Agência LUSA
31 de jan. de 2017
Deputados de Lisboa pedem ao Governo rapidez em lei para lojas históricas
Agência LUSA
31 de jan. de 2017
As comissões permanentes de Economia e Cultura da Assembleia Municipal de Lisboa vão solicitar ao Governo rapidez na criação de um regime legal de reconhecimento e proteção de estabelecimentos e entidades de interesse histórico.
Numa moção que será apreciada na sessão extraordinária de terça-feira, os deputados municipais pedem à Assembleia da República "celeridade no agendamento da discussão e votação desse novo regime legal", de forma a dar "proteção a este importante setor de atividade tão identitário da cidade".
Em abril de 2016, o PS apresentou na Assembleia da República um projeto de lei para "definir um regime de classificação e de proteção de estabelecimentos e entidades de interesse histórico e cultural", através de alterações ao Novo Regime do Arrendamento Urbano (NRAU) e ao Regime Jurídico das Obras em Prédios Arrendados.
No caso do NRAU, o objetivo é prolongar, de cinco para dez anos, o período transitório para as lojas históricas.
Já no caso do Regime Jurídico das Obras em Prédios Arrendados, pretende-se assegurar a permanência dos estabelecimentos classificados nos imóveis, mesmo que isso implique realojamentos temporários.
O documento está a ser apreciado na especialidade, para depois ser submetido a plenário.
Além do projeto de lei do PS, existem outros semelhantes do PCP e do BE.
Na moção, os membros das comissões de Economia, Turismo, Inovação e Internacionalização e de Cultura, Educação, Juventude e Desporto da Assembleia Municipal de Lisboa pedem também que estas alterações à legislação "tenham em consideração as normas transitórias para aplicação em casos pendentes".
Ao mesmo tempo, defendem que no programa municipal Lojas com História deve ser "considerado o conceito de ‘reconhecimento' em detrimento do conceito de ‘classificação'" e que tal atribuição deve ser precedida "por um ato de consulta pública".
Aprovado em fevereiro de 2015, o programa municipal Lojas com História prevê a distinção e atribuição de apoio financeiro (no âmbito de fundo com uma dotação inicial de 250 mil euros) aos estabelecimentos classificados, para intervenções em áreas como a arquitetura e restauro, cultura e economia.
Por aprovar pela Assembleia Municipal - e que consta da ordem de trabalhos de terça-feira -, está a definição das regras da candidatura à distinção Lojas com História e do fundo municipal que as vai suportar.
Só depois disso estará também em vigor a lista das lojas com a distinção. De início, foram identificadas 63 e deverão ser escolhidas mais 20.
Entretanto, tem-se assistido ao fecho de alguns estabelecimentos.
Na passada quarta-feira, a União das Associações de Comércio e Serviços (UACS) divulgou que, das 300 lojas que compunham o programa, cerca de 120 fecharam, estando mais em risco.
Depois de se conseguir evitar o despejo e consequente fecho da Tabacaria Martins - cuja continuidade esteve ameaçada no âmbito da reconversão do palacete onde a loja está há 134 anos -, a UACS veio denunciar o possível encerramento da loja de confeções Paris em Lisboa, aberta na Rua Garrett desde 1888.
Também a tasca "A Central das Avenidas", localizada na Praça de Espanha há 99 anos, está ameaçada.
Através de uma petição com 1.056 signatários, o assunto chegou à Assembleia Municipal e será apreciado em plenário, com os deputados a pedirem a intervenção da Câmara para evitar o fecho do espaço.
Na sessão, será ainda discutida uma recomendação das comissões de Economia e Cultura para que a Câmara crie um gabinete para apoiar estas lojas e um ‘site' para promoção dos seus artigos.
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