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10 de fev. de 2014
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Daniel Bessa espera avanços na investigação e área industrial em encontro da COTEC Europa

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Agência LUSA
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10 de fev. de 2014

Lisboa – O diretor-Geral da COTEC Portugal, Daniel Bessa, espera que os portugueses possam "apanhar a boleia" dos espanhóis e italianos na investigação e avançar na área industrial, destacando que esse trabalho de bastidores é objetivo do encontro da COTEC Europa.

A reindustrialização do sul da Europa é o tema central do debate do IX Encontro COTEC Europa, que arranca na terça-feira em Lisboa, reunindo o Presidente da República de Portugal, Cavaco Silva, o Rei de Espanha, Juan Carlos, e o Chefe de Estado de Itália, Giorgio Napolitano, assim como o vice-presidente da Comissão Europeia, Antonio Tajani, ministros e responsáveis das maiores empresas dos três países.

O diretor-Geral da COTEC Portugal, Daniel Bessa. Foto: © COTEC Portugal


Em declarações à Lusa, Daniel Bessa sublinha que "o ótimo" era chegar-se a algum tipo de ação na investigação e desenvolvimento e na área industrial. Um dos objetivos é potenciar o reforço do número de candidaturas ao programa-quadro de investigação da União Europeia 2014-2020 com os espanhóis e italianos, mais experientes e avançados nesta matéria. "Quem tem que se candidatar a estes fundos são as empresas, os institutos de investigação, as universidades", disse, adiantando que a este propósito haverá uma reunião entre a Fundação para a Ciência e Tecnologia e congéneres de Espanha e Itália.

Para o ex-ministro da Economia, isto é tanto mais importante pelo facto de Portugal já ter contribuído mais para esse programa, desde que é membro da União Europeia, do que aquilo que já conseguiu retirar de lá.

Daniel Bessa considera que há já algumas pequenas empresas portuguesas "muito intensivas em tecnologia" e viradas para a entrada nos mercados com produtos novos e mais sofisticados do ponto de vista tecnológico, mas alertou que a generalidade da economia ainda está atrasada.

O economista diz ainda que a novidade do encontro da COTEC Europa deste ano é a aproximação à ação executiva e aos governos dos três países, destacando que na terça-feira existirá uma iniciativa onde estarão presentes os responsáveis daqueles países para adotar uma posição conjunta sobre a "reindustrialização".

"A direção-geral da Indústria [da Comissão Europeia] tem vindo a fazer ações de chamada de atenção para a capacidade europeia de produção de bens mais sofisticados nos mercados externos e extraeuropeus, como os EUA e o Japão. Esperamos também que haja mais empresas portuguesas, espanholas e italianas envolvidas nesse esforço de apresentação ao mundo e aos países mais desenvolvidos do que de melhor a Europa pode oferecer", considerou.

Sobre o caso específico de Portugal, o diretor-geral da COTEC frisou que "reindustrializar" não é ter de novo a indústria que tinha, mas sim uma "re(new)industrialisation", ou seja, uma indústria nova, que pode ocorrer nos setores tradicionais, mas com uma qualificação e sofisticação dos produtos, seja na frente tecnológica, seja na frente do desenho industrial. "Na área do calçado, que toda a gente reconhece que tem corrido muito bem, há sofisticação tecnológica, desenvolvimento de materiais e equipamento, mas também muito de estilismo e desenho", exemplificou.

Para Daniel Bessa, essa reindustrialização já está em curso e prova disso é o aumento das exportações. O economista diz que ninguém pode duvidar de que a economia portuguesa bateu no fundo e "tem agora as setinhas a apontar para cima", mas alerta que há ainda um problema por resolver, o do crescimento.

"Abaixo dos 2%, não vamos conseguir criar emprego de forma continuada e nem resolver o problema das finanças públicas. Vou mais longe: 2% é pouco, não devemos descansar enquanto não atingirmos os 3% e começar a pensar criar 50 a 60 mil postos de trabalho por ano", sublinhou.

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