Fendi: uma coleção de casulos para enfrentar novos tempos
Enquanto os modelos aceleram numa discoteca iluminada por luzes de néon multicoloridas, uma voz assombrosa e distante fala-nos de luz, elegância, cor e escuridão. "O que é normal hoje em dia?", sussurra Silvia Fendi Venturini na poderosa banda sonora techno criada por Alessio Natalizia (aka Not Waving) para o desfile de moda masculina da Fendi de apresentação da sua coleção para o outono-inverno 2021/2022, transmitido digitalmente no sábado (16 de janeiro), o segundo dia da Milano Digital Fashion Week.

Partindo do atual contexto incerto da pandemia de COVID-19, que tanto perturbou os nossos hábitos nos últimos meses, o diretor artístico da maison de luxo romana – propriedade da LVMH – quis revisitar o guarda-roupa masculino para o fazer evoluir, adaptando-se a este novo mundo, que parece tão estranho e normal ao mesmo tempo.
Para redesenhar este "novo normal", Silvia Fendi Venturini partiu dos clássicos do vestuário masculino, propondo peças intemporais concebidas com um aspeto fresco, tendo em conta a evolução dos estilos de vida e as novas exigências dos homens. Versatilidade, conforto, funcionalidade e sobriedade caracterizam esta coleção, que oscila entre a inovação e a normalidade, ao mesmo tempo que é atravessada por um novo sopro de energia e fantasia.
Tudo é jogado em materiais preciosos e aconchegantes, com tops com fecho de correr em lã encaracolada, casacos com forro reversível para baixo, camisas de pijama envolventes que podem ser transformadas em jaquetas para serem usadas sobre camisolas largas às riscas. A jaqueta de ouro é reinventado num grande formato, cortado a partir de uma tela de lã espessa. A gola de algumas camisolas de ponto torcido é alongada por dois longos pedaços de tecido que são atados como um lenço à volta do pescoço.
O efeito casulo é acentuado pelo acolchoamento omnipresente, que é mostrado em casacos debruados com tubos como o robe-de-chambre (ou roupão) de outrora, mas também em calças, bermudas largas, casacos e até inserções nos bolsos. A malha tem também o seu lugar de honra, especialmente em calças muito quentes que deslizam como pijamas, ou num babete de bebé.
O homem nunca sai sem as suas luvas e envolve-se em casacos XXL (amarelo dourado, fuchsia, laranja, azul real) ou em grandes casacos que se parecem com roupões de banho. Parece que já não consegue passar sem a sua roupa interior macia que foi descoberta durante o confinamento... e sem o teletrabalho.

O homem da Fendi também adora detalhes práticos tais como fendas nas coxas das calças ou debaixo dos ombros de um casaco, privando o fato da sua rigidez habitual. E aquele longo lenço de caxemira com um grande bolso?
Embora a paleta seja bastante neutra, oscilando entre o bege, tons claros e preto, com alguns flashes de cor de aspeto monocromático, padrões oloridos e alegres vêm eletrificar certas peças escuras, impressas ou bordadas em casacos e malhas, como rabiscos ou desenhos infantis feitos à pressa. São o trabalho do artista de comédia britânico e ator Noel Fielding.
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