Fumito Ganryu revela a sua nova marca

Foi preciso madrugar na manhã de quarta-feira para chegar à zona industrial Novoli, a norte de Florença, onde está localizada a galeria de arte Frittelli Arte Contemporanea, escolhida por Fumito Ganryu para lançar a sua nova, batizada com o seu nome. O designer japonês, que se lança a solo nesta temporada, depois de treze anos na Comme des Garçons, revelou, para a primavera-verão 2019, uma coleção com um grande impacto visual.

Numa atmosfera de recolhimento, quase intimista, na cave assética deste edifício moderno, Fumito Ganryu fez evoluir os seus modelos ao som de uma melodia oriental, pontuada pelo som de gotas de água a caírem no chão. O elemento aquático é, de resto, central na coleção, com a roupa solta e fluida, mas também através do uso de fatos de neopreno, que lembram mergulhadores, ou da palavra de water (água) estampada em maiúsculas negas sobre t-shirts de um branco imaculado. Enormes calções de nylon ultra-leve, que podem ser usados como calções de banho, fazem também parte desta corrente líquida.

Uma sensação espiritual que percorre toda a coleção, com muitos looks monocromáticos em cores neutras (branco, preto, azul denim). Com o olhar oculto atrás do capuz de longas túnicas, ao estilo batina, os modelos calçavam sandálias que remetem para as habitualmente usadas pelos monges. Este comprimento até aos pés repete-se nos casacos, mas também em calças de jogging oversized ou calças largas que lembram as tradicionais calças japonesas hakama.

Tudo é gráfico e perfeitamente construído, os bolsos com fechos de correr fundem-se com os tecidos, enquanto os numerosos detalhes tornam o vestuário ainda mais confortável. Assim, fechos de correr permitem dividir um casaco lateralmente e tiras de plástico transparente são usadas para fixar roupa adicional ao corpo, em jeito de acessórios ou peças sobressalentes, redefinindo a silhueta.

Flashs de cores vivas (vermelho, amarelo, verde, azul elétrico) incutem, por seu lado, energia a este guarda-roupa, conferindo-lhe uma alma contemporânea. Assim, um casaco de neopreno amarelo cai sobre a frente ou serve de xale sobre um ombro, umas calças dançam na cintura, atadas na frente ou atrás, conferindo movimento ao conjunto. O neopreno dá forma a uma nova identidade do clássico casaco masculino.

Fumito Ganryu conseguiu um golpe de mestre, fazendo evoluir o streetwear da sua linha anterior, Ganryu, e transformando-o numa coleção casual mais conceptual com elementos desportivos e de athleisure, misturando sem esforço tecidos técnicos com materiais mais clássicos como o algodão.

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