EFE
Estela Ataíde
13 de mar. de 2023
Inditex anunciará lucro recorde de mais de 4 mil milhões, apesar da guerra
EFE
Estela Ataíde
13 de mar. de 2023
A Inditex, a maior empresa espanhola cotada em bolsa, anunciará na próxima quarta-feira um lucro líquido anual de mais de 4 mil milhões de euros, superando amplamente os seus números pré-pandemia, apesar de no exercício fiscal de 2022 ter deixado a Rússia e, assim, renunciado àquele era o seu segundo mercado em número de lojas.

A proprietária da Zara e da Massimo Dutti, entre outras marcas, vai divulgar no próximo dia 15 as contas do seu último exercício fiscal, iniciado em fevereiro de 2022, quando começou a invasão russa da Ucrânia, que levou a que o grupo têxtil fundado por Amancio Ortega - o homem mais rico de Espanha - fechasse as suas mais de 500 lojas na Rússia.
A empresa contava com mais de 9000 funcionários nesse mercado, onde obtinha cerca de 8,5% do seu lucro operacional. Em 2021, os Estados Unidos passaram a ser o segundo mercado do grupo, depois de Espanha.
Mais 15% do que seu recorde pré-pandemia
Depois de já ter apresentado números historicamente elevados nos primeiros nove meses do seu exercício (com um resultado líquido de 3095 milhões, 24% superior ao do ano anterior), o consenso dos analistas compilado pela Bloomberg sugere que a empresa poderá fechar o exercício fiscal de 2022 com um lucro líquido de 4180 milhões.
Se assim for, será um valor 28,9% superior aos 3243 milhões ganhos no ano anterior e 14,8% acima de 2019, quando o grupo selou o melhor ano da sua história com 3639 milhões (logo seguido pelo travão da Covid).
A Renta4 espera que o seu lucro aumente 11% face ao nível pré-Covid e 23% face a 2021, atingindo os 4040 milhões, enquanto prevê que as vendas se situem na ordem dos 32.495 milhões, o que também significaria um valor recorde, depois de ultrapassar em 15% as de 2019 e 17,2% as de 2021.
Por sua vez, a Sabadell coloca a sua previsão de lucro para o grupo têxtil - também proprietário de marcas como Pull&Bear, Bershka, Stradivarius e Oysho- em 4216 milhões, mais 30% do que em 2021 e mais 16% que em 2019. Além disso, acredita que irá faturar 32.539 milhões, mais 17% do que em 2021 e mais 15% que em 2019.
Quanto à margem bruta, que mede a diferença entre o lucro da venda de um produto e o custo da sua produção, a Renta4 acredita que ficará em 56,9% das vendas em 2022 (ano de elevada inflação à escala internacional), entre 55,9% em 2019 e 57,1% em 2021.
2023: inflação nos custos e aumentos salariais
Também será preciso estar atento na quarta-feira aos avanços que a empresa pode dar sobre a evolução das vendas neste início de ano e a previsão que pode fazer da sua margem bruta, tendo em conta o atual contexto de inflação elevada e o acordo alcançado em Espanha para aumentar os salários dos seus funcionários.
No mês passado, a Inditex acordou com os sindicatos um aumento salarial médio para 80% dos funcionários das lojas de todas as suas marcas entre 20% e 25%, segundo cálculos sindicais.
Também poderá dar alguma indicação de se e quanto pretende aumentar os preços. Durante o exercício de 2022, a empresa elevou-os em cerca de "meio dígito", enquanto tentou manter um controlo "rigoroso" das despesas operacionais para que crescessem menos que as vendas.
A primeira apresentação sem Pablo Isla
Esta será a primeira apresentação de resultados anuais do grupo - que conta com mais de 165 mil funcionários em todo o mundo - que será feita por Oscar García Maceiras, que assumiu o cargo de CEO da Inditex em novembro de 2021, substituindo Carlos Crespo, que ocupava o cargo desde julho 2021.
Além disso, será o primeiro em que Marta Ortega, a filha mais nova de Amancio Ortega, já ocupa a presidência não executiva do grupo, que assumiu a 1 de abril de 2022, há quase um ano, culminando assim a sucessão ordenada definida pela empresa e que a levou a ocupar diferentes cargos no grupo durante quinze anos.
Assim, no ato de apresentação dos resultados, não estará presente Pablo Isla, que era, até abril do ano passado, presidente da Inditex. O dirigente, que comandava o maior grupo de distribuição de moda do mundo anunciou poucos meses depois, em agosto, a fundação da produtora audiovisual Fonte Films.
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