Dominique Muret
21 de out. de 2016
Entre Dior e Valentino, um pequeno ar de 'déjà vu'…
Dominique Muret
21 de out. de 2016
A Fashion Week de Paris já está longe com seu lote de polémicas e de surpresas. Na hora dos balanços, duas coleções para a primavera-verão 2017 merecem que as retomemos, para refletir.
Aquelas da Dior e da Valentino, que marcaram um ponto alto da Semana de Moda com, de um lado, a chegada à direção da Maison parisiense de Maria Grazia Chiuri e, de outro, a tomada das atividades solo da grife romana por Pierpaolo Piccioli.
Os dois designers, que se conheceram na Fendi depois dos seus estudos, trabalhavam até pouco tempo de mãos dadas na Valentino, onde haviam entrado em 1999 e se revezavam na direção criativa dos acessórios, depois, no fim de 2008, na direção também de todas as linhas de vestuário.
Pela primeira vez esta temporada, o duo se separou depois de uma longa vida profissional comum. O suficiente para despertar várias interrogações sobre a nova identidade da Valentino com sua direção artística amputada e sobre o futuro da Dior, pós período Raf Simons.
Vale destacar de perto as duas coleções, a alma da Valentino que parece ter prevalecido com sua silhueta, cores e materiais bastantes semelhantes de uma parte e de outra. Elementos típicos da casa de costura romana.
Na verdade, podemos ver nas duas coleções os mesmos vestidos fluídos e românticos com um 'twist rock', que fizeram o sucesso da Valentino nesses últimos anos. As mesmas tonalidades (preto, rosa claro, branco e vermelho) dominam, ao passo que a seda, o tule, o couro, os bordados e as transparências são apresentadas de maneira igual nos dois tablados.
Por fim: um Dior bem Valentino rock e um Valentino um pouco mais austero. Alguns 'looks' em especial são muito semelhantes, como este vestido longo de tule pontuado de pontos pretos na Dior e de minúsculas andorinhas pretas na Valentino.
Outro conjunto de tule, esta vez preto, apresenta as mesmas caraterísticas tanto numa como na outra, deixando claro o bustiê desenhado na transparência, com a mesma gola arredondada e as decorações bordadas.
Em outro ponto, são as mesmas linhas de folhos de tule que vemos aplicadas da mesma maneira e quase na mesma altura em um vestido reto preto na Dior e na Valentino, ou ainda o mesmo tipo de corpete escuro com seu jogo de bordado.
Os dois estilos oferecem em sua coleção também um top sem alças de couro preto.
Decerto, transparência e roupas interiores eram as grandes tendências desta temporada e similitudes são normais de uma estação para a outra. Mas trata-se de um 'savoir-faire' idêntico, uma mesma mão, que transparecia aqui e ali.
Assim, um vestido de noite com alças finas, que se apresenta com o mesmo decote, deixa em evidência o busto e cai da mesma maneira na Dior e na Valentino. Nos dois casos, ele oferece bordados fantasia. Única diferença, os motivos escolhidos.
Até mesmo acessórios transpiram as mesmas influências. Assim, uma bolsa de mão de couro preta dotada de uma corrente dourada para ser usada a tiracolo é quase semelhante de uma coleção para a outra, se não fosse em uma delas a inscrição em letras maiúsculas de J’ADIOR. Assim, não há risco de confusão para os consumidores!
No entanto, para os observadores informados, as similitudes surpreendem, como se o duo criador, que trabalhava totalmente junto na Valentino, havia se dividido. Com a impressão de uma continuidade preocupante entre os dois estilistas, apesar da sua separação. Vale destacar hoje seu trabalho, mensurando em qual ponto Maria Grazia Chiuri e Pierpaolo Piccioli haviam atingido a simbiose.
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