Por
EFE
Publicado em
25 de out. de 2016
Tempo de leitura
3 Minutos
Download
Fazer download do artigo
Imprimir
Text size

Inditex e Mango em ponto de mira pela exploração de refugiados sírios

Por
EFE
Publicado em
25 de out. de 2016

A empresa espanhola de moda Inditex reconheceu que, em uma inspeção no passado mês de junho, foram detetados vários refugiados sírios a trabalhar em situação irregular para uma das suas fornecedoras em Turquia, algo que "está a ser remediado".

Imagem publicada pela BBC de etiquetas da Marks & Spencer em uma fábrica turca na qual trabalham menores sírios.. - BBC


Uma porta-voz da casa mãe da Zara assegurou em declarações à EFE que não havia nenhum menor de idade dentro desse grupo de empregados na lavanderia Goreteks, na qual são tingidas calças da marca.
 
A porta-voz respondia assim a uma reportagem da rede pública britânica BBC, cuja parte do conteúdo foi difundida pela própria rede, que revela que várias empresas de moda, entre elas as britânicas Marks & Spencer, Next e Asos e as espanholas Zara e Mango, contam em Turquia com fornecedores que empregam refugiados sírios, em alguns casos menores, sem as permissões de trabalho pertinentes.

No caso da Inditex, a emissão denuncia a existência de trabalhadores sírios em situação irregular na lavanderia Goreteks, onde eles trabalhavam em turnos de doze horas sem a proteção necessária.
 
Os repórteres descobriram que esta lavanderia também processava peças para a Mango, mas esta empresa espanhola assegura que sua produção foi subcontratada sem sua permissão por um dos seus fornecedores.
 
Em um comunicado emitido à BBC e à EFE, a Inditex, com sede na Galícia, aponta que havia detetado a presença de sírios em situação irregular "antes de a BBC ter ido filmar", pedindo à lavanderia para colocar em prática um plano de melhorias.
 
Esta lavanderia tem "até o próximo dezembro para efetuar as mudanças", caso contrário, pode deixar de trabalhar para a companhia espanhola, explicou à EFE a citada porta-voz.
 
Segundo o comunicado, a Inditex trabalha com a ONG "Refugee Support Centre" para tentar "regularizar a situação laboral dos trabalhadores sírios", em um plano pioneiro do setor de comércio retalhista.
 
"A crise de refugiados sírios é um desafio complexo que afeta todos os setores em Turquia e, embora não haja respostas fáceis, estamos absolutamente focados em tratar do assunto", diz a nota.
 
A Inditex aponta que, em 2015, levou a cabo mais de mil auditorias nesse país, onde possui uma equipa de "mais de 400 pessoas dedicadas ao controlo" dos seus fornecedores.
 
A porta-voz sublinhou que são realizadas inspeções em todos os centros ligados ao seu processo de produção em todo o mundo e que, "em nenhum caso, existe trabalho infantil".
 
A Inditex conta em Turquia com 183 fornecedores, que trabalham com 748 fábricas de confeção, e 640 centros que realizam outros processos, como lavanderias.
 
No total, são 155.256 pessoas, que não são contratadas diretamente pela empresa espanhola, embora esta seja responsável por aplicar seu código de ética e condições de trabalho.
 
60% da produção da Inditex são de "proximidade", em países da União Europeia, Turquia e Marrocos, ao passo que o resto é realizado em outras partes do mundo, como China, Bangladesh, Índia ou Vietname.
 
A emissão da BBC descobriu ainda menores refugiados sírios, além de adultos sírios em situação irregular, trabalhando para várias marcas britânicas, como Marks & Spencer e Asos.

© EFE 2024. Está expressamente proibida a redistribuição e a retransmissão do todo ou parte dos conteúdos dos serviços Efe, sem prévio e expresso consentimento da Agência EFE S.A.