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Estela Ataíde
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23 de dez. de 2019
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Emanuel Ungaro morre em Paris aos 86 anos

Traduzido por
Estela Ataíde
Publicado em
23 de dez. de 2019

Foi um grande nome da época de ouro de Paris durante os anos 80 que partiu. O couturier francês de origem italiana Emanuel Ungaro morreu no sábado em Paris aos 86 anos, soube-se no domingo pela sua família.


Emanuel Ungaro em 1999 - AFP


Ungaro fez a sua formação com Balenciaga antes de abrir a sua própria casa de moda em Paris em 1965, definindo-se como "um obcecado sensual" com um estilo colorido.
 
"Não se deve vestir um vestido, é preciso morar nele", disse o couturier, que considerava o seu trabalho uma arte e deixou o mundo da moda em 2004.

Na Ungaro, "a sensualidade está por toda a parte", escreve a sua amiga, a escritora Christine Orban, numa curta biografia que lhe dedicou. "Uma simples camisola, pela suavidade do seu material, exige uma carícia; um vestido é cortado para se mover, acompanhar o corpo nos seus movimentos, mostrar e dissimular: porque ama as mulheres, Emanuel conhece os limites da tolerância masculina e criará uma roupa boa demais para ser arrancada, mas inteligente o suficiente para sugerir que seja tirada com ternura."
 
Segundo de seis filhos de uma família de imigrantes italianos, Emanuel Ungaro, nascido a 13 de fevereiro de 1933, poderia contentar-se em seguir os passos do seu pai, um alfaiate em Aix-en-Provence. O jovem moreno, cheio de energia, começou a costurar com ele, mas rapidamente trocou a sua cidade natal por Paris.

Chega à capital francesa em 1956, com apenas 23 anos. É lá que conhece o único mestre que reconhece: o couturier espanhol Cristobal Balenciaga, que pratica a couture como uma ética, constrói as suas roupas com a exigência de um arquiteto em busca de linhas cada vez mais puras.
 
Emanuel Ungaro dirá mais tarde que aprendeu o essencial com o pai e com Balenciaga.
 
Trabalha seis anos com o couturier espanhol, passa um ano na Courrèges e lança-se: em 1965, auxiliado por alguns trabalhadores, abre a sua própria maison na avenida Mac-Mahon, no XVII arrondissement de Paris.
 
Viciado em trabalho, cria ferozmente, sobrepondo materiais, estampados por vezes dissonantes, drapeando a seda em cores vivas diretamente nos manequins. As suas misturas de flores e bolinhas, riscas e quadrados, muitas vezes em cores vivas, abre novos horizontes na Alta Costura.

Foi em 2004 que o criador anunciou a sua saída da moda, alguns anos após ter vendido a sua maison ao grupo italiano Ferragamo.
 
A marca é então vendida novamente, após a sua partida. Pertence, assim, desde 2005 à Aimz Acquisition, o fundo de investimento do empresário paquistanês-americano Asim Abdullah, e passou por várias tentativas sucessivas de recuperação, nomeadamente com o pronto-a-vestir para mulher, que voltou a desfilar em 2017, ou no próximo ano através de um novo parceiro para a moda masculina.

O ministro francês da cultura, Franck Riester, elogiou-o no Twitter, definindo-o como "um grande couturier”. “O seu nome será sempre associado a uma certa forma de liberdade e ousadia. A moda deve-lhe muito."
 
"Adeus a Emmanuel Ungaro, que marcou o mundo da moda com o seu estilo composto por drapeados, nuances e estampados vivos", twittou por seu lado Claude Montana, figura da moda dos anos 80.
 
A Fédération de la Haute Couture et de la Mode elogiou o criador que "marcou a Alta Costura com o seu grande talento" e "uma personalidade generosa e empenhada", que tinha "a preocupação de combinar constantemente criação e savoir-faire".

O Instituto Francês da Moda, por sua vez, reproduziu na rede social algumas citações de uma intervenção de Emanuel Ungaro em 2008: "A moda é acima de tudo uma arte, a busca por estilo e um vocabulário individual". Ou ainda: "O meu trabalho é o de “couturier”, quero essa expressão, e não "criador", "designer" ou o que for, somos couturiers, devemos reivindicar esse termo."
 
(A redação com a AFP)

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