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5 de jan. de 2022
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Designers de Viana do Castelo criam joias em celulose bacteriana e prata reciclada

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Agência LUSA
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5 de jan. de 2022

As designers Lia Gonçalves e Sílvia Araújo, de Viana do Castelo, criaram a uma coleção de joias que “misturam, pela primeira vez”, a prata reciclada, obtida através do reaproveitamento de peças usadas, e celulose bacteriana, divulgou hoje uma das criadoras.


Brincos da coleção Ensaio, que mistura prata reciclada, obtida através do reaproveitamento de peças usadas, e celulose bacteriana - Fotografia: Facebook Lia Gonçalves


“São as primeiras joias no mercado da joalharia portuguesa que juntam a prata reciclada, obtida através do reaproveitamento de peças usadas, e celulose bacteriana, um polímero natural, biodegradável e renovável, que pode ser produzido e otimizado em laboratório para diferentes aplicações”, explicou hoje à agência Lusa, Lia Gonçalves.

A designer de joias, natural da freguesia de Vila de Punhe, em Viana do Castelo, acrescentou que “a celulose bacteriana, uma alternativa à utilização de couro, pode ser produzida e otimizada em laboratório para diferentes aplicações, desde a moda aos cosméticos, passando pelo setor alimentar e até na medicina”.

“A junção destes dois materiais na criação de peças de joalharia é pioneira”, afirmou, referindo-se à coleção Ensaio, que concebeu com Sílvia Araújo, ‘designer’ e investigadora na área da moda.

Para as autoras, a coleção Ensaio pretende “sensibilizar para a emergência da ação climática e da moda sustentável, através da adoção de conceitos de produção e materiais mais sustentáveis”.

O objetivo, revelam, é lançar o repto de que “no design, como na natureza, nada se perde, tudo pode ser transformado”.

Sílvia Araújo, natural da freguesia de Cardielos, a finalizar um doutoramento em torno da aplicabilidade da celulose bacteriana ao design de moda, é a responsável pela produção daquele material que Lia Gonçalves junta à prata reciclada para criar os colares, anéis ou outras joias de autor.

“Neste caso, o que acontece é que a celulose bacteriana é usada como complemento estético, mas, devido às suas características, acaba por se degradar naturalmente com o uso da joia. Esta dimensão é imprevisível e permite que a peça adquira novos desenhos à medida que é manuseada, mantendo sempre a função para a qual foi criada. É um processo de cocriação”, destacou Lia Gonçalves.

As peças produzidas na Oficina, o ateliê em Viana do Castelo partilhado pelas autoras, estão no mercado desde novembro.

A “abordagem contemporânea à joalharia de autor” concebida com estes materiais tem tido, segundo Lia Gonçalves, um feedback positivo por parte dos consumidores.

A linha exclusiva de joalharia sustentável que as duas designers criaram pode ser vistas no Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT), em Lisboa.

A dupla de criadoras concorreu com a coleção Ensaio e viu o seu trabalho selecionado para a segunda edição da mostra “Portuguese Jewellery X MAAT: Rethink. React. Reshape”, uma parceria entre a Associação Portuguesa de Ourivesaria e Relojoaria (AORP) e o MAAT que tem como objetivo "mobilizar para novas práticas de sustentabilidade na produção e consumo, de forma a reduzir o desperdício e o impacto da indústria no meio ambiente".

As peças em celulose bacteriana e prata reciclada figuram entre os trabalhos de seis jovens criadores de joalharia portuguesa, que vão permanecer expostas no MAAT durante um ano, onde têm também venda exclusiva.

ABC//LIL (Lusa)

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