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Portugal Textil
Publicado em
29 de nov. de 2017
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Etiópia procura lugar na ITV

Por
Portugal Textil
Publicado em
29 de nov. de 2017

​Camisas xadrez para a Gap, leggings para a H&M e calções para a Tchibo fazem parte da lista de artigos que estão a ser confecionados na Etiópia. O país africano está a ganhar clientes entre as grandes marcas e retalhistas ocidentais, mas tem ainda vários desafios a ultrapassar para se tornar num fornecedor de eleição.


Com os custos com a mão de obra, matérias-primas e impostos a aumentarem na China – que continua a ser a principal referência na produção têxtil massificada –, a Etiópia está a tentar aproveitar a oportunidade para se posicionar como uma alternativa mais barata e concorrer com os países produtores já bem estabelecidos, como o Bangladesh e o Vietname.

O percurso está apenas no início e a maior parte das empresas de vestuário que alocam encomendas na Etiópia ainda estão a “testar as águas” com pequenos volumes, como realça a Reuters. Mas o governo está a esforçar-se para atrair mais negócio, com redução de impostos, subsídios e empréstimos baratos. O país está ainda a expandir a linha de comboio elétrica em mais 700 quilómetros até à costa do Djibouti.

Os planos fazem parte do objetivo de transformar o país, um dos mais pobres de África, num centro de produção que já não fique sujeito aos caprichos meteorológicos, que periodicamente devastam uma economia essencialmente agrária e disseminam a fome entre a população.

De acordo com a Comissão de Investimentos da Etiópia, tem havido alguns progressos: o investimento estrangeiro na indústria têxtil subiu de 4,5 mil milhões de birr (cerca de 138 milhões de euros) em 2013/2014 para 36,8 mil milhões de birr nos primeiros seis meses de 2016/2017.

«É um enorme sucesso», afirmou Arkebe Oqubay, conselheiro do Primeiro-Ministro para a industrialização, durante a inauguração de um parque industrial no norte da cidade etíope de Kombolcha no verão. «O desafio agora é trazer as maiores empresas do mundo para o país», acrescentou.

Players mundiais aderem

Alguns desses grandes grupos já chegaram, a maior parte dos quais em busca da produção local, como é o caso da Gap e da H&M, mas poucos investiram em unidades produtivas.

Entre os que estão a criar empresas este ano incluem-se o gigante americano PVH, que detém marcas como a Calvin Klein e a Tommy Hilfiger, a Velocity Apparelz Companies, do Dubai, que fornece a Levi’s, a Zara e a Under Armour, e a chinesa Jiangsu Sunshine Group, cujos clientes incluem a Giorgio Armani e a Hugo Boss.

A retalhista francesa Decathlon e mais de 150 empresas da China e da Índia vão iniciar a aprovisionar a sua produção a partir da Etiópia em breve, adiantou à Reuters a Comissão de Investimento.

Bill McRaith, diretor da cadeia de aprovisionamento da PVH, revela que a empresa que representa vê a África Subsaariana como um novo destino promissor de produção, numa altura em que se assiste a um aumento dos custos e escassez de mão de obra nos países tradicionalmente produtores.

A PVH chegou à Etiópia este verão e está a construir uma unidade produtiva em Hawassa, no sul de Adis Abeba – um investimento que McRaith indica ser baseado numa expectativa a longo prazo que a Etiópia se torne numa das mais competitivas localizações do mundo para produzir vestuário para o ocidente. A PVH espera produzir vestuário para exportação no valor de 100 milhões de dólares (cerca de 84 milhões de euros) por ano.

«Os custos operacionais básicos são muito atrativos, mas são contrabalançados com o transporte», afirma o diretor da cadeia de aprovisionamento da PVH. «A infraestrutura de transporte, a formação de recursos humanos, o sector bancário… terão todos de ser melhorados. Mas o governo etíope está mais avançado nestas questões que muitos outros países», acrescenta.

Pedras no caminho

As vias terrestres da Etiópia para o porto de Djibouti estão ultrapassadas e congestionadas em vários troços e, juntamente com a capacidade limitada e forte burocracia do serviço alfandegário, são um entrave à cadeia de aprovisionamento das empresas. Isso está a minar os benefícios de estar mais perto dos mercados europeus do que a maior parte dos seus rivais asiáticos.

Demora até 44 dias desde que uma encomenda de vestuário sai da fábrica até chegar ao comprador na Europa, em comparação com os 28 dias para o Bangladesh e os 21 dias para a China, segundo um estudo do Instituto de Desenvolvimento Têxtil da Etiópia, compilado este ano para os investidores e citado pela Reuters.

Isso aumenta os custos da exportação, que passam para 1.870 dólares para um contentor de 40 pés, em comparação com 1.290 para o Bangladesh e 679 dólares para o Vietname, de acordo com os dados de um retalhista europeu a que a Reuters teve acesso.

Contudo, os responsáveis alegam que a eletrificação da linha de comboio – um investimento de 4 mil milhões de dólares – entre Adis Abeba e o Mar Vermelho, que será inaugurada nas próximas semanas, vai reduzir o tempo de trânsito para o porto de Djibouti de dois a três dias para apenas oito horas.

Embora a Etiópia esteja a avançar mais rapidamente do que os rivais africanos, há ainda um longo caminho a percorrer. Problemas logísticos, burocráticos e de qualidade com o algodão estão a ameaçar as suas ambições e não há garantias de que será capaz de competir com os grandes players mundiais.

De acordo com os dados mais recentes do Banco Mundial, as exportações de têxteis da Etiópia atingiram 115 milhões de dólares em 2015, em comparação com os 27 mil milhões de dólares do Vietname, os 28 mil milhões de dólares do Bangladesh e os 273 mil milhões de dólares da China.

Além disso, o sector não pode suportar os escândalos com as condições de trabalho que já afligiram a indústria de vestuário low-cost noutros países, com os responsáveis etíopes a indicarem que estão a enviar representantes à Ásia para aprenderem com as melhores práticas.

Uma questão de qualidade

A qualidade e preço do algodão também representa um grande obstáculo nas ambições da Etiópia – um que está a minar a competitividade e a impedir o investimento estrangeiro.

Embora o país tenha uma área estimada de 2,6 milhões de hectares adequados ao cultivo de algodão, apenas 130 mil hectares estão a ser usados e os proprietários de empresas têxteis afirmam que a produção resultante é 10 vezes mais cara do que o preço médio internacional de compra. Além disso, o resultado tem muitas vezes padrões inferiores aos necessários para a exportação, devido a contaminação e fraco processamento, resultando, como tal, num tecido com baixa qualidade.

Apesar do governo estar a tentar atrair investidores para a indústria de cultivo de algodão, as investidas têm sido afetadas por direitos de propriedade complexos e por uma gestão de terras pouco eficiente.

A Velocity Apparelz Companies iniciou a produção há seis meses numa unidade de 50 milhões de dólares localizada em Mekelle, no norte do país, que produz atualmente 1,5 milhões de peças por mês. Mas, afirma Erica van Schaik, assistente-executiva do presidente-executivo do conselho de administração da Velocity, o objetivo é duplicar esse volume em dois anos.

Os problemas com a qualidade do tecido etíope significa, contudo, que a empresa tem de importar o denim, quando a existência de matéria-prima de boa qualidade permitiria reduzir os custos da Velocity para metade, libertando verba para investimentos adicionais. Além disso, permitiria reduzir os prazos – desde o início da produção até à chegada às lojas – de 110 para 90 dias. «Seria uma diferença como do dia para a noite. Uma mudança no jogo», acredita Erica van Schaik.

Os investidores enfrentam ainda outras dificuldades, desde a escassez de moeda estrangeira, que dificulta as transações e leva as empresas estrangeiras a recorrerem a bancos externos, às mudanças constantes na legislação.

Se a Etiópia será capaz de ultrapassar estes desafios é algo a que só o tempo poderá responder. Em África, o país enfrenta a concorrência na produção de têxteis de países como o Quénia, Maurícias e Madagáscar, mas tem-se movimentado de forma mais agressiva para atrair empresas.

O governo vai gastar cerca de mil milhões de euros para construir 15 parques industriais até 2020. Dois abriram em julho, dois outros ficarão concluídos até ao final deste ano. O banco estatal, por seu lado, financia até 60% dos custos de expansão para empresas que vendem 70% da sua produção para os mercados externos, dando ainda 10 anos de isenção de impostos e baixas taxas de juro.

A Etiópia consegue ainda oferecer custos de energia mais baixos do que a maior parte dos seus rivais continentais – o custo por kilowatt/hora é de 0,06 dólares, em comparação com 0,24 dólares no Quénia, por exemplo –, graças às barragens hidroelétricas que possui.

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