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Novello Dariella
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30 de out. de 2020
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França e Alemanha anunciam lockdown na segunda onda de COVID-19 que varre a Europa

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Reuters
Traduzido por
Novello Dariella
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30 de out. de 2020

O presidente francês Emmanuel Macron e a chanceler alemã, Angela Merkel, anunciaram um novo lockdown, enquanto os números de uma segunda onda de infeções por coronavírus continuam a aumentar, ameaçando a Europa.


As maiores economias da Europa voltam a impor restrições severas face a uma segunda onda de COVID-19 - Reuters


Os mercados de ações mundiais foram derrubados como resposta à notícia de que as maiores economias da Europa estão a impor restrições nacionais quase tão severas quanto as que conduziram a economia global deste ano à sua recessão mais profunda em décadas.

“O vírus está a circular a uma velocidade que não era esperada nem mesmo pelas previsões mais pessimistas”, disse Macron num discurso televisivo. “Como todos os nossos vizinhos, estamos submersos pela aceleração repentina do vírus. Estamos todos na mesma posição: invadidos por uma segunda onda que sabemos que será mais difícil, mais mortal do que a primeira”, continuou o presidente da república francesa. “Decidi que precisamos voltar ao lockdown que parou o vírus.”

De acordo com as novas medidas francesas que entram em vigor, sexta-feira (30 de outubro), as pessoas serão obrigadas a permanecer em suas casas, exceto para comprarem itens essenciais, procurarem atendimento médico ou fazerem exercícios por até uma hora ao dia. E, só serão autorizadas a trabalhar se o empregador considerar que não é possível trabalhar a partir de casa. As escolas permanecerão abertas.

Como nos dias mais sombrios da primavera europeia, quem sair de casa em França terá de transportar consigo um documento que justifique a saída, o qual pode ser solicitado e certificado pela polícia.

A Alemanha fechará bares, restaurantes e teatros de 2 a 30 de novembro, sob medidas acordadas entre Merkel e chefes de governos regionais. As escolas permanecerão abertas e as lojas poderão operar com limites de acesso.

“Precisamos de agir agora”, disse Merkel. “O nosso sistema de saúde ainda pode lidar com esse desafio hoje, mas com a velocidade das infeções, atingirá o limite da capacidade em semanas”.

O ministro da Fazenda, Olaf Scholz, publicou no Twitter: “Novembro será o mês da verdade. O número crescente de infeções está a forçar-nos a tomar contramedidas duras para quebrar a segunda onda”.

França tem registrado mais de 36.000 novos casos por dia. A Alemanha, que foi menos atingida do que os vizinhos europeus, no início deste ano, viu um aumento exponencial nos casos. Mas, é a Bélgica o caso mais crítico atualmente na Europa. Nos EUA, uma nova onda de infeções tem vindo a bater recordes seis dias antes das eleições. O presidente Donald Trump minimizou o vírus e não mostra sinais de que irá cancelar comícios públicos, onde seus apoiantes geralmente se recusam a usar máscaras ou a manter uma distância segura.

Os mercados de ações europeus fecharam nos níveis mais baixos, desde o final de maio, na quarta-feira (28). Nos Estados Unidos, o S&P 500 caiu 3%.

Num esforço para reduzir o impacto económico, a Alemanha irá reservar até 10 bilhões de euros (12 bilhões de dólares) para reembolsar parcialmente as empresas pelas vendas perdidas. A Itália reservou mais de 5 bilhões de euros.


Emmanuel Macron durante o seu discurso televisivono passado28 de outubro - AFP


Se esperarmos será tarde demais

Embora os líderes estejam desesperados para evitar o prejuízo dos lockdowns, as novas restrições refletem uma preocupação com o ritmo galopante da pandemia na Alemanha, Bulgária, Espanha, França, Polónia e Rússia.

“Se esperarmos até que as unidades de terapia intensiva estejam cheias, será tarde demais”, disse o ministro da Saúde alemão, Jens Spahn, cujo país já acolheu pacientes da vizinha Holanda, onde os hospitais atingiram os limites.

A vice-primeira-ministra russa, Tatiana Golikova, disse na quarta-feira (28) que as camas hospitalares atingiram 90% da capacidade em 16 regiões do país, enquanto as autoridades alertaram que, mesmo sistemas de saúde bem equipados, como os de França e da Suíça, podem chegar ao limite dentro de alguns dias.

As esperanças de que novos tratamentos possam conter a disseminação do vírus foram abaladas quando Kate Bingham, chefe da Força-Tarefa de Vacinas da Grã-Bretanha, declarou que uma vacina totalmente eficaz pode nunca ser desenvolvida e que as primeiras versões tendem a ser imperfeitas.

Os números publicados pela Organização Mundial de Saúde, na terça-feira (27), mostraram que a Europa reportou 1,3 milhão de novos casos nos últimos sete dias, quase metade dos 2,9 milhões relatados em todo o mundo, com mais de 11.700 mortes, um salto de 37% em relação à semana anterior.

Até agora, mais de 42 milhões de casos e mais de 1,1 milhão de mortes foram registados em todo o mundo, vitimados pelo vírus que foi identificado pela primeira vez na cidade chinesa de Wuhan no final do ano passado.

Governos em toda a Europa têm sido criticados pela falta de coordenação e por não aproveitarem o período de trégua de casos, durante o verão, para reforçarem as defesas, deixando os hospitais despreparados.

Desde o fim de semana passado, polícia e manifestantes entraram em confronto repetidamente em cidades italianas de Nápoles a Turim. Proprietários de restaurantes e grupos empresariais têm sido críticos. "Às 18h o transporte público costuma estar a abarrotar e arrisca quem tem de trabalhar, mesmo usando máscara e álcool gel", disse Elio Venafro após descer de um autocarro, no centro de Roma, na quarta-feira (28). "É o novo normal".
 

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