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Estela Ataíde
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14 de fev. de 2019
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Kering diz-se pronta para começar aquisições

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Estela Ataíde
Publicado em
14 de fev. de 2019

Valentino? Uma casa de joalharia? Alta costura? Artigos de couro? François-Henri Pinault sorria enquanto os jornalistas o questionavam sobre o próximo alvo do seu grupo. Após a apresentação dos resultados anuais da gigante de luxo francesa, na terça-feira, na sede da empresa no número 40 da rue de Sèvres, em Paris, foram lançadas diversas hipóteses sobre a potencial extensão da Kering no domínio do luxo. É importante referir que, um ano após ter anunciado, durante a apresentação dos seus resultados anuais de 2017, querer separar-se ou ceder a sua participação nas marcas Puma, Stella McCartney, Christopher Kane ou Volcom, a direção da Kering revelou claramente a sua capacidade de expandir o seu perímetro de atuação.


Apresentação dos resultados da Kering no número 40 da rue de Sèvres, em Paris - FNW


"Somos bastante capazes de nos adaptarmos ao nosso ambiente e ao nosso mercado. Investimos sabiamente e com um horizonte de longo prazo”, explicou Jean-François Palus, vice-presidente do grupo de luxo, durante a apresentação oficial dos resultados. “Estaríamos, portanto, bem posicionados para aproveitar potenciais oportunidades de crescimento externo criadoras de valor que surgissem."
 
Jean-Marc Duplaix, diretor financeiro do grupo, havia preparado o terreno alguns minutos antes, baseando-se no facto de que, em 2018, "o fluxo de caixa livre atingiu quase 3 mil milhões de euros enquanto decidimos manter um nível de investimento significativo em cerca de 6% do volume de negócios do grupo."

Com um discurso mais comedido, François-Henri Pinault, que já havia anunciado que o volume de negócios havia atingido os 13,6 mil milhões de euros, precisou a sua visão no que diz respeito às aquisições: “Atualmente, contamos com meios financeiros que progridem regularmente e estamos em posição de aproveitar oportunidades. Lembro que a prioridade do grupo continua a ser o crescimento orgânico das nossas maisons. Ainda é algo muito importante. Estamos longe de atingir níveis de maturidade, inclusive na Gucci, e é aí que nos focamos acima de tudo."
 
"Obviamente, se surgirem oportunidades em linha com as nossas regras de portefólio, tanto em termos de posicionamento como de códigos estilísticos, seríamos capazes de as aproveitar”, continuou o CEO. “Temos os meios financeiros, mas agora também temos plataformas capazes de acolher maisons e tirar partido do seu potencial de forma relativamente rápida. Não precisamos disso para crescer. E não entraremos numa guerra de preços."

Diante de um reduzido grupo de jornalistas, o dirigente esclareceu, no entanto, o seu raciocínio. "Temos muito cuidado para não pagar demasiado por uma casa, como tem acontecido recentemente. Na relojoaria, o mercado mudou de tal forma que é importante perceber qual é o potencial. O que é muito interessante é que temos savoir-faire muito diferentes e fortes com fabricantes excecionais. Por enquanto, observamos. Na joalharia, achamos que os mercados são portadores. Foi também por isso que investimos na Boucheron, Pomellato e Qeelin. Uma aquisição deve ser complementar. Temos os meios e as plataformas que nos podem permitir transformar as aquisições muito rapidamente em lugares de criação de valor."

O grupo decidiu gerir internamente a sua operação de comércio eletrónico, e não parece estar a considerar um crescimento externo nesse domínio. Por outro lado, o seu líder acredita que é no seu savoir-faire principal que podem surgir oportunidades. "Nos artigos de couro ainda há lacunas E esse continua a ser o setor no qual somos mais ativos. Olhamos para as oportunidades porque faz sentido que o façamos", explica.
 
Assim, neste segmento, grandes casas independentes na Grã-Bretanha ou em Itália estão alertadas. Especialmente porque o grupo poderá levar a cabo as vendas anunciadas da Volcom ou Christopher Kane, ou vender a participação de aproximadamente 15% que ainda conserva da próspera Puma, para financiar, em parte, uma operação desse género.

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