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Portugal Textil
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6 de nov. de 2020
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João Sousa abre novos horizontes

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Portugal Textil
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6 de nov. de 2020

O jovem designer, que se estreou em 2018 na plataforma Bloom do Portugal Fashion, acaba de abrir as portas da loja online, onde se encontram disponíveis todos os artigos da marca epónima. Para a próxima estação quente, a coleção Horizonte é um convite a mergulhar na causa dos recifes australianos.



Com cerca de quatro anos de idade, João Sousa já queria ser designer de moda. Depois de se ter formado na Escola de Moda do Porto, conseguiu dar vida ao sonho de criança e desenvolver valências que o levaram a ter a própria marca e a trabalhar com vários profissionais da indústria. Foi com a coleção para a estação quente de 2019 que fez o primeiro desfile, integrando a plataforma Bloom do Portugal Fashion e, desde então, nunca mais parou.

Na última edição do evento de moda, apresentou Horizonte, a coleção dedicada à primavera-verão 2021 e que bebeu inspiração em apenas um minuto. «O conceito desta coleção surgiu a partir de um vídeo de um minuto do Facebook, da Rolex, que falava da bióloga marinha Emma Camp e do trabalho que ela estava a fazer enquanto restaurava o recife australiano, porque mais de metade do recife está morto e o que a Emma está a fazer é ir buscar corais a outros sítios da Austrália e voltar a plantá-los no oceano para tentar trazer uma nova cor, já que quando um coral morre fica branco. Esse foi o ponto de partida para a coleção, ter na mesma a cor dos corais e a presença do branco que remete para a morte dos mesmos», conta ao Portugal Têxtil.

Mais do que criar e fazer moda, João Sousa tem como objetivo convidar o público a mergulhar em causas mais profundas como, neste caso, a morte dos corais, que é sinónimo da perda de microrganismos e habitats de múltiplas espécies marinhas. «Quero continuar a desenvolver e a transmitir uma mensagem em que eu acredito, que não seja uma mensagem só por ser e que consiga mudar o pensamento de alguém através da minha coleção», explica.

O algodão e o linho destacam-se em praticamente todas as peças da Horizonte, que foi desenvolvida durante a pandemia. «Depois também temos alguns poliésteres, que foi de onde partimos alguns prints, fizemos uma sublimação nas peças e é o único material sintético, mais a napa, que trabalhei», revela. «Ao início foi difícil porque quando começámos a desenvolver a coleção, a maioria da indústria estava fechada, mas assim que conseguiu abrir, os nossos apoiantes, os nossos patrocinadores, conseguiram-nos tratar das coisas num bom momento em que foi possível fazer a gestão da coleção», acrescenta.

De Portugal para o mundo

A marca João Sousa, que adotou o próprio nome do criador, tem agora uma loja online de venda ao consumidor, já que os clientes perguntavam «muito vezes» pelo website, e, apesar de recente, «tem corrido bem». «Ainda me continuam a procurar mais pelo Instagram. Pedem-nos o website, para ver as peças, mas acabam por finalizar a compra no Instagram porque têm um contacto mais direto comigo, eu consigo responder mais rápido às perguntas do consumidor», adianta o designer.

O formato físico não é, todavia, uma peça fora do armário. «Estamos também em negociações com alguns showrooms, ainda não temos nada fechado. Estamos em conversas para voltar a começar a ter as peças em lojas físicas», admite João Sousa.

A marca, que quer chegar a Portugal e ao mundo, é pensada num cliente que cultiva a sua veia artística. «Gosto de acreditar que o meu cliente está ligado à arte, a qualquer tipo de arte. Neste momento tenho conseguido ter algumas pessoas, o meu consumidor tem sido, para já, esse. Acabo por trazer novas pessoas que podem não estar tão associadas à indústria da arte, que gostam do meu trabalho, que gostam de moda e acabam por me procurar, mas, maioritariamente, eu acredito que o meu consumidor seja alguém ligado à indústria criativa, à indústria da moda, cinema, música, etc.», refere.

Para o futuro, «a ideia será sempre internacionalizar», garante o designer. «Para já, estou com negociações em Portugal e também temos algumas parcerias que vão estar ligadas ao meu público-alvo, que são artistas. Posso revelar que algumas são ligadas ao cinema, outras estão ligadas à música e estamos a criar essa sinergia de juntar todas as indústrias criativas numa só», desvenda João Sousa. «A moda está associada a qualquer indústria. A moda não está só ligada a desfiles, editoriais. Está ligada à música, ao cinema, artes plásticas», assegura.

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