazonas, gladiadores, vikings. Cada peça é criada com novos códigos de género, explorando o lado performativo da luta livre, numa linguagem barroca. 

Não por acaso, Castro é licenciado em Design Têxtil pela Central Saint Martins, em Londres, onde é mestrando em Design de Moda. Estagiou com Lidija Kolovrat, em Lisboa, e na Trend Union / Li Edelkoort em Paris. Trabalhou no departamento têxtil da coleção Artisanal da Maison Margiela em Paris e, paralelamente, foi responsável pelas tecelagens manuais das coleções de John Alexander Skelton em Londres.


Um dos guerreiros de António Castro - Foto: Ugo Camera / ModaLisboa / Facebook


Olga Noronha tem um percurso académico invulgar nas áreas de Arte e Design e de Joalharia, tendo concluído cursos de licenciatura, mestrado e doutoramento em Londres, na Central Saint Martins e Goldsmiths College, sendo professora convidada na Central Saint Martins e palestrante na Whintrop University (EUA) e ESAD (Portugal).

A sua coleção, intitulada Na Hora Suave, apresenta uma série de peças escultóricas, cortadas e dobradas como o papel na arte secular japonesa de Origami. É também a natureza que define as suas formas e cores.


O cisne no lago de Olga Noronha - Foto: Ugo camera / ModaLisboa / facebook


A ModaLisboa Mais arrancou na passada sexta-feira (7 de outubro), encerrando domingo (11), com entrada livre, no Parque Eduardo VII, a ver do alto a Baixa Pombalina e o Tejo. Esta nova edição da Lisboa Fashion Week, aderiu – à imagem de outros eventos do calendário internacional da moda –, a suportes físico e online, proporcionando uma série de conversas, desfiles físicos e apresentações online, disponíveis em todas as plataformas digitais ModaLisboa e Onsite no espaço Resort.
 

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