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Dia 4 da NYFW: Carolina Herrera e Palomo Spain
Um dia de influência hispânica em Nova Iorque com dois desfiles ousados de Carolina Herrera e Palomo Espanha, subjacentes a uma imensa disparidade de visão, no âmbito da New York Fashion Week (NYFW).
Carolina Herrera: Imperatriz Sissi na Quinta Avenida
Para esta estação da Carolina Herrera, o diretor criativo Wes Gordon inspirou-se em Sissi, a imperatriz da Áustria e Hungria, uma bela e trágica figura histórica cuja vida já estimulou muitos designers anteriormente.
Não que houvesse algo de errado em seguir um caminho já percorrido por personalidades como Karl Lagerfeld, especialmente porque Gordon teceu habilmente múltiplos elementos aristocráticos na sua coleção de classe.
Uma coleção imperial, apresentada no salão de baile do Plaza Hotel, criada para capturar a mistura de disciplina e grandiosidade, pela qual Sissi era famosa.
Globalmente conhecida pelo seu apelido original Sisi, grafado como Sissi na trilogia de filmes do diretor Ernst Marischka, nasceu na Alemanha e passou a juventude na Áustria rural, antes de se tornar imperatriz por casamento com o imperador Francisco José I, com apenas 16 anos, onde foi forçada a viver com a formalidade rigorosa da corte em Viena. Um regime não muito diferente da austera hierarquia social do século passado no Upper East Side. Se duvida, leia os romances de Edith Wharton.
Dito isto, felizmente não havia nada de literal na abordagem de Wes Gordon. Apresentou vestidos calico completados com capas de casacos bolero, unidos a rosas de tecido florido. Ou, idealmente, vestidos de seda brancos e pretos, terminados com caudas – um look perfeito para um grande baile. Wes evocou também a indulgência barroca dos Habsburg com com fatos e vestidos bouffant incrustados de cristais Swarovski.
Com efeito, com o desaparecimento de Oscar de la Renta do calendário da NYFW, a maison de Carolina Herrera tornou-se a marca de facto para senhoras em busca de uma moda com equilíbrio e polimento.
Wes Gordon sonhou com maravilhosas estampas florais de Photoshop, vistas em grandes vestidos com decotes retrato; vestidos cocktail curvilíneos; calças e blusas de seda.
Antes de entrar subitamente em overdrive com estupendas misturas de tules, vestidos em camadas de amarelo canário ou preto e branco. Condizente com Sisi, a paleta de cores apresentou tonalidades de joia viva – púrpura imperial de Roma, macaroon dourado e verde esmeralda.
O tema da recente série alemã de sucesso da Netflix, "The Empress" (2022), Sisi, uma princesa romântica da Baviera, pertencente à Casa de Wittelsbach, que casou com o Imperador Francisco José I quando tinha apenas 16 anos, em 1854, tornando-se imperatriz consorte da Áustria e rainha consorte da Hungria, Croácia e Boémia. E a grandiosidade dos Habsburg de Viena foi recordada em sumptuosos vestidos e casacos de veludo preto e tafetá, dourados em bordado a fio de ouro.
Nas suas notas de programa, Gordon disse que o seu objetivo foi transformar a mulher Carolina Herrera "numa Imperatriz moderna nesta estação, celebrando sua apreciação descarada da beleza e do glamour, como Sisi séculos antes".
Esperemos que levem uma vida menos trágica do que a de Sissi, que acabou por se tornar viajante, após a morte do príncipe herdeiro (seu único filho varão) e da amante Maria Vetsera, num homicídio-suicídio na sua cabana de caça em Mayerling em 1889. Sisi frequentou a ilha portuguesa da Madeira e construiu um palácio na ilha grega de Corfu que lhe serviu de refúgio, acabando por ser esfaqueada até à morte por um anarquista italiano nas margens do Lago de Genebra quando tinha 60 anos.
Palomo Spain: come o teu coração Ron DeSantis
Os transexuais estão sob ataque constante na América de hoje. Oito estados introduziram leis que proíbem os shows de "drag". Na Florida, a lei "Don't Say Gay" do governador Ron DeSantis impede os professores de falarem sequer sobre questões ou direitos LGBTQ.
Foi por isso que o último desfile de Palomo Spain, onde os jovens experimentam as roupas da mãe, parecia poderosamente presciente. Embora não tenha sido concebido com um objetivo político em mente, foi uma declaração eloquente do designer espanhol Alejandro Gómez Palomo.
Apresentado numa galeria de arte do Chelsea e acompanhado por um trio tocando alaúdes e guitarras medievais, resultou num show delicado, maluco, complicado e provocante.
Os jovens circulavam pelo espaço em cuecas de seda inchadas, capotes de bebé, blusas de algodão enrugado, vestidos de jacquard e camisas de algodão da mãe usadas como longas caudas debaixo de casacos bomber.
"Voltar ao guarda-roupa da minha mãe ou fazer um vestido a partir de um lençol. Trata-se daquele momento puro em que ainda se está inocente a respeito da moda e sem preconceitos sobre o género", explicou Palomo após o desfile.
A excentricidade dominou durante todo o desfile, tais como casacos de ganga e calças feitas de lantejoulas, tops com penas ou membros do elenco com orelhas de coelho. Além disso, Alejandro Palomo adora casacos gigantes, quer sejam roupões de terylene rosa para o tapete vermelho ou grandes casacos de pele de urso tipo Yeti usados com botas a condizer num manequim que ostenta um body de algodão com nervuras. Alejandro inventou até um novo chapéu feito de algodão de riscas acolchoado.
Nem tudo é tão rebuscado, uma vez que o designer nascido em Córdoba também criou puffers de cetim, casacos com golas grandes ou gabardinas com volumes gigantescos. Apresentou também o seu mais recente modelo de sneakers, um sapato com atacadores grossos ou correias em verde lima ou rosa, como parte de uma parceria contínua com a Puma. E algumas grandes botas e sapatos novos de couro com acabamento com tiras de couro enroladas.
"As minhas roupas são realmente sobre liberdade e sobre viver num mundo onde podemos ser o que quisermos ser. Não há violência nestas roupas", acrescentou.
Ao contrário do que está a acontecer na política americana de hoje.
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