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Estela Ataíde
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27 de fev. de 2020
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Kenzo: Felipe Oliveira Baptista estreia-se com nómadas floreados

Traduzido por
Estela Ataíde
Publicado em
27 de fev. de 2020

É um prazer ver um verdadeiro profissional criativo na Kenzo novamente, com Felipe Oliveira Baptista a fazer a sua estreia na maison nesta quarta-feira, apresentando uma impressionante demonstração de moda.


Kenzo - outono-inverno 2020 - Paris - Fotografia: Kenzo


Oliveira Baptista parece claramente ter trabalhado arduamente para desenvolver os elementos-chave do ADN da Kenzo, dos tigres emblemáticos às cores arrojadas e abstratas. Além disso, numa temporada marcada pelo volume, o designer acertou em cheio com as suas formas envolventes e silhuetas grandiosas.
 
O tema deste debutante foi a viagem internacional, evocando o famoso périplo do fundador Kenzo Takada a bordo de um navio de cruzeiro, de Tóquio até França - quando este era um jovem ingénuo que procurava glória e alta costura em Paris. A maioria do elenco estava enrolado como se fosse enfrentar uma rajada de vento neste famoso transatlântico: quase todas as cabeças estavam cobertas com golas, bonés e capuzes. Aviso de mau tempo! A tal ponto que alguns modelos pareciam refugiados bastante chiques.

Padrão floral e lona de paraquedas


 
No entanto, o designer português fez referência à sua própria juventude nos Açores, improvisando também uma lembrança do momento em que os seus pais estavam prestes a organizar um salto de paraquedas em Moçambique. O criador usou lona de paraquedas em parkas infladas e casacos de camuflagem com motivos florais ou pop-art, com um belíssimo efeito. 


Kenzo - outono-inverno 2020 - Paris - Fotografia: Kenzo


Mas, os momentos mais impressionantes foram as túnicas e djellabas alongadas numa mistura de impressões, onde os grandes felinos selvagens enfrentavam padrões expressionistas abstratos, com manchas e redemoinhos de cores dignos de Francis Bacon. Outra referência a Portugal, neste caso ao artista lisboeta Júlio Pomar.
 
Quando os nómadas finalmente terminaram a sua jornada, chegando a uma cidade grande, usavam trench-coats de couro de estilo militar, ou casacos de espião com colarinho cónico, acompanhados por cartouchières, cintos militares e bolsas de cintura, para um desfile misto onde rapazes e raparigas usavam roupas semelhantes. Em vez do estilo marcado pelas sweatshirts dos seus antecessores na Kenzo, esta coleção pareceu um verdadeiro desfile de moda e um guarda-roupa completo.


Kenzo - outono-inverno 2020 - Paris - Fotografia: Kenzo


Dito isto, a encenação em si foi bastante catastrófica, tendo por base numa daquelas ideias brilhantes que na verdade não funcionam. A decoração era uma treliça de tubos transparentes infláveis com três metros de diâmetro, como um jardim de alta tecnologia, onde se esperaria encontrar plantas e não pessoas. Mas, meia hora de sol repentino deixou o espaço extremamente desconfortável, com reflexos tão intensos que era quase impossível ver as roupas adequadamente.
 
A produção Bureau Betak imaginou a decoração, depois de apresentar esta semana uma estratégia louvável com o objetivo de criar desfiles com pegada de carbono negativa. Os tubos foram projetados para serem reciclados e reutilizados, por exemplo, em lojas pop-up. Mas, não quando estiver muito sol, esperemos.

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