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13 de jan. de 2016
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Exportações têxteis e de vestuário para EUA podem disparar com parceria transatlântica

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Agência LUSA
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13 de jan. de 2016

Frankfurt, Alemanha (Lusa) – O presidente da Associação Têxtil e Vestuário (ATP) afirmou que a assinatura do acordo de livre comércio entre EUA e Europa permitiria ao setor português mais do que triplicar, para mil milhões de euros, as exportações para aquele destino.

Foto: Reprodução


"Tendo em consideração o potencial de mercado que os EUA têm para os produtos do setor têxtil e vestuário, se o acordo [de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento] for alcançado, temos condições para rapidamente, em três/quatro anos, podermos chegar a mil milhões de euros de exportações para os EUA, quando em 2015 ainda não atingimos os 300 milhões de euros", afirmou João Costa em declarações aos jornalistas durante a feira de têxteis-lar Heimtextil, que até sexta-feira (15) decorre em Frankfurt, na Alemanha.

De acordo com o dirigente associativo, atualmente existem barreiras aduaneiras "muito elevadas" à entrada de produtos têxteis e de vestuário europeus nos EUA: "Há produtos que têm tarifas na ordem dos 30%, e até mais, mesmo nos têxteis-lar. Desde que sejam produtos mais elaborados ou com bordados chegam aos 35% de direitos aduaneiros", disse.

Adicionalmente, referiu, "há barreiras técnicas muitas vezes artificialmente criadas para dificultar a entrada dos produtos europeus e também procedimentos aduaneiros, designadamente de caráter burocrático, que dificultam imenso a entrada dos produtos no mercado americano".

"Muitas vezes coloca-se a dificuldade de as empresas saberem, com rigor, quais são os direitos aduaneiros a que estão sujeitas e, pior ainda, [nos EUA] usam normas técnicas diferentes das nossas para que obrigue a um sistema de controlo de qualidade e a padrões de referência diferentes que dificultam a entrada de produtos europeus no mercado americano", acrescentou.

Para o presidente da ATP, "se esta situação fosse resolvida e se criasse um mercado tendencialmente livre entre a Europa e os EUA, no setor têxtil e vestuário será claramente favorável para a Europa e especialmente favorável para Portugal, que praticamente só exporta [e nada importa] para os EUA".

Embora admita que a negociação do Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento "está numa fase muito avançada", João Costa recorda que, "nos últimos dois anos, houve algum abrandamento ou até paragem, porque [o acordo] poderia já ter sido concluído durante 2014 ou 2015".

E alerta: "Os EUA foram, entretanto, fazendo um acordo de parceria com o Pacífico, o que quer dizer que a Ásia vai conseguindo conquistar mais posições no mercado americano e, se a Europa não avançar com o seu acordo, a determinada altura estaremos, mesmo que não em tudo, mas por exemplo nos têxteis, em situação de desvantagem relativamente aos países asiáticos".

"Espero que haja da parte da União Europeia o impulso necessário para que isto se concretize em 2015 porque é globalmente vantajoso para ambas as partes e para a melhoria e o crescimento da economia mundial", sustentou.

Segundo os dados mais recentes, até novembro de 2015 as exportações portuguesas de têxteis e de vestuário para o mercado norte-americano foram das que mais cresceram em termos homólogos, evoluindo 28,2% e representando 5,7% do total das vendas do setor para o exterior.

Em valor absoluto, o mercado de exportação da indústria têxtil e vestuário nacional que mais cresceu foi Espanha (11%, para 1.500 milhões de euros), seguido dos EUA, enquanto Angola caiu 40% face aos quase 100 milhões de euros de exportações registadas no ano anterior.

Globalmente, as exportações do setor têxtil e vestuário português acumulam um crescimento homólogo de 4,6% até novembro, para 4.467 milhões de euros, estimando a associação setorial que tenham encerrado 2015 com um crescimento próximo de 4,5%, para mais de 4.800 milhões de euros.

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