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Portugal Textil
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8 de jul. de 2022
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Designers aperfeiçoam a arte de vender

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Portugal Textil
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8 de jul. de 2022

Com um foco no online, mas não só, designers nacionais como Carolina Sobral, Marcelo Almiscarado, Susana Bettencourt e Estelita Mendonça têm investido em múltiplos canais de venda, das lojas próprias, físicas ou virtuais, às multimarcas, passando por showrooms e redes sociais.


Carolina Sobral


Com as possibilidades abertas pela digitalização, muitos são os criadores de moda que têm combinado a distribuição em lojas físicas com o potencial das vendas online. É o caso de Carolina Sobral. A designer, que fez o seu segundo desfile na passerelle principal do Portugal Fashion, depois de ter passado pela plataforma Bloom, está representada na Scar-ID, no Porto, mas tem igualmente «o site e o meu Instagram» para contactar diretamente com as suas clientes, «mulheres que gostem de peças soltas e muito confortáveis», explica ao Jornal Têxtil.

O jovem Marcelo Almiscarado, por seu lado, não tem website, tendo optado por presenças em formatos diferentes. «Já estive em algumas lojas pop-up, em alguns showrooms nacionais e internacionais, e já vendi em ambos, em Portugal e fora, mas não tenho interesse em produzir em grande escala e na industrialidade», confessa.

Já Susana Bettencourt decidiu abrir uma loja própria em Guimarães, que além de mais um contacto direto com o público, é também um foco de novidades, já que, como revela a criadora de moda, «para essa loja nova vamos desenvolver muitos produtos diferentes».

O ponto de venda será um complemento ao comércio eletrónico – que está disponível tanto para o consumidor final como na versão B2B –, através do qual a marca tem vindo a crescer, nomeadamente nos mercados internacionais. Com a pandemia, «a nível de negócio tivemos que ter uma grande adaptabilidade», reconhece Susana Bettencourt, que admite que as contrariedades resultantes do covid-19 «fizeram-nos crescer, talvez também porque já me apanhou numa maturidade e numa calma diferente – se calhar, se fosse há alguns anos não ia aguentar tão bem, mas agora já tenho as coisas organizadas». As restrições confirmaram ainda que o formato digital «poderia ser uma grande aposta», pelo que «estamos a investir imenso no nosso website, no rebranding da marca», adianta.

O mercado português, «que obviamente tem sido muito generoso connosco», como menciona, representa 25% das vendas da Susana Bettencourt. «Através do website estamos a ganhar a América, o Canadá e o Norte da Europa e isso tem sido mesmo muito positivo para nós», garante.


Susana Bettencourt


O canal online poderá mesmo substituir, no futuro, as presenças físicas da marca de moda de autor em certames internacionais. «Como estamos em showrooms digitais, estou a estudar se realmente existe a necessidade das viagens ou se continuo com o showroom e com os agentes digitais», esclarece a designer.

Entre o físico e o online

Também Estelita Mendonça combina os dois canais, mas de uma forma diferente. Em vez de uma loja própria, o criador de moda juntou-se a outros colegas de profissão num ponto de venda nas galerias do quarteirão de museus World of Wine (WOW), em Vila Nova de Gaia, que abriu em plena pandemia. «É um projeto para o qual a Pé de Chumbo [a marca da designer Alexandra Oliveira] foi convidada, mas há um budget associado à abertura de uma loja no WOW que nenhum de nós queria ter. A Alexandra recebeu o convite, achou interessante, mas o budget demasiado elevado e então fizemos uma parceria entre 10 designers – alguns da velha guarda e outros da nova guarda – que deu uma loja que, acho eu, está muito interessante», afirma.

A DOP, sigla de Designers of Portugal, foi inaugurada nos últimos dias de julho de 2021, junto ao Museu da Moda e dos Têxteis, e reúne criações de Anabela Baldaque, Carla Pontes, Daniela Barros, Estelita Mendonça, Gonçalo Peixoto, Katty Xiomara, Luís Buchinho, Ricardo Andrez, Susana Bettencourt e da Pé de Chumbo.

«Abriu num momento em que não havia pessoas a sair de casa. É sempre estranho, mas tem sido gratificante e, de alguma forma, estamos a vender mais. Portanto, quer dizer que estamos a ir por um bom caminho», acredita Estelita Mendonça, para quem a loja representa atualmente cerca de 10% das vendas. «Significa um bom volume de vendas», acrescenta.

Apesar de não ter, diretamente, vendas digitais, o designer afiança que muitos compradores acabam por encontrar o seu trabalho online e fazer o primeiro contacto também por essa via. «Apesar de termos feito feiras, temos percebido que há uma procura interessante de stockists pelo site. Não vão à feira por causa do covid, mas encontram-nos online e depois encaminhamo-los para a nossa representante de vendas. É interessante», conclui Estelita Mendonça.

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