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2 de nov. de 2022
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Joalharia do Carmo passa a vender só filigrana portuguesa

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2 de nov. de 2022

A Joalharia do Carmo – fundada em 1924 em Lisboa e situada junto a uma outra Loja Com História, a Luvaria Ulisses – vai especializar-se em filigrana certificada e deixar de vender outras peças, apostando apenas na filigrana portuguesa feita à mão, que é desde sempre a sua principal protagonista. Definitivamente, um hino ao legado.


Fachada Arte Nova da Joalharia do Carmo em Lisboa - Lojascomhistoria.pt


A pouco mais de um ano de se tornar uma marca centenária, a Joalharia do Carmo que foi uma das primeiras casas a encontrar morada neste lado da muralha do Carmo, no número 87B da rua do Carmo, onde o comércio tardou a chegar, acabou de anunciar que deixará de vender peças de ourivesaria que não sejam de filigrana portuguesa certificada.

Mas já antes, aquando da mudança que se fez (ou não) sentir aquando da sua aquisição pelo grupo O Valor do Tempo, em 2020, "a filigrana tradicional portuguesa continua a ser a principal protagonista", adianta o programa Lojas Com História da Câmara Municipal de Lisboa (CML), no seu site. Portanto, uma tradição que se quer desde sempre levar mais longe.

Neste âmbito, o Valor do Tempo assina agora um protocolo com os municípios de Gondomar e Póvoa de Lanhoso e organismo de certificação A.Certifica.


Obra de filigrana feita à mão pelo mestre ourives - Joalhariadocarmo.pt


As peças produzidas com esta técnica portuguesa, e em prata e ouro de 19,2 quilates, mantêm-se o centro das atenções como exclusivo, embora os seus artesãos, enchedeiras e ourives do norte do país, também ganhem destaque.

"É um tipo de produção que exige um olhar minucioso e um tanto perfeccionista", confessa à Time Out, Luís Monteiro, um dos artesãos ligados à Joalharia do Carmo, que a descreve como "uma arte que faz apaixonar quem observa ao pormenor todo o processo de execução e detalhes", reforça.

Além da garantia de autenticidade, esta loja histórica que está aberta todos os dias de segunda-feira a domingo das 10 às 21 horas, prepara-se para evidenciar unicamente peças de design tradicional, algumas das quais com abordagens mais contemporâneas, onde a filigrana surge enriquecida com pedras preciosas.


O interior da Joalharia do Carmo fundada em 1924 - Joalhariadocarmo.pt


Recuando no tempo, para contabilizar a salvaguarda do património histórico – o qual tem vindo a sofrer alguns atentados nos últimos anos com os ânimos do turismo – a icónica fachada Arte Nova datada de 1925, que leva a assinatura do arquiteto Norte Júnior, mantêm-se inalterada. Nela se destaca a marca distintiva da loja, como seja o escudo de Portugal, sem o rebordo e com os sete castelos, composto sobre uma cruz de Cristo e inserido num coração.

"O espaço interior, não obstante algumas remodelações, não perdeu o desenho original, e o mobiliário ainda é o mesmo dos primeiros dias embora renovado ao nível da cor. Estão presentes os expositores e as portas, a espaçosa mesa central de tampo em mármore, as credências com espelhos, os lustres em cristal Baccarat e as escadas de caracol", pode ler-se em Lojascomhistoria.pt, o programa da CML que permite perpetuar o legado, já seguido por outros municípios embora (infelizmente) a par e passo com a destruição e descaracterização de edifícios emblemáticos, que dita uma moda desenfreada no território português.
 

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