Reuters
Helena OSORIO
31 de mar. de 2020
Designer espanhola veste últimas noivas, pela própria mão, para coronavírus não parar casamentos
Reuters
Helena OSORIO
31 de mar. de 2020
De máscara cirúrgica e luvas de látex, a designer espanhola de vestidos de noiva, Inma Garcia, corta à altura do cetim de marfim e rendas esvoaçantes, na sua fábrica em Barcelona, para finalizar a tempo da cerimónia, o vestido de noiva encomendado por um cliente mexicano.

A própria designer está a terminar o vestido porque os empregados estão de quarentena e a sua fábrica encontra-se fechada, desde 16 de março, depois de dois trabalhadores acusarem positivo no teste efectuado ao coronavírus COVID-19.
Espanha, um dos países mais atingidos pela pandemia, é o segundo maior exportador mundial de vestidos de noiva, depois da China. Uma grande parte da indústria está centrada na cidade mediterrânica de Barcelona.
"Estamos a tentar satisfazer as noivas que não adiaram os seus casamentos", diz Garcia, de pé, numa sala com rolos de rendas empilhados e de tecido bordado a lantejoulas. "Saímos de casa para confecionar este vestido e garantir que a noiva possa casar feliz."
O negócio de Garcia foi atingido em várias frentes - casamentos foram adiados, feiras comerciais onde faz a maior parte das vendas canceladas e cadeias de abastecimento de tecidos italianos finos que utiliza, foram paralisadas.
"Todas as nossas encomendas de tecidos estão em lista de espera. Não é só porque não temos trabalhadores, não temos nenhuma matéria-prima com que trabalhar", diz a designer. "Não estão a chegar novas encomendas de vestidos".
O súbito congelamento do negócio é emblemático, na paralisia que varre a economia espanhola, onde as pequenas empresas respondem por quase três quartos do mercado de trabalho.
O governo, como muitos em todo o mundo, anunciou um pacote multi-bilionário de medidas para ajudar a economia a resistir ao surto, como a oferta de empréstimos estatais às empresas e o pagamento de benefícios aos empregados assalariados.
Mas, as pequenas empresas de todo o país estão a lutar numa escala de crise sem precedentes.

A Valmont Barcelona Bridal Fashion Week é um dos maiores eventos do calendário da indústria de casamentos, trazendo centenas de compradores e marcas de todo o mundo para comprar e vender. Mas, a data de abril foi adiada para junho.
"É onde fazemos a maior parte das nossas vendas durante todo o ano", diz Inma Garcia, ao lado de um cabide de vestidos brancos embrulhados em plástico, enfeitados com diamantes e renda.
"Estamos a manter as nossas expectativas baixas, sobre se o evento acontecerá em junho, porque os países estão totalmente fechados e paralizados."
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