Por
Agência LUSA
Publicado em
17 de fev. de 2023
Tempo de leitura
3 Minutos
Download
Fazer download do artigo
Imprimir
Text size

Consórcio nortenho do têxtil quer cortar uso da água em 40% tornando-o circular

Por
Agência LUSA
Publicado em
17 de fev. de 2023

O consórcio Giatex, liderado pela Estamparia Adalberto, de Rebordões (Santo Tirso), quer aproveitar o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para reduzir o uso da água na indústria têxtil em 40%, tornando-o circular, disse à Lusa um responsável.


Notimex


"Nós queremos conseguir que a utilização da água no setor têxtil se torne circular", disse à Lusa o administrador da Estamparia Adalberto Mário Jorge Machado, que também é presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP).

Um dos propósitos é "reduzir em 40% a utilização de água pelo setor", disse, deixando "menos água para tratar em termos da sua circularidade" e "só aí, do ponto de vista económico, há uma poupança gigantesca". O objetivo é também tornar a água "mais disponível para a utilização humana" e para "outro tipo de atividades".

Mário Jorge Machado relembrou que os portugueses consomem cerca de 20 milhões de litros de água por dia, mas "a indústria têxtil usa, todos os dias, perto de 40 milhões de litros de água", ou seja, o dobro.

"Nós, resolvendo isto, vamos permitir que outros países onde a água é um bem escasso também possam usufruir destas invenções que nos propomos fazer em Portugal, e também outros setores", vaticinou o responsável.

Segundo Mário Jorge Machado, a implementação deste projeto de mais de 20 milhões de euros, que faz parte das Agendas Mobilizadoras para a Inovação Empresarial do PRR, coloca "desafios técnicos e tecnológicos muito grandes, porque o efluente do setor têxtil [...] tem uma componente química muito diversa", bem como empresas que vão desde a lã às celulósicas e aos sintéticos.

O projeto engloba também empresas como a Riopele, Enkrott, Somelos e a JF Almeida, 12 pequenas e médias empresas (PME), e conta ainda com as universidades do Minho, Porto e Beira Interior ou institutos como o INEGI, INESC TEC, ou o Citeve - Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e do Vestuário.

"O grande objetivo é que esta circularidade permita sustentabilidade em termos da água, mas também em termos da sustentabilidade económica, porque sem a sustentabilidade económica o projeto não é viável de implementação em larga escala", explicou à Lusa Mário Jorge Machado.

O responsável da Estamparia Adalberto revelou que "um dos componentes muito importantes deste projeto vai ser a invenção de novas membranas" que "possam fazer a diferença nestes processos de filtração de água", recorrendo também à sensorização e monitorização dos fluxos hídricos, mencionando também a parte da biologia, componente "importante na degradação dos materiais".

Os processos de sensorização estarão "ligados a algoritmos que vão permitir fazer uma aprendizagem" para perceber se "já não são necessários novos processos com mais água", uma tecnologia que "poderá vir também a vir a ser útil a utilização doméstica" antecipou Mário Jorge Machado à Lusa.

Faz ainda parte do projeto, que tem de estar "finalizado até 2026", a "fase da divulgação e a fase de formação sobre as descobertas e sobre os processos que forem bem sucedidos".

A agenda já está na "fase de caracterização dos efluentes", dos processos produtivos, dos equipamentos, dos consumos e da qualidade da água, reconhecendo Mário Jorge Machado que há "muito pouco tempo para a ambição" em termos de "fazer novos processos, novas fibras, novas enzimas" e "verificar a sua aplicabilidade para os diferentes tipos de efluentes".

JE // LIL (Lusa)

Copyright © 2024 Agência LUSA. Todos os direitos reservados.