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23 de fev. de 2023
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Estilistas ucranianos desfilam na London Fashion Week apesar da guerra

Por
AFP
Traduzido por
Novello Dariella
Publicado em
23 de fev. de 2023

As suas roupas são feitas com as gravatas que os homens já não usam e com estampas que simbolizam "a fragilidade da vida". Um ano após a invasão russa, os estilistas ucranianos aproveitaram a terça-feira (21 de fevereiro) para apoiarem o seu país na London Fashion Week (LFW).


Os estilistas ucranianos Ksenia Schnaider, Ivan Frolov e Julie Paskal na London Fashion Week, a 21 de fevereiro de 2023 - AFP - JUSTIN TALLIS


As três coleções das marcas Kseniaschnaider, Paskal e Frolov foram desenhadas na Ucrânia, apesar dos ataques massivos com relatos de mais de 100 mísseis e sirenes de ataque aéreo a ensurdecerem. "Considero importante não parar", diz Ksenia Schnaider, cofundadora da marca Kseniaschnaider ao lado do marido. A designer tem viajado entre a Ucrânia e Reino Unido, onde a filha frequenta a escola.

No início da ofensiva russa, quando teve de deixar Kiev, temia "que não seria capaz de desenhar novamente", mas depois de se mudar para a Hungria, e posteriormente para a Alemanha, e por fim para o Reino Unido, decidiu que tinha de seguir com a moda, pelo seu próprio bem e pela sua equipa.

"Não podemos parar, mesmo que a realidade seja terrível. Temos de continuar a fazer o que sabemos de melhor, ser criativos, tentar trazer beleza a este mundo trágico", disse Ksenia após o desfile. "Há muitos conceitos novos nisso... Não se trata de ser apenas designer, tenho de salvar a minha cultura e as minhas tradições", acrescentou.

A coleção para a estação de outono-inverno 2023 da Kseniaschnaider inclui muitos dos jeans exclusivos da marca, além de blazers e saias feitas de gravatas não vendidas. "Os ucranianos já não precisam de gravatas porque estão em combate", explicou.

Espigas de trigo e cristais



Segundo Julie Paskal, da marca com o mesmo nome, os quatro estilistas ucranianos presentes na LFW questionaram se deveriam continuar com a moda enquanto a guerra assolava o seu país. Julie acredita que tomou a decisão certa e está "incrivelmente grata" à LFW por sedear os desfiles ucranianos.

Apresentou desenhos com estampas de borboletas, inspirados, segundo ela, na "fragilidade da vida e da morte". Agora, mora na Alemanha, mas costuma visitar a Ucrânia com frequência.

"Acredito que todos nós tivemos vontade de seguir adiante... porque não se pode ficar simplesmente sentado a chorar, temos de nos mover, temos de fazer tudo o que pudermos", acrescentou.

Já o estilista Ivan Frolov, cuja marca é inspirada nas culturas drag e transgénero, apresentou uma coleção de sweaters tricotadas à mão com espigas de trigo, como símbolo da Ucrânia, e vestidos corset bordados com cristais Swarovski.

Num comunicado, a organização da Ukrainian Fashion Week, agora com sede em Londres, disse que "criar coleções é nossa maneira de resistir à guerra. Este desfile na London Fashion Week é... um reflexo da coragem de todos os ucranianos", enfatizou.
 

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