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Helena OSORIO
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15 de fev. de 2021
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Jason Wu e Imitation of Christ abrem a New York Fashion Week

Traduzido por
Helena OSORIO
Publicado em
15 de fev. de 2021

Jason Wu – artista e designer de moda taiwanês-canadiano radicado em Nova Iorque – abriu a New York Fashion Week deste mês, na noite de domingo do Dia dos Namorados, com uma ode nostálgica ao capitalismo da Coca-Cola. Já a dupla fundadora da marca de roupa reutilizada Imitation of Christ (IoC) – como sejam os designers de moda americanos Tara Subkoff e Matthew Damhave  seguiu Jason Wu num apelo ao devaneio e esplendor, inspirado em parte no sentimento de perda de um dos amigos de Subkoff vitimado por COVID-19.


Jason Wu


Jason Wu explicou que se sentia "nostálgico" em relação aos tempos de escola na Nova Inglaterra (EUA), e à "muito idílica 'Americana' daqueles anos". Nascido no Taiwan (República da China) e criado em Vancouver (Canadá) até aos nove anos de idade, Wu estudou posteriormente na SYA France em Rennes. Depois, aprendeu a coser e a desenhar roupa para bonecas, continuando a estudar escultura em Tóquio.

Aos 16 anos, Wu já trabalhava nesta área como freelancer para a empresa de brinquedos Integrity Toys, onde foi nomeado diretor criativo volvido um ano. Em 2001, no último ano do liceu em Rennes decidiu tornar-se designer de moda e foi estudar na
 Parsons School of Design de Nova Iorque, mas não se licenciou, ganhando experiência na Narciso Rodriguez antes de lançar a própria linha. Ficou mais conhecido pelos vestidos que criou para Michelle Obama. 

Apesar de Jason Wu ter recuado nesta nova coleção até aos anos 50, jogando com a ideia da loja física, o cenário para o espectáculo ao vivo, em privado, incluía em vez de roupa e acessórios cestos de flores e caixas de contraplacado com tomates, alhos-porros, abóboras e outros legumes e tubérculos, evocando o retorno ao campo e à essência.
 
Wu apresenta um dos poucos espectáculos com modelos reais ao vivo na temporada desta semana em Nova Iorque; a grande maioria dos seus eventos são apresentações digitais ou vídeos de moda. A temporada de três dias e meio inclui cerca de 60 marcas, sendo o clímax na noite de quarta-feira (17) com Tom Ford. Contudo, Nova Iorque é despojada de desfiles, ou mesmo de vídeos, por meia dúzia das suas maiores maisons de moda, incluindo a Ralph Lauren, Tommy Hilfiger, Calvin Klein e Marc Jacobs.
 

Jason Wu


Para a abertura da estação, o elenco de Jason Wu vestiu-se demoniacamente, com cabelos curtos ou apanhados e em chignons femininos, uma vez que Wu respeita o próprio ADN cosmopolita do cerne da cidade.
 
Como explicou na época passada, durante a pandemia, Wu tem estado a cozinhar as receitas da mãe e a "encontrar novas formas de ser expressivo". E, graças à Chef's Warehouse foi capaz de encher o seu espectáculo com os melhores ingredientes, que a City Harvest – a primeira organização de resgate alimentar do mundo levantou depois para ajudar os nova-iorquinos mais necessitados.
 
Wu também tocou na expressão mais ubíqua do capitalismo americano de soft-power  na Coca-Cola. Depois de ter dado rédea solta aos seus arquivos, mas não (imagine-se) à sua fórmula secreta, tecendo garrafas icónicas de Coca-Cola em estampas, nomeadamente num longo vestido de seda multi-logo em vermelho de maçã madura; ou na estampa da garrafa a preto e branco vista numa saia plissada. Como parte de uma série de logótipos internacionais da Coca-Cola em várias línguas.

"Estes logótipos trazem esse aspeto multicultural à coleção e um gesto do que a América significa para mim – um caldeirão de culturas diversas", disse Wu que se apresentou todo vestido de preto com calças de ganga, casaco, máscara e capuz com o logótipo da Coca-Cola em chinês.


Jason Wu

 
O que também funcionou bem foram as grandes malhas, quase pintadas; e os casacos perfeitos, tal como Wu os aperfeiçoou no lockdown. O seu objetivo (disse) foi o de "criar uma coleção de elevado vestuário desportivo americano, detalhes artesanais com ênfase no vestuário exterior".

Jason Wu foi sempre identificado pelo corte bem esgalhado de um casaco avantajado; e mais uma vez acrescentou uma sensação de majestade em longos e masculinos topcoats com detalhes cosidos à mão. Melhor ainda: um look de caçador canadiano em matelassé com tronco preto e mangas de xadrez.
 
A adição de brincos e pingentes metálicos em forma de folhas de outono também foi um toque elegante; tal como a utilização das mesmas formas em fatos ideais para inaugurações de exposições em galerias de arte.
 
Mais tarde, à noite, a Imitation of Christ – ou IoC como é muitas vezes conhecida  apresentou os caprichados tops com calças largas; casacos coloniais militares por cima de soutiens de seda dourados; t-shirts com bainhas de renda usadas por homens peludos e inusitados vestidos de ninfa em tela com laço excêntrico.
 
Como artistas de circo no centro da cidade, depois da festa, ou melhor dizendo, em busca de uma das muitas passerelles de arte performativa da IoC que se perderam. E que, esperamos, voltem em breve.
 

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