Ansa
Novello Dariella
16 de mai. de 2023
Giorgio Armani para alunos: "O trabalho de verdade leva longe"
Ansa
Novello Dariella
16 de mai. de 2023
Giorgio Armani dá aulas de Estilo há quase 50 anos, mas desta vez não foram as suas roupas que encararam o público, mas as suas palavras. Na própria terra natal, Piacenza, Itália, para a entrega do diploma honorário em Gestão de Negócios Globais concedido pela Universidade Católica, Giorgio Armani fez um discurso especial, dirigindo-se em particular aos estudantes. “Falei de mim, pensando antes de tudo em vocês, alunos. Quero que a minha história seja um estímulo e um exemplo para lembrar que o trabalho de verdade leva longe”, disse o estilista, ao receber o seu quarto título honorário.

Não se tratou de um discurso motivante, mas da história de uma vida, que começou há 89 anos em Piacenza, e de uma carreira, iniciada em 1975, que levou Armani à liderança de um grupo, orgulhosamente independente, símbolo do Made in Italy. "Este título tem um valor especial porque reconhece o meu papel de empresário e a paixão que me permitiu transformar um sonho num grupo sólido, símbolo do Made in Italy. Especial também porque me ser concedido na minha cidade natal, um lugar mágico e cheio de memórias. Saí de Piacenza para encontrar o meu caminho em Milão, mas as minhas raízes sempre permaneceram aqui", declarou Armani, do alto do palco do teatro municipal da universidade, após a intervenção do reitor Franco Anelli.
No seu discurso, Giorgio Armani também relembrou um dos momentos mais difíceis da sua vida, a morte do seu sócio e companheiro, Sergio Galeotti, em 1985, após 10 anos de ter fundado com ele a Giorgio Armani. "Fui Giorgio Armani juntamente com Sergio Galeotti, o primeiro a realmente acreditar no meu talento. Ele estava no comando do negócio e eu na criatividade, mas o destino me pôs à prova e, após a sua morte, para a Giorgio Armani sobreviver, tive de cuidar pessoalmente da empresa. Muitos pensaram que eu não iria conseguir, mas graças à minha teimosia e ao apoio de pessoas próximas, consegui seguir em frente. Foi um caminho longo e por vezes complexo, mas superei os momentos difíceis com empenho, dedicação e rigor, valores que assimilei na minha família e que sempre recomendo seguir para dar forma ao que se acredita, ainda mais hoje que os sucessos efémeros se multiplicam. Porque o que exige empenho perdura", sublinhou.
E destacou a lição mais simples: "Com coragem e confiança, sempre cultivei e defendi com orgulho a minha independência. Ouço a opinião dos outros, mas sou eu quem toma as decisões, sempre ponderando riscos e benefícios, com muito bom senso de responsabilidade". Mas o verdadeiro segredo de Armani é outro: "Sou um criativo racional, mas o impulso vem sempre da paixão, de uma intuição e do desejo ardente de realizar. Afinal, todas as ideias são fruto de um amor, e este trabalho, que é a minha vida, é um ato contínuo de amor. Recomendo que cultivem o amor por tudo o que fizerem, com respeito pelas pessoas próximas", disse o designer aos discentes.
E qual o conselho para os jovens que querem seguir o seu exemplo? "Estudar muito, observar a realidade e trabalhar com paixão e consistência", disse Armani à Ansa, "sem se deixar desanimar ou encantar com os sucessos fáceis, porque é a substância que conta". A sua essência foi reconhecida com este título honorário, "pela dimensão internacional da marca, pela abordagem holística à sustentabilidade, pela busca incansável de melhoria e pela consciência da centralidade da empresa na criação do valor compartilhado".
O título é um dos muitos reconhecimentos que lhe foram atribuídos, mas em Piacenza, onde nasceu em 1934, este teve um sabor especial: "Obrigou-me a recordar o percurso que fiz, com muito empenho... e aconselho: trabalhem mas não se esqueçam, quando forem para casa, tenham um cão, um gato, um filho ou um companheiro, porque daqui para frente vocês vão precisar de alguém ao vosso lado", confidenciou Armani após a cerimónia. Muitos aplaudiram-no, incluindo os seus sobrinhos, Roberta, Silvana e Andrea, como também o seu braço direito, Leo dell'Orco.
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