Jovens criadores agitam passarela parisiense
Uma onda de talentos emergentes e jovens marcas muito promissoras conferiram uma nova energia a Paris neste segundo dia da Fashion Week. Cada um com o seu próprio estilo e visão, pelo menos oito jovens criadores conseguiram fazer ouvir claramente a sua voz na terça-feira, trazendo consigo uma lufada de ar fresco, de Marine Serre, que abriu a dança de manhã, até à Koché, que fechou o baile dos "debutantes" à noite, antes do desfile da Saint Laurent.

A arte de construir através de cortes desconstruídos, totalmente reformulados, para encontrar novos volumes e pontos de vista, caracteriza esta colheita inovadora para a primavera-verão 2019. Os efeitos de atacadores, cordões e outros atilhos inspiraram particularmente estes jovens couturiers. É o caso da Ottolinger, cuja coleção se desenvolve através de uma infinidade de cordões, envolvendo o corpo para melhor o aprisionar ou abraçar.
Muito emocionados, os dois designers suíços por trás da marca fundada em 2015, Christa Bösch (31 anos) e Cosima Gradient (30), que desfilaram pela primeira vez, revelaram a sua moda abrupta, quase tribal, onde os materiais parecem ser consumidos sob os seus dedos. A camisola perde os seus ombros,o casaco de ganga, escurecido pela poeira, mantém-se seguro apenas graças a duas correias, calças e calções são rasgados e queimados, um top desfiado é recomposto por um atilho.
Um vestido de seda é amarrado com cordões. Tiras flutuam em redor do corpo, nas costas, sobre um dos ombros. No entanto, não é grunge. Pelo contrário, tudo é meticulosamente construído. A marca conta agora com cerca de vinte revendedores, principalmente na Ásia. Em Paris, pode ser encontrada na Lafayette Anticipation, onde desfilou.

O mesmo jogo de cordões marcou presença na Afterhomework (Paris), mas num registo mais sport e streetwear com o nylon como material principal, em jeito de lona de para-quedas. Este primeiro desfile no calendário de Paris decorreu ao ritmo cadenciado do rapper Sankha, destacando um vestuário em movimento que acentuava as tiras brancas que oscilavam nas extremidades a partir da cintura, pescoço, ombros ou pulsos.
As calças são apertadas na cintura ou franzidas ao longo das pernas através de atilhos, um top é amarrado sobre uma t-shirt com uma corda de escalada, uma lona de para-quedas forma um drapeado, transformando-se em vestido à volta do corpo. Mangas removíveis incham nos braços, enquanto a parte inferior das calças repuxa.
Desde a sua estreia no showroom da Designers Apartment, em março de 2017, a marca da dupla formada por Pierre Kaczmarek e Elena Mottola clarificou a sua proposta com cortes mais sofisticados. "Procurámos polir a silhueta, trabalhando mais na estética. Esta coleção é simultaneamente muito desportiva e muito "Paris, noite, verão". É isso que gostamos de fazer", resume o jovem. A marca, que conta com 17 clientes multimarca, agora também é distribuída pela Tomorrow.
A atmosfera também é muito verão tropical, entre estilo parisiense e sonhos de férias, na Victoria/Tomas, que por sua vez se diverte com laços. Uma das assinaturas do casal formado por Victoria Feldman e Tomas Berzins, que encontramos cruzado em sandálias, nas costas ou ao longo das mangas de uma camisa às riscas. Tudo emana leveza e joie de vivre nesta coleção com uma grande atenção à qualidade dos cortes e aos detalhes, com todos o tipo de peças desejáveis.
Os calções em ganga são forrados com pedrinhas coloridas suspensas em anéis. Um xale preto com franjas brancas transforma-se em mangas num casaco ou ondula em forma de vestido, pendurado nos ombros por dois cordões brancos. Uma mini-saia portefeuille sobrepõe-se a uma camisa oversized. O fundo dos trench coats e de algumas saias quebra-se em várias secções de tecido cortadas em ângulo, dando a impressão de escorrer sobre as pernas.

É, por sua vez, num registo completamente diferente que a marca japonesa Anrealage se apresenta, com uma coleção de tirar o fôlego. Kunihiko Morinaga mistura inovação tecnológica e poesia. Nesta temporada, não se contenta em jogar apenas com a sua habitual técnica de roupas fotossensíveis, mudando de cor durante o desfile. Morinaga apresenta também uma série de roupas mágicas.
Os vestidos são cobertos com botões translúcidos, cristais e outras escamas em plástico transparente luminescentes com cores cambiáveis. E, sob o seu condão, um clássico trench coat bege transforma-se, de repente, num véu impalpável, como se o fundo da roupa se dissolvesse diante dos nossos olhos. O mesmo tratamento foi aplicado num casaco de ganga ou militar!
De destacar também, entre os novos nomes que se estrearam neste segundo dia, a A.W.A.K.E., o acrónimo de "All Wonderful Adventures Kindle Entusiasm". Esta marca, fundada em 2012 por Natalia Alaverdyan, antiga diretora de moda da Harper’s Bazaar Rússia, propõe um guarda-roupa elegante, revisitando os clássicos femininos através de cortes contemporâneos e um toque surrealista, como um olho gigante na parte de trás de um casaco ou no peito, e as suas fotografias de paisagem ao estilo Magritte, que aparecem em saias ou camisas.
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