Reuters
Helena OSORIO
28 de mar. de 2022
Grupo francês Auchan quer manter-se na Rússia e na Ucrânia
Reuters
Helena OSORIO
28 de mar. de 2022
A retalhista Auchan planeia manter as suas operações na Rússia e na Ucrânia, diz o CEO da Auchan Retail International, Yves Claude, numa entrevista publicada no periódico francês Journal du Dimanche (JDD). Mas, Kiev apela aos ucranianos para boicotarem as lojas Auchan, Decathlon e Leroy Merlin, o que aconteceu logo após esta posição das cadeias que não querem sair do mercado interno da Rússia.

"O mais importante para nós é preservar o nosso povo e assegurar a nossa missão principal, que é continuar a alimentar o povo destes dois países", disse. "Partir seria imaginável de um ponto de vista económico, mas não de um ponto de vista humano".
Propriedade da família Mulliez (que também possui a Leroy Merlin e a Decathlon), a Auchan opera 40 supermercados e tem cerca de 6.000 empregados na Ucrânia, incluindo em regiões afetadas pela guerra, disse um porta-voz da Auchan à Reuters na semana passada.
No JDD, Yves Claude explica a escolha de permanecer na Rússia por uma preocupação "de ajudar os nossos empregados e a população civil".
"Se o Auchan sair, privamos 30.000 pessoas dos seus empregos. São empregados e 40% deles são acionistas. Para não mencionar o impacto nas suas famílias, que ficariam enfraquecidas por esta decisão. E os nossos clientes estão a exortar-nos a ficar", confirmou.
O Auchan tem 231 lojas e atividades de comércio eletrónico na Rússia.
"Se partirmos, arriscamo-nos a expropriações e expomos os nossos gestores locais a processos criminais por falência fraudulenta. E se entregarmos os nossos bens a um terceiro, outra opção proposta, significa que serão assumidos pela capital russa. Isto não trará paz e será contraproducente ao reforçar o ecossistema económico e financeiro russo", explicou ainda Yves Claude.
O presidente ucraniano Volodimir Zelenskiy considera necessário que todas as empresas ocidentais abandonem o mercado russo, como deixou claro na quarta-feira perante o parlamento francês. "Renault, Auchan, Leroy Merlin devem deixar de ser patrocinadores da máquina de guerra da Rússia, deixar de financiar o assassinato de crianças e mulheres, as violações. Todos devem lembrar-se que os valores valem mais do que os lucros", apelou o presidente do povo martirizado, que é já visto aos olhos do mundo como um herói.
Embora muitas marcas tenham deixado o mercado russo, o grupo Rocher (Yves Rocher) também anunciou através de um comunicado de imprensa no dia 16 de março que iria manter a sua atividade na Rússia.
© Thomson Reuters 2022 Todos os direitos reservados.