Lanvin mostra grande opulência na Manufacture des Gobelins
Hoje em dia, na moda, são poucas as mentes tão imaginativas quanto a de Bruno Sialelli, que apresentou uma coleção inspirada para a maison Lanvin na manhã fria de quarta-feira (26) em Paris.
O desfile contou com um elenco de modelos várias gerações e foi realizado na Manufacture des Gobelins, lendária por ter criado uma das artes reais mais prestigiadas de França: a tapeçaria.
"É uma ponte entre o passado e o presente. Entre Jeanne Lanvin e eu”, explicou Bruno Sialelli, depois de caminhar sob aplausos estrondosos, diante das tapeçarias magníficas que adornam o hall da Manufacture des Gobelins.
Bruno Sialelli inspirou-se em grande parte do arquivo da maison: de silhuetas elegantes a logótipos e caligrafia que encontrou num livro criado pela fundadora Jeanne Lanvin com uma das suas colaboradoras, a escritora e intelectual francesa Louise de Vilmorin. O designer usou os estampados encontrados em vestidos com cortes deslumbrantes e lenços de seda.
Entre as suas modelos, havia uma veterana da Lanvin de vinte anos, Maggie Rizer - deslumbrante num casaco preto de dupla face cashemere muito elegante -, mas também Imaan Hammam, num impressionante vestido de seda, com um incrível animal print, e até Gigi e Bella Hadid, cuja mãe estava sentada na primeira fila. Esta primeira fila, aliás, também contou com a presença de Zahia Dehar, Isabelle Huppert e Virgil Abloh.
Toda a coleção exalava um espírito exótico de luxo: vestidos em chiffon de seda branca, em forma de sino, com mini capas com plumas, boleros de feltro esculturais e vestidos transparentes sedutores. A maioria das modelos tinha nas suas cabeças várias versões em couro de toucas medievais - ao estilo do filme francês "O Regresso de Martin Guerre”. Dois notáveis casacos brancos concluíram o desfile - um para mulher e outro para homem, sendo o evento misto - composto por penas brancas habilmente pintadas.
Na passarela, os modelos deixaram um verdadeiro rastro, o do novo perfume secreto criado pelo estilista.
“Sou fascinado pela trajetória de Jeanne Lanvin. Nasceu numa família pobre e, como filha mais velha, teve que cuidar dos seus irmãos e irmãs mais novos. Lutou para melhorar de vida. É claro que fez um bom casamento, mas também teve uma filha, Marguerite, e dedicou toda a sua energia a criar roupas bonitas para ela", explicou o designer.
O cenário do desfile também parecia ideal para a opulência das roupas. Les Gobelins é, sem dúvida, a marca de luxo mais antiga de França. “Foi fundada por Louis XIV para apoiar a indústria francesa e este costumava usar os seus têxteis para incentivar as pessoas a gastar mais em roupas e moda. Bom! Les Gobelins é um verdadeiro luxo, pois permite que se leve o tempo necessário para fazer as coisas de forma perfeita. Não é como, 'Ei! Temos um desfile daqui a três meses!'”, brincou Sialelli.
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