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Novello Dariella
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18 de out. de 2022
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Kenzo apresenta primeiras coleções e arquivos nas Journées Particulières LVMH

Traduzido por
Novello Dariella
Publicado em
18 de out. de 2022

No número 18 da rue Vivienne, no 2.º Arrondissement de Paris, a poucos passos da galeria homónima que abrigou a primeira loja Kenzo e em frente à Biblioteca Nacional de França, estão localizados, desde 2007, a sede da Kenzo e os seus ateliers. Uma mansão de pedra privada, entre um pátio e um jardim. O edifício pertenceu ao sobrinho de Colbert e foi o lar de uma casa de comércio de seda e lã. "Pela segunda vez desde 2013, a Kenzo participa nas Journées Particulières do Grupo LVMH", explica Camille Martinez, diretora de Património. "Com o tema 'Savoir Faire Rêver' o nosso desafio é mostrar a nossa experiência através do legado da maison", acrescenta. No piso térreo, as silhuetas das primeiras coleções, alguns arquivos muito bem preservados, contracenam com os looks desenhados por Nigo, atual diretor artístico da marca. Uma verdadeira cápsula do tempo da empresa.


A cor vermelha, que vemos com o logotipo da marca, é o fio condutor da exposição - Kenzo


Acompanhados por uma melodia de Hip Hop, os visitantes transitam pelo universo Kenzo, entre múltiplos padrões e um caleidoscópio de cores vivas. A história da maison remonta à sua fundação em 1970 pelo costureiro japonês, quando se chamava Jungle Jap, uma referência à selva urbana de Paris e às pinturas de Douanier Rousseau. "Kenzo Takada queria apagar a sua 'persona' da sua marca", diz Salomé Dudemaine, curadora e historiadora de Moda. "Mas o nome era difícil de comercializar nos Estados Unidos porque era visto de forma depreciativa e racista".

Volvidos 10 anos, a marca foi renomeada para Kenzo. No entanto, o tigre sobreviveu à mudança de nome. O animal favorito do estilista japonês continua a rugir nos trench coats da coleção para a primavera-verão 2023, desenhada pelo seu sucessor. O mesmo acontece com o seu material favorito, que é usado na maioria dos looks em exibição.

"No início, Kenzo Takada usava o algodão por uma questão  económica, mas depois tornou-se uma opção estética porque esse material permite que o corpo respire", continua a curadora Salomé Dudemaine. Muitos dos manequins exibem looks da década de 1970 e também contemporâneos, como "o famoso corte em T com mangas borboleta com o qual o estilista quis libertar as silhuetas".

Uma infinidade de referências ao fundador permeiam o guarda-roupa do seu atual diretor artístico, Nigo. A maison, que completa 53 anos no próximo mês de abril, combina assim as suas criações com passado, presente e futuro.

Viagens, educação terrena e espiritual



O designer japonês, nascido em fevereiro de 1939 na cidade japonesa de Himeji, sonhava com o ocidente e outros lugares. Depois de se formar na Bunka Fashion College, cruzou oceanos até chegar a Paris, a cidade do seu coração. "Esta longa viagem de navio levou-o de Tóquio a Hong Kong, passando pelo Cairo, Djibuti e Marselha", explica Salomé Dudemaine. Muitas etapas para uma viagem que acabou por servir um pouco de iniciação à sua obra, durante a qual se nutriu de técnicas locais que descobriu.

Como o vestido-avental vermelho cereja, apertado na cintura como um quimono, e torcido com pespontos e bordados vegetais, um look da coleção de inverno de 1975 que fazia referência à dinastia chinesa Manchu. Num manequim vizinho, um imponente casaco azul com estampa floral, uma homenagem ao traje tradicional cossaco. "O forro de veludo é inspirado nos tapetes eslavos e dá um efeito dramático à peça", continua a historiadora de Moda.


O célebre vestido de noiva com fitas sobrepostas é a peça chave das coleções de Kenzo - Kenzo


Embora Kenzo Takada tenha afirmado ao longo de sua carreira que não seguia as convenções da alta costura, uma de suas obras-primas tem uma semelhança impressionante com estas. Um vestido de noiva com folhos, feito em mosaico de tons rosas e dourado.

"Fez este vestido com fitas, à mão e diretamente no manequim... quase por acaso, usou técnicas de alfaiataria herdadas da alta costura", diz Camille Martinez. "Muito frágil e muito pesada", esta estrela da exposição encontra-se, no entanto, em excelentes condições porque "foi mantida lisa com uma forma anatómica no seu interior para não se deformar", acrescenta.

Embora a Kenzo seja uma marca jovem com 122 lojas em todo o mundo, leva muito a sério o arquivo das suas coleções antigas, controlando rigorosamente os níveis de humidade e luz nos armazéns. Com a sua equipa de três pessoas, Camille Martinez "caça peças vintage em sites e antiquários para reconstituir o património da maison". "Como a Kenzo está presente em muitos lares, com perfumes, roupas de cama e peças de prêt-à-porter, realmente temos um imaginário vivo em torno da marca", afirma.

De facto, à medida que esta exposição de curta duração se desenrola, os sonhos coloridos e a exuberância do seu fundador, Kenzo Takada, ainda estão muito presentes.
 

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