Indústria europeia do vestuário enfraquece face à conjuntura económica

Por

Matthieu Guinebault

Traduzido por
Estela Ataíde

Publicado em
11 de jan. de 2023

A confederação europeia Euratex constata nos números do terceiro trimestre uma queda na atividade industrial, com contrações na produção de têxteis (-3,2%) e vestuário (-4,2%). Um impacto da conjuntura económica na atividade que, no entanto, não afeta o otimismo dos industriais para os próximos meses, segundo o órgão representativo.

"Embora as condições de mercado mais difíceis comecem a ter impacto na atividade do têxtil e vestuário, a intensidade da desaceleração abrandou em resposta à diminuição das restrições de aprovisionamento e à melhoria das expectativas para a economia mundial", indica a Euratex. O que nos lembra que a invasão da Ucrânia e as perturbações no comércio internacional só aumentaram as pressões inflacionárias pré-existentes. Nomeadamente na energia, ponto no qual a Euratex considera a resposta europeia insuficiente.
 
Tendo como base de referência o último trimestre de 2019, o índice europeu de produção têxtil situou-se em 117,1 no terceiro trimestre de 2022. Por outro lado, o desequilíbrio entre a oferta e a procura e o enfraquecimento do poder de compra das famílias tiveram um impacto mais direto na produção de vestuário. Em alta constante desde o último trimestre de 2020, o seu índice subiu acima dos níveis das empresas no primeiro trimestre de 2022, mas registou a sua primeira queda no período de julho a setembro de 2022.

A Euratex assinala que o indicador de confiança empresarial da UE (ou “EU Business Confidence”) para os próximos meses se deteriorou ligeiramente no têxtil, devido a um certo pessimismo quanto às necessidades futuras para a produção de vestuário. No entanto, os fabricantes de vestuário sentiriam uma confiança renovada em termos das suas carteiras de encomendas e da gestão de stocks de produtos acabados.

No seu todo, a fileira europeia do têxtil e do vestuário representa atualmente 1,3 milhões de trabalhadores, empregados por cerca de 143 mil estruturas. No exercício de 2021, o setor exportou 58 mil milhões de euros em mercadorias para fora da UE, ultrapassando assim os níveis registados antes da crise sanitária.