Helena OSORIO
23 de mar. de 2020
COVID-19: Viseiras portuguesas feitas com velas de barcos
Helena OSORIO
23 de mar. de 2020
A empresa fundada há mais de 30 anos pelo velejador portuense, Pedro Pires de Lima, adaptou-se a uma nova produção para não ficar parada em tempos de crise.
Da produção sazonal de velas que estacionou, a Velas Pedro Pires de Lima SA, passou a dedicar-se às viseiras de proteção, na luta contra a pandemia do novo coronavírus.
Estas viseiras "ligeiras", ainda não certificadas, fabricadas com material náutico, "substituem na perfeição as máscaras de mergulho e os óculos de soldador, utilizados agora por quem não consegue aceder a material de proteção adequado, nomeadamente profissionais de Saúde", diz o mentor.
Sob a orientação de Pedro Pires de Lima, as oito funcionárias da fábrica, produziram as primeiras 80 unidades de viseiras que ofereceram a voluntários de IPSS de apoio a sem-abrigo. A ideia é manter este compromisso com o voluntariado que anda hoje, pelas ruas desertas, a acudir os sem-abrigo.
“Entretanto já tivemos encomendas de instituições e empresas que querem oferecer as nossas viseiras a hospitais”, informou Pedro Pires de Lima, numa entrevista ao FashionNetwork.com. “Somos uma pequena empresa com capacidade limitada, para entrega gratuita de viseiras aos mais necessitados. Privilegiamos o trabalho manual, pelo que as nossas viseiras são um produto artesanal”.
A Velas Pires de Lima SA conta apenas com oito funcionárias que fazem centenas de peças por dia. As viseiras são vendidas por encomenda e enviadas via CTT.
“Cada viseira custa 6,50€ (mais IVA e portes). Nada impede de vendermos uma a uma mas, no caso de ser só uma, entre a caixa e o porte, custa o dobro”, prossegue o empresário desportista que, face ao estado de emergência decretado em Portugal, teve de repensar o negócio para não ficar parado.
A respeito de encomendas, feitas em nome pessoal, por profissionais de saúde, o pagamento é voluntário.
Pedro Pires de Lima, engenheiro civil, decidiu abrir a Velas Pires de Lima SA, no Porto, mal se formou, em 1986. Uma pequena indústria de velas para barcos (ba4ciw) que veio incendiar mais ainda a sua paixão. Muito embora tivesse continuado a trabalhar na área de formação superior, tendo construído pela vida fora um hotel, um retail park, várias moradias e dois prédios.
Neste negócio, moveu-o o amor que dedica à modalidade de vela, velejador do Clube de Vela Atlântico em Leça da Palmeira, campeão Mundial Júnior e 10 vezes campeão nacional. Os filhos Mafalda e Tomás seguiram-lhe as pisadas, tendo igualmente alcançado várias distinções pelo mesmo clube. As mais relevantes são: em equipa dos dois, foram duas vezes vice-campeões da Europa Júnior da classe Snipe; individualmente, Mafalda foi vice-campeã do mundo de vela na classe Vaurien, vice-campeã do Mundo de Europe, medalha de bronze no Mundial de Byte, campeã nacional na classe Snipe e na classe 420; e Tomás, vice-campeão europeu na classe Snipe Sénior e campeão nacional na classe Laser e Sub21.
Como diz o povo, “quem sai aos seus não degenera”.
“Acabei o curso e, em vez de seguir carreira, comprei uma máquina de costura e lancei-me”, continua. “Atualmente, vi que há muita gente a fabricar máscaras de proteção ao novo coronavírus, mas não viseiras. Como tenho matéria-prima, fui experimentando protótipos até chegar a este modelo. Agora, estamos a alterar tudo na fábrica e espero produzir 300 viseiras por dia numa primeira fase. Depois, aumentar a produção se necessário.”
A Velas Pedro Pires de Lima SA, vendeu recentemente viseiras para a Guardia Civil de Cadiz e tem pedidos para a Galiza, Madrid e Valência.
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