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Portugal Textil
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28 de mai. de 2018
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Indústria de mohair em risco de colapso

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Portugal Textil
Publicado em
28 de mai. de 2018

Esta fibra, retirada da cabra Angorá, tem na África do Sul a sua maior produtora mundial. Mas um vídeo com imagens de maus tratos aos animais está a levar retalhistas de moda, como a Zara e a H&M, a banir a matéria-prima das suas coleções.

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A indústria sul-africana de mohair, uma fibra obtida do pelo da cabra Angorá, pode entrar em colapso depois da decisão da Inditex e H&M banir esta matéria-prima das suas roupas, na sequência de um vídeo filmado em 12 quintas localizadas na zona de Karoo, na África do Sul. As imagens mostram os animais a serem arrastados pelas patas e cabeça e a ficarem feridos durante a tosquia. Um trabalhador aparece no vídeo a decapitar uma cabra.

A indústria está avaliada em perto de 100 milhões de euros na África do Sul, a maior produtora mundial da fibra mohair. No total, quase 70 empresas do sector do vestuário anunciaram que o mohair iria desparecer das suas montras.

O grupo americano de defesa dos direitos dos animais PETA – People for the Ethical Treatment of Animals, responsável pela produção do vídeo, afirma que este tipo de abuso é «rotina» na indústria de mohair e que inflige «um sofrimento atroz» aos animais.

A organização Mohair South Africa, que representa esta indústria no país, anunciou este mês que iria suspender imediatamente as quintas implicadas no vídeo, mas salientou que considera que a maior parte da informação disponibilizada pela PETA está incorreta e que representa mal o sector.  Há perto de mil empresa do género na África do Sul, que empregam cerca de 30 mil pessoas.

«As cabras Angorá são criadas pelo seu pelo e não são intencionalmente feridas até porque constituem o sustento de todos os agricultores que trabalham com mohair», explicou a Mohair South Africa. «O tratamento dos animais acaba por determinar a sustentabilidade e o rendimento do agricultor», salientou.

Os produtores da Inditex prometem acabar com o mohair nas suas cadeias e a empresa espanhola, dona da Zara, assegura que as suas roupas estarão livres desta matéria-prima já em 2019. Outros grupos, como a Esprit, também revelaram que no próximo ano esta fibra não estará nos seus artigos.

O diretor-geral da Mohair South Africa, Deon Saayman, admitiu, à Bloomberg, que era muito cedo para determinar o impacto a longo prazo deste “boicote”.

A África do Sul produz cerca de 50% do mohair a nível mundial e exporta sobretudo para países da Europa e da Ásia, incluindo Itália, Reino Unido, China e Taiwan. O pelo das cabras cresce duas vezes por ano, o que permite aos agricultores dois períodos de venda anuais, no verão e no inverno. Entre as maiores empresas que utilizam mohair encontra-se o grupo italiano Ermenegildo Zegna.

A PETA quer banir a produção de mohair em todo o mundo e não só na África do Sul, adiantou a organização.

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