Helena OSORIO
23 de jun. de 2022
Experts defendem que Portugal devia estar a produzir cânhamo em grande escala como matéria-prima têxtil
Helena OSORIO
23 de jun. de 2022
Investigadores como a Prof.ª Doutora Graça Castanho (também empresária) – detentora de vários graus académicos, mormente de dois pós-doutoramentos, com ligação à Universidade dos Açores – aconselham Portugal a produzir cânhamo em larga escala, para a indústria têxtil.
Graça Castanho foi fundadora e uma das maiores dinamizadoras da CannaPortugal ’22, que decorreu este mês, nos dias 18 e 19, no Centro de Congressos de Lisboa, na Junqueira. Organizada pela Neuron Bonus-Legal Canapa Shop Master Franchising e a Associação de Comerciantes de Cânhamo Industrial de Portugal, esta feira inédita foi a primeira portuguesa sobre as potencialidades desta planta, objetivando divulgar o conhecimento científico, acrescentar valor e acompanhar a expansão da fileira do cânhamo, em particular, e da indústria da cannabis, em geral.
Participaram neste salão reconhecidos cientistas e especialistas de mais de 10 nacionalidades ligados à indústria da Cannabis, mormente de Angola, Brasil, Canadá, EUA, França, Grécia, Holanda, Portugal e Uruguai, entre outros.
Para além de um fórum com conferências e workshops, o evento contou também com um desfile de moda (entre outras atividades culturais) e com uma feira, que deu a possibilidade a expositores nacionais e estrangeiros para venderem produtos, e divulgarem marcas e projetos inovadores, com o uso do cânhamo e da cannabis em múltiplas áreas, nomeadamente como fonte de lítio de origem vegetal, têxteis, calçado, cosmética, e outras.
Já antes, Graça Castanho havia sido a principal organizadora do I Congresso Internacional do Cânhamo (CannAzores 2021), que decorreu na Associação Agrícola dos Açores, na Ribeira Grande (Ilha de São Miguel).
Na altura, a atual ex-conselheira para o Ensino do Português nos EUA e Bermuda e ex-diretora regional das Comunidades no Governo Regional dos Açores, docente na Universidade dos Açores, justificou os esforços como sendo “urgente colocar Portugal no mapa da produção do cânhamo industrial”.
O mercado global do cânhamo, uma subespécie da cannabis cada vez mais usada como matéria-prima têxtil, movimenta globalmente cerca de 5 mil milhões de dólares por ano mas pode, em 2024, chegar aos 55 mil milhões, divulga a AICEP Portugal num comunicado.
Citada pelo jornal Eco, Graça Castanho afirma que "o sector da cannabis tem capacidade para dar resposta à recessão económica que os países atravessam, nomeadamente no que tem a ver com a sua utilização como matéria-prima. Sendo uma planta com forte resistência e de fácil adaptação a solos e climas, o cânhamo pode facilmente tornar-se num produto de proximidade", diz ainda o comunicado.
Castanho lamenta que Portugal esteja em “contraciclo com a tendência mundial”, apontando as muitas restrições à plantação de cânhamo industrial: “Portugal devia estar a produzir em grande escala cânhamo, a criar novas indústrias neste sector”, acrescenta.
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