Inditex fatura menos 28% e lucro contrai 69,6%
O ano de 2020 foi difícil e a Inditex não foi exceção. Uma conclusão tirada após a publicação dos resultados anuais da empresa fundada por Amancio Ortega, divulgados esta quarta-feira, 10 de março. Embora o conglomerado tenha encerrado o exercício com números positivos e lucros de 1,1 mil milhões de euros, os ganhos sofreram uma queda de 69,6% em relação aos 3,6 mil milhões registados no ano anterior. O valor é o menor alcançado pela empresa desde a crise de 2009.

Por seu lado, como consequência do impacto dos encerramentos e das restrições, as vendas do grupo têxtil diminuíram 28% para 20,4 mil milhões, face aos 28,3 mil milhões de euros registados um ano antes. Conforme comunicado pela empresa à Comissão Nacional do Mercado de Valores Mobiliários (CNMV) espanhola, a venda em câmbio constante diminuiu 24,5%, enquanto os horários de venda durante o ano foram reduzidos para 25,5%. A 31 de janeiro de 2021, 30% das lojas ainda estavam fechadas (em comparação com 8% a 31 de outubro de 2020) e 52% tinham restrições.
No entanto, este impacto tem sido moderado pelas vendas online, cujo lançamento global continua "em linha com o previsto" e, no caso da Zara, alcançou 25 novos mercados ao longo do ano. Desta forma, o canal experimentou um crescimento, a taxas de câmbio constantes, de até 6,6 mil milhões de euros. Da mesma forma, as visitas online atingiram 5,3 mil milhões, mais 50%, com 200 milhões de seguidores nas redes sociais do grupo e 132 milhões de aplicações ativas.
“A Inditex sai mais forte deste ano difícil graças ao enorme empenho das pessoas que compõem a empresa”, agradeceu o presidente do grupo, Pablo Isla. “Hoje somos uma empresa ainda mais sólida do que há dois anos, com um modelo de negócio único e uma plataforma comercial global, flexível, digitalmente integrada e sustentável, o que nos coloca numa excelente posição para o futuro.”
O lucro operacional líquido (Ebitda) foi de 4,6 mil milhões, 40% inferior aos 7,6 mil milhões de euros registados no exercício anterior. Por seu lado, a margem bruta situou-se em 11,4 mil milhões de euros, o que contrasta com os 15,8 mil milhões de euros de 2019 e representa 55,8% das vendas.
Segundo a empresa, "as eficiências geradas permitiram que as despesas operacionais permanecessem sob um controlo apertado em 2020". Assim, a empresa cortou os gastos com pessoal em 24%, para 3,4 mil milhões de euros, e os arrendamentos operacionais contraíram 74% para 181 milhões de euros, enquanto os outros gastos operacionais aumentaram 7% para 3,25 mil milhões de euros. No total, as despesas operacionais caíram 17%.
Desempenho das vendas
Por regiões, a faturação em loja e online em Espanha representou 14,6% do total, contra 15,7% em 2019; enquanto a Europa sem Espanha representou 48,7%, 46% em 2019; Ásia e o restos dos países 23,2% (22,5%) e América 13,5% (15,8%). No que diz respeito aos formatos, a Zara e a Zara Home lideraram a atividade em 2020 com 14,13 mil milhões de euros, menos 5,44 mil milhões do que em 2019; seguidas pela Pull & Bear (1,43 mil milhões), Massimo Dutti (1,2), Bershka (1,17) Stradivarius (1,28), Oysho (522) e Uterqüe (75).
Paralelamente, a posição financeira líquida atingiu 7,56 mil milhões a 31 de janeiro de 2021 (8,06 mil milhões em 2019), com investimentos totais em 2020 de 713 milhões. Como consequência do modelo de negócio, o fundo de maneio mantém-se negativo, enquanto os inventários aumentaram 2% em 2020, o que representa um decréscimo de 9% sem o impacto da provisão do quarto trimestre.
Quanto à política de dividendos, o Conselho de Administração da Inditex irá propor à Assembleia Geral de Acionistas um dividendo de 0,70 euros por ação para o exercício de 2020, composto por um ordinário de 0,22 euros e um extraordinário de 0,48 euros por ação. O dividendo é constituído por duas parcelas iguais de 0,35 euros por ação a realizar nos dias 3 de maio de 2021 e 2 de novembro de 2021, enquanto os restantes 0,30 euros de dividendo extraordinário serão pagos em 2022, informou o grupo.
Segundo a empresa galega, os investimentos no período 2020-2022 rondarão os 900 milhões anuais, enquanto o investimento digital deverá rondar os mil milhões ao longo dos próximos três anos.
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