Agência LUSA
11 de out. de 2016
Designer de moda Nuno Baltazar adere ao movimento do "See now, buy now"
Agência LUSA
11 de out. de 2016
O designer de moda português Nuno Baltazar vai passar a apresentar as suas coleções na altura em que estas chegam às lojas, à semelhança de algumas marcas internacionais, deixando de o fazer meses antes.
“O último trimestre de 2016 e o primeiro de 2017 serão meses de mudança na minha marca. Mudanças na estratégia, na forma e calendário de apresentações e ainda na forma como se apresenta ao mercado. A mais importante dessas estratégias é o passar a apresentar as coleções em desfile em cima da estação”, explicou Nuno Baltazar, numa resposta enviada à agência Lusa, quando questionado sobre a ausência da marca no calendário do Portugal Fashion, divulgado na quinta-feira.
De acordo com o designer, há vários fatores que determinam esta opção.
“Por um lado, todo o lado comercial, e que é importante que se mantenha no calendário normal, é feito em feiras de vendas e agentes. Mas as apresentações em desfile servem principalmente para criar ‘buzz’ no consumidor final [passagem da mensagem entre consumidores]. Hoje em dia, com a quantidade de informação, com a rapidez com que tudo é exposto nas redes sociais e na imprensa, uma coleção esgota-se rapidamente logo após os desfiles”, referiu.
Por isso, acrescentou, quando a coleção chega às lojas, meses depois, “não só já foi copiada e posta à venda em lojas de grande distribuição, como as próprias clientes já não se lembram e todo o esforço da apresentação deixa de fazer sentido”.
Habitualmente, as coleções são apresentadas em desfile uma temporada antes de chegarem às lojas. Por exemplo, em setembro e outubro deste ano decorrem um pouco por todo o mundo semanas da moda durante as quais são apresentadas as coleções para a primavera/verão de 2017.
Recentemente surgiu o movimento ‘See Now/Buy Now’ (‘Veja Agora/Compre Agora’), que pressupõe que o intervalo entre os desfiles e a chegadas das coleções às lojas passa a ser mínimo ou até inexistente.
Entre as marcas internacionais que já aderiram a este movimento estão a Burberry e Tom Ford.
Para Nuno Baltazar, com a ‘adesão’ a este movimento “existe uma muito maior proximidade com as clientes e ao mesmo tempo a energia do desfile é aproveitada como real fonte potenciadora de vendas”.
Além disso, “cada vez mais faz menos sentido falar em estações”.
“Não só as alterações climáticas, mas também a enorme mudança de estilo de vida dos consumidores fazem com que durante todo o ano as marcas tenham necessidade de ter simultaneamente peças de verão e de inverno. Para mim, mais do que apresentar verão em março ou inverno em outubro, o que é mais importante é apresentar coleções de ‘ready to wear’ [pronto-a-vestir] como ‘ready to buy’ [‘pronto-a-comprar’]”, defendeu.
Nuno Baltazar considera que a moda, nomeadamente em Portugal, está de uma forma geral a passar por um momento de “crise de orientação, de necessidade de mudança”.
“Com os novos paradigmas de consumo, é vital para as marcas que se adaptem à velocidade e necessidade dos consumidores, mas também é responsabilidade dos criativos que esse entusiasmo com os desfiles se mantenha, mas esteja cada vez mais associado à possibilidade de compra imediata”, disse.
No caso da sua marca, as mudanças “passam também por uma abordagem ao comércio ‘online’ e desenvolvimento comercial da linha masculina e de complementos’.
Assim, 2017, ano em que Nuno Baltazar completa 20 anos de carreira e 18 anos de desfiles, “será um ano em que a marca se apresenta com um novo vigor, novos objetivos e frescura nesta sua maioridade”.
Copyright © 2024 Agência LUSA. Todos os direitos reservados.