Inditex aumentará preços devido ao impacto da inflação
O conglomerado de moda galego, que agrupa as marcas Zara, Bershka, Pull&Bear, Stradivarius, Massimo Dutti e Oysho, reage ao contexto da indústria atual, marcada pela subida dos preços das matérias-primas, a crise de abastecimento, os efeitos da pandemia e o golpe da guerra na Ucrânia. Óscar García Maceiras, nomeado CEO da empresa galega em novembro passado, declarou durante a apresentação dos resultados anuais da Inditex, que teve lugar esta quarta-feira, 16 de março, na sede do grupo em Arteixo (A Coruña): "Diante do impacto da inflação, estamos a contemplar preços estáveis com ajustes seletivos para proteger as margens da empresa."

Na sua última intervenção pública como presidente da empresa, cargo que abandonará no final de março após 17 anos na empresa fundada por Amancio Ortega, Pablo Isla destacou: “Estamos num momento de volatilidade do mercado, mas o valor intrínseco da Inditex é impressionante. Obviamente, há tensões inflacionárias e o mais importante para a empresa é proteger as suas margens.”
Assim, a Inditex pretende manter o seu posicionamento, aplicando ligeiros ajustes ao seu negócio. “A Inditex é uma empresa global, digital, integrada e sustentável”, quis recordar Óscar García Maceiras, na sua primeira conferência de imprensa física desde que chegou à Inditex. “O nosso negócio baseia-se em oferecer a máxima qualidade e moda sustentável a um preço muito razoável para todos os nossos clientes em qualquer parte do mundo." O novo CEO argumenta que a empresa galega está "a contemplar preços estáveis com ajustes seletivos". Nesse sentido, as subidas de preços adicionais serão “seletivas”, em função dos formatos comerciais e das categorias de produtos. Essa evolução será efetiva a partir da próxima campanha primavera-verão.
Revelando que a empresa espera que as alterações de preços “rocem um aumento médio de um dígito e sem impacto no volume, conforme evidenciado pelo valor de vendas no início do primeiro trimestre de 2022, o novo CEO continuou: “Somos uma empresa que vende moda e que não quer alterar o seu modelo de negócio, pelo que os aumentos serão seletivos e não globais.” Segundo o que foi revelado durante a apresentação de resultados pelos principais executivos da empresa, o aumento médio de preços será de 2%, tanto em Espanha como em Portugal.
Preços subirão de forma "seletiva" até 2% em Espanha e Portugal
Questionados sobre a situação em Portugal, onde inúmeras empresas e fábricas portuguesas estão atualmente paradas como protesto contra o aumento crescente dos preços nos últimos tempos, tanto Óscar García Maceiras como Pablo Isla reafirmaram a estreita relação com os seus colaboradores em Portugal, não estando em perigo devido ao contexto atual. “O mais importante é que a produção de proximidade é fundamental para a Inditex” sublinhou até o até agora presidente da empresa, prometendo: “A empresa vai continuar a confiar nos seus fornecedores portugueses.”
Embora a empresa não tenha fornecido uma lista detalhada de aumentos noutros mercados internacionais, o relatório detalhado de informações financeiras entregue à Comissão Nacional do Mercado de Valores Mobiliários (CNMV) espanhola explica que, "nos mercados com impacto temporário de inflação significativa ou depreciação das taxas de câmbio, a Inditex realiza os ajustes necessários”, insistindo no objetivo principal centrado na “proteção das margens”.
No final do passado exercício, a 31 de janeiro de 2020, a margem bruta situou-se em 15,81 mil milhões de euros, registando um crescimento de 39% e representando 57,1% das vendas, o que lhe permitiu atingir o nível mais elevado dos últimos seis anos. Por seu lado, a faturação cresceu 36% em relação a 2020, atingindo 27,7 mil milhões de euros. No entanto, este valor não chegou aos níveis pré-pandemia, ficando 2% abaixo das vendas acumuladas em 2019. Da mesma forma, o lucro líquido foi 11% inferior ao daquele ano, atingindo 3,24 mil milhões de euros.
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