Indústria de perfumes enfrenta novos desafios
A 10 de dezembro de 2019, a Fragrance Foundation France (FFF), a associação que rege e promove o setor de fragrâncias em França, nomeou um novo conselho de administração* por um período de dois anos, e renovou o mandato de Philippe Ughetto, seu presidente desde 2012.
Para entender melhor quais são novos desafios da indústria de fragrâncias, a FashionNetwork.com entrevistou o veterano da indústria Philippe Ughetto, vice-presidente da Doro, uma empresa especializada em embalagens de luxo para os setores de perfumaria e cosméticos. A perfumaria é, aliás, uma grande fonte de renda para as empresas de cosméticos: em 2018, apenas as vendas de fragrâncias representaram mais de dois terços da receita de 3 mil milhões de euros gerada em França pelo canal de perfumaria seletiva (fonte: NPD).

Nos últimos anos, a indústria de fragrâncias, como a de cosméticos, teve que se reestruturar, à medida que emergiram novos players e foram realizadas grandes fusões e aquisições. A onda de aquisições feitas este ano pelo especialista em fragrâncias e perfumes Givaudan é, segundo Ughetto, uma das indicações mais claras desse padrão. A mais recente aquisição do grupo suíço foi a divisão de cosméticos da empresa italiana Indena, especializada em ingredientes ativos derivados de plantas.
Assim como as indústrias de alimentos e de cuidados pessoais, o setor de perfumes está cada vez mais interessado em usar ingredientes naturais, para responder às novas expectativas dos apaixonados por fragrâncias. "Existem desafios reais relacionados ao consumo sustentável, e a indústria de fragrâncias como um todo agora está envolvida no desenvolvimento de produtos ecológicos", diz Ughetto.
A associação que lidera tem cerca de 50 membros de marcas como Guerlain, Yves Rocher e L'Oréal Luxe; produtores de fragrâncias como Givaudan e Firmenich; e empresas de distribuição. No ano passado, para incentivar os seus membros a tornarem-se mais ecológicos e sustentáveis, a FFF organizou uma conferência sobre perfumes naturais com a Cosmebio, a associação de produtores de cosméticos naturais e orgânicos. No entanto, embora o número de marcas de perfumes certificadas como "naturais" se tenha multiplicado nos últimos anos, tornar-se ecológico continua a ser um verdadeiro desafio para a indústria de fragrâncias.
"Existem muitos obstáculos técnicos, e os limites da perfumaria sustentável ainda precisam de ser definidos", diz Ughetto. Outra área que o setor precisa de dominar é a tecnologia digital, um desafio ainda maior, pois a abordagem do setor permanece tradicional. “O uso de dados digitais e IA são questões altamente debatidas no setor, especialmente no retalho. Estas tecnologias fizeram luz sobre o comportamento do consumidor e abriram o caminho para a criação de perfumes personalizados. No entanto, aqui também as restrições tecnológicas diferem de outras indústrias, embora tenham sido feitos progressos recentemente”, diz Ughetto.
Embora os robôs ainda não tenham substituído o perfumista na criação de perfumes, o uso de ferramentas de IA está bem estabelecido no setor. A Symrise e a IBM desenvolveram a Philyra, uma ferramenta de IA capaz de gerar composições olfativas específicas, analisando mais de 1,9 milhão de formulações existentes. A escola de perfumaria da Givaudan criou o Carto: um computador vinculado a um robô capaz de desenvolver um perfume criado por designers de fragrâncias usando touch screen.
*O novo conselho é composto por:
Philippe Ughetto (Doro), presidente
Nathalie Helloin-Kamel (Takasago), vice-presidente
Victoria Rongier (Interparfums), secretária geral
Michaël Betito (Symrise), tesoureiro
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