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Dia 2 da NYFW: Anna Sui, Heron Preston e Sergio Hudson
Um trio de desfiles consecutivos, na noite de sábado (11 de fevereiro), sublinhou o renascimento da moda americana, desde a reunião íntima da veterana Anna Sui, ao show chique de rua de Heron Preston, até ao glamour bravissímo dos anos 90 de Sergio Hudson. A New York Fashion Week (NYFW) parece, de repente, e novamente super relevante.
Anna Sui: Peppermint Twist, renascença raciocinante
A pandemia tem feito maravilhas aos sucos criativos de Anna Sui que fez alguns dos seus melhores vídeos de coleção no encerramento. Este fim-de-semana, Sui encenou um grande desfile num barzinho de East Village para apenas 80 pessoas e foi muito Sui no seu melhor – roupas hipster brilhantes e alegres capturando a insolência da juventude.
A sua inspiração veio de fotografias de Baby Jane Holzer, a super estrela de Andy Warhol, a dançar no Peppermint Lounge, o clube do centro da cidade que deu origem à loucura da dança Twist nos anos 60.
O elenco de Sui entrou a dançar num pequeno palco antes de percorrer o bar em grandes vestidos metálicos de couro falso, camisolas, saias e gabardinas de discoteca – todos combinados com collants de malha com lantejoulas e botas a condizer.
Boleros de pele falsa; casacos de lã chenille; casacos e pullovers trevo; ou parkas camufladas, todos wit and kick. Feito numa paleta Pop Art de pastilha elástica, rosa quente, rosa, flor de milho e, claro, muita hortelã-pimenta. Pense na neta de Coco Chanel a fugir de França para after-hours no eclético bairro Lower East Side.
Apenas 26 looks, e um pequeno elenco onde vários modelos fizeram três mudanças de figurino. Cima das aparências das estrelas veteranas das passerelles Sasha Pivovarova e Jessica Stam em dois cocktails sensacionais. Pivovarova a arder num vestido de lantejoulas de pele de cobra com inserções de renda usado com meias-calças a combinar; e Stam possuindo o clube num vestido de lantejoulas rosa com soutien de renda exterior.
"Eu queria vestidos pequenos para dançar", disse Sui, que relembrou no seu programa a alegria adolescente de usar a combinação de renda preta da mãe com um falso casaco de leopardo para capturar o estado de espírito de Elizabeth Taylor quando ganhou o seu primeiro Óscar em Butterfield 8.
O resultado foi um momento de moda memorável, intitulado "Heaven Can Wait", abençoado por uma grande banda sonora, por cortesia da sobrinha Isabelle Sui – um mashup de faixas como Patty & The Emblems, The Cramps e The Ramones.
Repleto de parentes e amigos como Marc Jacobs, Sofia Coppola, Michelle Hicks e Karen Elson, o espaço entrou em alvoroço quando Anna Sui recebeu aplausos com a sua vénia. É muito bom ver Sui voltar a fazer o que faz de melhor – criar glamour de estrela de rock com uma reviravolta cool.
Heron Preston: regras de sustentabilidade das ruas
Numa estação marcada pela inclusividade nada sublinhou a gama de florescimento de talentos entre os designers afro mais do que dois desfiles noturnos, primeiro por Heron Preston, seguindo-se ao fundo do bloco por Sergio Hudson.
Originalmente fotógrafo e DJ, Preston tornou-se um importante criador, cujo sentido do atual zeitgeist, abraço da sua comunidade e compromisso com a sustentabilidade só pode ser admirado.
Quatro trabalhadores em gilets laranja abriram o desfile marchando pelo espaço em bruto e desenhando marcas de rua com pequenos rolos de tinta. Linhas que os modelos seguiram depois com precisão. Antes de uma amazona loira desfilar numa meia de chiffon amarrada.
Mas a maior habilidade de Heron é a mistura de equipamento atlético com roupa de clube – como o seu vestido assimétrico cortado em viés, encimado por coletes e usado com luvas de couro de comprimento pelo cotovelo.
A sua melhor aparência para as jovens foi uma grande combinação de saia enviesada, bolero grande e nervurado, e calçado de salto alto com espinhos. Juntamente com vestidos de malha técnica gráfica muito cool com banda desenhada do seu logótipo; puffers com estampado manchado; ou tops em forma de soutien de ganga de retalhos.
Para os jovens, casacos brancos de basebol com braços de couro preto, as suas costas estampadas com demónios cómicos; camisas brancas nítidas com gráficos de seta; ou casacos de bombeiro artisticamente decadentes com grandes fivelas.
Preston também segue o caminho quando se trata do meio ambiente. Os seus convites eram pedaços de papelão coletados do lixo em Chinatown e no Brooklyn. A sua grande inspiração foi a própria cidade, pois elementos de cota de malha sugeriam cercas de canteiros de obras.
“Eu queria incorporar objetos encontrados na coleção. Embora eu quisesse manter esse espaço o mais mínimo possível, as linhas de utilidade foram as direções para a passerelle ”, explicou Preston, que cobriu os tornozelos, pulsos e pescoço com falso arame farpado preto para ajudar a criar um clima que era animado, inteligente e descontraído, criativo e bastante comercial.
Solicitado para definir o seu DNA, respondeu nos bastidores: “Algumas camadas, entendendo cores e texturas; compreensão da comunidade e conexão com ela; conectando mundos diferentes”.
Depois de mostrar em Paris, o primeiro desfile do designer nascido em São Francisco regressando a Nova Iorque foi encenado dentro de um departamento de saneamento. Reciclagem e sustentabilidade continuam a ser a chave para Preston.
“Temos um programa de raios eletrónicos que analisa os materiais e todo o ciclo de vida de uma peça de roupa, a sua cadeia de abastecimento e fábricas de verificação. Os nossos sneakers são feitos de filme celular (um tipo de poliuretano) permitindo que sejam totalmente reciclados. Sem cola e sem pontos. Então, quando se quiser um novo par de sapatos, é possível desmontá-lo e fazer um par de ténis totalmente novo”, enfatizou.
Para o vídeo do desfile, o designer queria incluir a perspetiva da passerelle, então recorreu a uma câmara de vídeo a vaguear pela passerelle durante o tempo todo. Dando uma sensação de agitprop a um show e a uma coleção impressionantes.
Sergio Hudson: Natty e os novos anos 90
Poucos designers em qualquer lugar praticam o glamour sexy melhor do que Sergio Hudson, especialmente com uma nuance dos anos 90 como aconteceu esta temporada.
Neste fim de semana, a sua coleção para a estação de outono-inverno 2023 continha várias referências a Versace, embora sempre com um viés de Sergio. Para aqueles de nós que teve a sorte de assistir aos épicos desfiles de alta costura de Gianni na piscina do Ritz, os fatos de corte impecável de Hudson, mini boleros elegantes, calças largas e saias lápis lembravam o mestre italiano. Assim como a paleta de cores – limão, laranja, rosa e amarelo canário – os penteados de Barbarella e até a banda sonora.
Em nenhuma das quatro grandes capitais da moda a música é tão importante quanto em Nova Iorque. Com destaque, neste show, para a pista dançante de nomes como CeCe Peniston, Inner City e Robin S.
“É sempre um momento dos anos 90 na minha casa”, brincou Hudson nos bastidores, após ser abraçado pelo seu elenco encantado.
Vestidos com quatro bolsos; casacos atrevidos de Eisenhower e quase nenhum cocktail em camadas de malha tinham um ótimo toque especial. O seu elenco, incluindo a veterana super Veronica Webb, claramente adorou os seus looks, pisando e desfilando pela passerelle dentro do Spring Studios em Tribeca, o principal local da temporada.
Com os principais compradores sentados na primeira fila, captando felizes a coleção com os seus iPhones, Hudson enviou muitos vencedores comerciais, especialmente em jeans – de vestidos de camisa plissados a fatos elegantes.
A passerelle atual foi composta por uma grande imagem de grafite do célebre pintor Jason Naylor, desenhos usados em estampas de Naylor habilmente bordadas e embelezadas vistas em minissaias e vestidos.
“Todo o mundo está a prever tempos difíceis, então eu queria alegria e felicidade. Vamos comemorar, vamos ser felizes, ainda estamos vivos!” disse o barbudo Hudson, que fez a sua reverência no próprio casaco bouclé de lã em púrpura imperial romano.
O caminho de Hudson para o estrelato da moda em Nova Iorque não foi fácil. “Criado na igreja” na Carolina do Sul, descobriu a moda através de revistas antes de estudar o métier no Bauder College. Passando a vestir Michelle Obama e Kamala Harris na posse presidencial de 2021.
Por sua vergonha, a moda ficou para trás de outras indústrias criativas, como a música e o cinema, quando se trata de capacitar pessoas afro. Isso está finalmente a começar a mudar.
Também foi um fim de semana em que a TV e as redes sociais foram dominadas pela preparação para o primeiro Super Bowl para testemunhar dois defesa central afro opostos. Então, testemunhar essas duas performances dinâmicas de designers afro amplamente díspares fez com que esse momento parecesse muito importante.
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