EFE
Novello Dariella
24 de jan. de 2023
Dior presta homenagem a Josephine Baker em desfile de alta costura
EFE
Novello Dariella
24 de jan. de 2023
A bailarina e cantora franco-americana Josephine Baker (nome artístico de Freda Josephine McDonald) foi, simbolicamente, a estrela convidada do desfile de alta costura da Christian Dior, que homenageou com a sua coleção uma das figuras mais icónicas da Paris dos anos 1920.
Numa linha carregada de tons de bege e preto, em silhuetas fluidas e retilíneas de vestidos com franjas, palhetas, seda e veludo, a diretora criativa da Dior, Maria Grazia Chiuri, mostrou que a recuperação de figuras femininas icónicas permanece como sendo o foco de sua atuação na empresa.
A cantora afro-americana naturalizada francesa em 1937, que encarnou a modernidade, tornando-se um ícone do glamour da cosmopolita Paris dos anos 1920 e 1930, também entrou no desfile, uma influência reconhecida nos penteados das modelos, que imitavam os seus cabelos curtos, penteados com gel e com os cachos a marcarem a franja.
Um penteado tão icónico quanto o seu sorriso e os seus vestidos particulares, com os quais passou para a posteridade e agora volta a definir as tendências da coleção de Alta Costura para a estação de primavera-verão 2023/2024, no âmbito da Paris Fashion Week.
Em 2021, a cantora, que morreu em Paris em 1975, também se tornou a primeira mulher afro a entrar no Panteão, destinado a homenagear as grandes figuras da história francesa.
Com este desfile, a Dior recorda a figura sonhadora e o exemplo de Baker, mas também a sua energia, com vestidos bem pensados para dançar. Os casacos protegem-na do caminho do camarim ao palco.
Os vestidos de veludo são um tecido macio que cai sobre a modelo e marca o decote nas costas e no peito com um drapeado simples, e o cetim e os bordados tornam-se as estrelas da noite.
O bege e preto foram as cores da coleção, com alguns degradés em dourado e prateado nas franjas dos vestidos.
Silhuetas fluidas e cores neutras
As silhuetas mais apreciadas pelo fundador da empresa, Christian Dior, foram revisitadas: o vestido "new look" transformou-se num conjunto com camisa em espécie de tecido metálico, tipo mesh, com cair marcado e transparências.
Os fatos de alfaiataria também foram reinterpretados, desta vez em tecidos mais masculinos e com a calça cortada pela altura do tornozelo a fim de expor o salto do calçado, com sola imponente.
A decoração ficou a cargo da artista afro-americana Mickalene Thomas, com quem Chiuri já trabalhou na decoração da coleção Cruise 2020, apresentada em Marrocos.
Thomas explora a celebridade e a feminilidade questionando os cânones predominantes da História da Arte, especialmente através de "colagens" de pintura e fotografia.
Hoje, a nave instalada pela Dior nos jardins do Museu Rodin em Paris foi decorada internamente com gigantescas "colagens" bordadas à mão pelos ateliers Chanakya e Escola de Artesanato Chanakya, e que refletiam as fotografias de mulheres que quebraram barreiras e preconceitos raciais.
Entre elas figurava Baker, mas também a primeira mulher afro-americana a ser indicada ao Oscar, Dorothy Dandridge, a cantora Nina Simone, as "top models" Naomi Sims e Donyale Luna, entre outras.
"Estas mulheres quebraram muitas barreiras nos campos da televisão, cinema, moda e ativismo social. Graças à sua determinação e sacrifícios, posso fazer o trabalho que hoje realizo e ser a artista que sou", disse Mickalene Thomas em comunicado.
Entre os convidados do desfile estavam o tenista Roger Federer, as atrizes Kirsten Dunst e Anya Taylor-Joy, e a cantora Jisoo.
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