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Estela Ataíde
Publicado em
26 de fev. de 2018
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Dolce & Gabbana: um toque religioso

Traduzido por
Estela Ataíde
Publicado em
26 de fev. de 2018

Ainda não perceberam que dourado e prateado são a grande tendência? E que a religião é o novo ópio dos fashionistas? Pelo menos foi esse o caso no último desfile da Dolce & Gabbana.


Dolce & Gabbana - Instagram

 
Batizado ‘Fashion Devotion’, o desfile de domingo à tarde da dupla de estilistas encheu a passarela com vestuário religioso que lembrava santos, cupidos, bispos e freiras.
 
Grandes acessórios em ouro estiveram sempre presentes num desfile que, num golpe de génio, começou com meia dúzia de drones a transportar as novas carteiras e clutches da nova linha Devotion até à passarela.  

E então apareceu a primeira modelo: uma freira atrevida vestida em preto e branco, com uma mantilha de renda sobre o cabelo e uma parte de cima onde se lia ‘Fashion Sinner D&G’. Seguiu-se uma parka de esqui digna de um cardeal Borghese, um fato de snowboard com lantejoulas e cupidos prateados ou santos medievais num mosaico digno de Ravenna, e uma vistosa modelo vestida para uma festa après-ski com um chapéu papal cerimonial de três camadas. Várias modelos desfilaram com coroas papais douradas convertidas em carteiras. Num notável casaco de pele de carneiro lia-se a palavra ‘Amore’ no colarinho e viam-se painéis de anjos a carregar um coração em direção ao céu.
 
Raras as vezes o espiritual foi tão misturado com o sedutor. Além disso, Domenico e Stefano divertiram-se imenso com os acessórios, como um conjunto de saltos altos extravagantes, ora em vitrais, ora estátuas em miniatura dos dois designers. Uma carteira até parecia um órgão de igreja em estilo rococó.

O desfile, programado para as 14h, atrasou-se bastante. Depois de uma hora a ouvirem cantos gregorianos, os fotógrafos começaram a gritar, pedindo que o desfile começasse. O atraso foi tal que, às 14h40, Anna Wintour levantou-se do seu lugar e, depois de um funcionário lhe implorar que não fosse embora, ficou de pé junto à porta a olhar para o relógio. Cinco minutos depois, o desfile finalmente começou. No entanto, quando o relógio assinalou as 15h, já Anna havia saído sem esperar o final do desfile.
 
Na noite anterior, num espetáculo épico no Martini, o bar/restaurante/loja privada/casa de alta costura da dupla mais enérgica de Milão - Dolce & Gabbana - o material-chave foi a prata, e não o ouro. Prata e diamantes, para ser exato. Na verdade, o seu desenfreado desfile de sábado à noite foi batizado ‘Secrets & Diamonds’. Editores, compradores, clientes e fãs sentaram-se em poltronas a beber martinis enquanto o elenco desfilava.

Este foi um evento completamente furtivo, fora da programação oficial, com um estilo muito Hollywood e glamouroso, apresentado por modelos de classe alta como Eleonore von Habsburg, Emma Weymouth, Sabrina Percy e Gabriella Beardsworth, uma das novas It Girls 2017 da revista Tatler. Ou Lady Kitty Spencer, sobrinha da princesa Diana, que irradiava classe num vestido de chiffon azul claro, impresso com pequenos cupidos.

O público aplaudiu cada look que apareceu neste último desfile “Secret”. E a banda sonora foi bem escolhida: Marilyn Monroe a cantar Diamonds are a Girls Best Friend, Diamonds, de Rihanna, e a música do filme Cabaret, Money Makes the World go Round.
 
Não são exatamente as intenções mais devotas do mundo, mas mostra como Dolce & Gabbana conseguem sempre juntar coisas que parecem incompatíveis.

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