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Estela Ataíde
Publicado em
18 de out. de 2022
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Gigante da moda rápida Shein lança plataforma de revenda de produtos

Traduzido por
Estela Ataíde
Publicado em
18 de out. de 2022

A retalhista online chinesa, fundada em 2008 por Chris Xu e especialista em moda de preços muito baixos, anunciou na segunda-feira, 17 de outubro, o lançamento da sua plataforma de troca e revenda de produtos em segunda mão entre particulares, Shein Exchange. A versão piloto, já disponível no mercado norte-americano, está acessível a partir da aplicação da marca. Esta adição ao catálogo da marca permite que os utilizadores comprem produtos novos e artigos em segunda mão ao mesmo tempo, sem passar por plataformas de terceiros, como a lituana Vinted. Com isso, a Shein mostra o desejo de sensibilizar os seus jovens consumidores para o desperdício de têxteis, uma atitude controversa e ambígua. Da Greenpeace ao Public Eye, muitas ONGs denunciam as práticas desta gigante da moda efémera ou ultrafast-fashion.


A gigante chinesa da moda a preços muito baixos lança a sua plataforma de troca e revenda de produtos em segunda mão entre particulares, batizada Shein Exchange - Shein


Adam Whinston, líder do departamento de Responsabilidade Social Corporativa (RSC), avança: “Na Shein, acreditamos que é nossa responsabilidade construir um futuro de moda justo para todos, enquanto aceleramos soluções para reduzir o desperdício têxtil. Ao aproveitarmos o alcance e a influência da nossa crescente comunidade, acreditamos que as compras em segunda mão podem tornar-se o novo normal na nossa indústria."
 
Esta vontade de entrar no mercado da economia circular foi recebida com sentimentos contraditórios por alguns. No Reino Unido, um documentário transmitido no dia deste anúncio pelo Channel 4 destacou os salários muito baixos dos seus trabalhadores e as más condições de trabalho nas suas fábricas. Estes últimos não têm salário fixo e alguns deles recebem apenas 0,27 yuan (4 cêntimos de euro) por peça e, em caso de erros, são feitas deduções salariais. A investigação intitulada Untold: Inside the Shein Machine destaca ainda que estes trabalhadores são obrigados a trabalhar 18 horas por dia (o que está em contradição com a lei chinesa, que estabelece o limite de 40 horas por semana), e têm apenas um dia de folga por mês .

Greenwashing e economia circular


 
Após a exibição deste documentário na segunda-feira, 17 de outubro, um porta-voz (não identificado) da marca disse ao jornal londrino City AM: "Estamos extremamente preocupados com as alegações feitas pelo Channel 4, que violam o código de conduta aceite por todos os fornecedores da Shein. Qualquer violação deste código é tratada prontamente e encerraremos as parcerias que não correspondam aos nossos padrões."

Regularmente controversa pelo desrespeito pelos direitos humanos dos seus funcionários nas suas fábricas na China, a marca  low cost - originalmente chamada Sheinside e rebatizada Shein em 2015 - está presente em 220 países. Com os seus preços muito atrativos e a sua presença publicitária direcionada para o digital, esta plataforma é muito popular entre a Geração Z. Esta investigação do canal britânico Channel 4, filmada com uma câmara escondida, denuncia assim a super exploração dos seus trabalhadores e o greenwashing operado pela marca para conseguir uma melhor imagem junto do seu público jovem.

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