AFP
Novello Dariella
31 de mai. de 2017
Gigantes globais da moda estão preocupados com a proibição de venda de gado para abate na Índia
AFP
Novello Dariella
31 de mai. de 2017
Exportadores indianos estão se manifestando para garantir que clientes globais como Zara e Giorgio Armani recebam suas mercadorias, apesar da repressão por parte do governo da Índia contra o abate de gado, que está ameaçando a lucrativa indústria do couro no país.

O governo indiano anunciou, na semana passada, a proibição da venda de gado para o abate, medida que surpreendeu as grandes marcas da moda que gastam bilhões de dólares por ano em couro proveniente da Índia, para fabricar sapatos, bolsas e casacos.
"Eles nos ligando e escrevendo e-mails perguntando quais serão as conseqüências e não sei o que responder", disse Mohammad Zia Nafees, cuja empresa com sede em Kolkata vende couro para sapatos à Zara e Marks & Spencer.
A nova controversa medida bloqueia o fornecimento de carne bovina e couro indiano a grupos industriais. Alguns estados, onde o abate de vacas é permitido, prometeram lutar contra a decisão.
A Índia é o segundo maior produtor mundial de calçados e roupas de couro e, no ano passado, vendeu 13 bilhões de dólares em produtos para metade dos clientes no exterior. Segundo grupos industriais, estes clientes estão bastante descontentes com a nova medida.
“A minha família tem trabalhado com marcas como Radley e Armani nas últimas décadas e agora elas estão nos perguntando se conseguiremos cumprir com nossos compromissos", disse Imran Ahmed Khan, do Council for Leather Exports, à AFP.
“No momento, a indústria está em pânico. É como se tivéssemos recebido uma sentença de morte com o governo de Modi."
As vacas são consideradas sagradas pelos hindus e a nova proibição foi justificada para evitar a crueldade contra os animais.
Mas os críticos acusaram o partido nacionalista Bharatiya Janata (BJP) de seguir uma linha religiosa muito dura.
O BJP vem pressionando para obter proteções mais fortes para as vacas durante a liderança do Primeiro-ministro, Narendra Modi. Houve um aumento nos ataques dos vigilantes contra criadores de gado desde que Modi assumiu o cargo em 2014.
Industriais disseram que o recente decreto vai contra o objetivo de Modi de criar empregos e atrair investimentos estrangeiros, e que as empresas compradoras de couro indiano podem trocar de fornecedor caso o decreto não seja revogado.
Os vizinhos Bangladesh e Paquistão, ambos principais produtores de vestuário, são em sua maioria muçulmanos, mas não vêm problema no abate de vacas.
A indústria espera que a decisão (que afeta não apenas as vacas, mas o comércio de touros, boi, búfalos, bezerros e camelos) seja revista ou alterada para excluir búfalos, um animal que não é considerado sagrado, mas valorizado por seu couro.
O abate de vacas, bem como a posse ou o consumo de carne bovina, é proibido na maior parte da Índia. Alguns estados prevêem prisão perpétua em caso de infrações.
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