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Novello Dariella
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4 de out. de 2021
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Givenchy envolve-se em futurismo sombrio no primeiro desfile de Matthew Williams

Traduzido por
Novello Dariella
Publicado em
4 de out. de 2021

Uma imponente estrutura oval irradiando uma luz branca ofuscante aguardava a chegada dos convidados ao centro do Paris La Défense Arena, o imenso estádio a oeste de Paris que costumava receber os jogos da equipa de rugby Racing 92 ou concertos de bandas como Rolling Stones. Nesta ocasião, a maison Givenchy serviu como anfitriã para celebrar o primeiro desfile presencial e a terceira coleção de prêt-à-porter do seu diretor criativo, Matthew Williams. 

O desfile, realizado na noite de domingo, 3 de outubro, aconteceu numa passarela quase espacial, localizada no final de um longo corredor ladeado por dezenas de homens enfileirados e vestidos de preto que, na escuridão monumental do estádio, convidavam a entrar num programa cuja encenação distópica lembrava um dos sucessos mais recentes da Netflix, "Squid Game".


Givenchy


O estilista americano, que também dirige desde 2015 a sua marca própria,1017 Alyx 9SM, fez o esperavam dele: uma coleção dark, de reminiscências góticas, com toques de alta costura da maison fundada por Hubert de Givenchy em 1952, com uma boa dose de acessórios estelares e adaptados ao guarda-roupa de um cliente moderno e subversivo, mais próximo das festas de música eletrónica ou da ostentação de ícones do rap do que das passadeiras vermelhas cinematográficas ou casamentos reais que caracterizaram a sua antecessora na posição, a britânica Clare Waight Keller.

Uma mudança de tom já antecipada nas suas coleções anteriores, nas quais era possível identificar algumas pinceladas próximas ao tom marcado pelo período de Riccardo Tisci à frente da marca, o que se refletiu também na seleção dos VIPs que ocuparam a primeira fila do espetáculo espacial de Williams. De um Tyga encapuzado ao mediático Offset, escoltado por um esquadrão hip-hop, à DJ espanhola futurista Sita Abellán, passando pelas estrelas francesas Camelia Jordana e Leïla Bekhti ou o britânico Brooklyn Beckham com a sua noiva, a atriz Nicola Peltz. Sem esquecer a poderosa diretora da Vogue US, Anna Wintour, que também não quis perder a estreia do criativo de Illinois.


Givenchy


Criada especialmente para a ocasião, a excelente banda sonora do rapper Young Thug, nascido em Atlanta, encerrou o eclético desfile de 70 looks. Uma dezena de silhuetas negras inaugurou o desfile, antecipando elementos recorrentes como as infinitas botas de mosqueteiro e solas espaciais, combinadas com calções bordados, espartilhos justos ou minivestidos de neopreno, com peplum ou folhos estruturados. Um cocktail de sobriedade e funcionalidade contemporânea, que deu lugar a silhuetas sob medida impecáveis ​​e elaboradas, e uma inspiração mais clássica.

Casacos masculinos nas cores cinza, branco ou bege, nos quais não faltaram detalhes como a estampado Príncipe de Gales, com lapelas pretas ou fechos laterais como o novo cadeado que identifica a marca, e até peças de alfaiataria, como casacos longos sem mangas e ombros estruturados, sobrecamisas sóbrias, ou casacos e coletes com vários bolsos salientes, com gorros ou sobreposições de calções e calças. E não devemos esquecer que Williams, assim como Virgil Abloh ou Heron Preston, pertence à mesma escola artística que o multidisciplinar Kanye West.


Givenchy


"Eu queria apoiar-me na tradição da história da Givenchy enquanto realmente me orientava para o futuro", disse o diretor criativo da empresa histórica propriedade do conglomerado LVMH sobre a sua proposta para a primavera-verão de 2022. Uma vontade que foi refletida na sua mistura de elementos radicais, puritanos e, por vezes, extravagantes, dando origem a silhuetas carregadas de justaposições contrastantes. Um clássico bolero preto com um longo vestido de pedrarias arco-íris, blazers conservadores com camisolas de lã mohair e mangas arregaçadas, sobretudos e casacos de couro napa sóbrios e impecáveis  em silhuetas de estilo mais urbano, vestidos de tule com tamancos, e até mesmo um ou outro colar um tanto infeliz.

Uma paleta de cores escuras, que gradualmente se abriu para cores, tingindo-se com tons millenials como azul-claro, amarelo-claro, lilás ou verde-menta. A coleção contou com a colaboração do artista nova-iorquino Josh Smith, que completou o savoir-faire artesanal da maison com estampados disruptivos e acessórios exclusivos em forma de embalagens, palhaços, abóboras de Halloween ou calças rasgadas. Uma colaboração com grande potencial comercial, como o calçado de plataforma, a bijuteria metálica, ou as sacolas de ráfia e macramé.

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