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Helena OSORIO
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3 de mar. de 2023
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Loewe: abraçando Espanha com brilhantismo em Vincennes

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Helena OSORIO
Publicado em
3 de mar. de 2023

Reduzir a moda a fundamentos extremamente elegantes foi o tema do último desfile de Jonathan Anderson para a maison Loewe sedeada em Madrid, facilmente considerada a coleção mais importante vista até agora nesta estação.

Loewe AW23


Apresentado num cubo branco imaculado construído no jardim central do Chateau de Vincennes, um espaço decorado com frágeis esculturas em cubo de papel de confete em cores primárias, pela artista Lara Favaretto.
 
Redução, no sentido de ejetar detalhes supérfluos para se concentrar nas linhas e na silhueta, feitas em camurças novas, couro e vestidos de estampagem bizarramente reciclados. Reduzido de tal forma que vários vestidos apresentavam maçanetas de porta ou pregos ornamentados no peito à medida que o tecido era drapeado, ou mesmo atirado por cima deles.

Como na sua mostra de roupa masculina Loewe em janeiro, Jonathan Anderson cortou buracos nos lados dos vestidos e casacos, para melhor segurar um braço Akimbo. Uma referência em ambas as exposições ao artista Julien Nguyen e ao seu quadro "The Guise of Fortune".
 
"A desfocar, fragilidade e celebração. Gestos – da mostra masculina de pegar no braço de descanso. Um sinal emocional, onde se sentiu defensivo mas também sensual. Puxadores de porta. Ou pregos no peito, sugerindo um tecido apenas atirado ou drapeado sobre ele. Bonecas robotizadas, de alguma forma. Uma sensualidade emocional para o guarda-roupa", explicou Anderson após o desfile, no seu fluxo preferido de sintaxe de consciência.


Loewe - outono-inverno 2023/2024 - Womenswear - França - Paris - © ImaxTree


Em brilhante justaposição com os cubos de papel de cor primária, looks inteiros – calças, shorts e túnicas – vieram em penas de galo, embora tingidas em tons suaves de cinza claro, branco e azul celeste.
 
Apoiado pela faixa lindamente adequada de "You Want It Darker", com a voz de lixa de Leonard Cohen, Jonathan Anderson abriu com uma grande série de vestidos “relíquias”, fazendo referência ao pintor romântico contemporâneo alemão Gerhard Richter. Nenhum destes vestidos estampados era originalmente da Loewe. Enquanto que algumas malhas incríveis eram literalmente adesivos que qualquer um poderia usar, como o designer revisitou, reinterpretou e re-projetou.
 
Acima de tudo, Jonathan abraçou as raízes da marca em camurça e couro em Espanha com uma grande série de vestidos-camisa de couro de bezerro com gola alta que eram ao mesmo tempo muito elegantes e muito cool. Ou casacos de camurça em tons de areia divinamente bem cortados em estilo Eduardiano. Muitas texturas de couro por toda parte.
 
Além disso, uma grande série de sacolas e bolsas pequenas super profundas Puzzle – esta última inspirada na cestaria japonesa – em couro cru.


Loewe - outono-inverno 2023 - 2024 - Womenswear - França - Paris - © ImaxTree


Nenhum show em qualquer lugar hoje teve tantos bons exemplos de calçado quanto a Loewe. Das botas largas dignas de D’Artagnan se alguma vez o mosqueteiro voltou como artista, às botas Chelsea de camurça riscada, aos estiletes em peles diferentes ou aos saltos altos feitos de papel de confete bordado.
 
“Todas as bolsas da mostra remetem a designs dos anos 70. Quando entrei na Loewe, rejeitei tudo isso. Mas agora, desde a pandemia, abraço a ideia de uma maison de couro histórica. Um recomeço, já que a Loewe é uma maison de camurça, foi por isso que ficou famosa”, argumentou o estilista nascido na Irlanda do Norte.
 
Ao todo, após 22 dias de passerelles, este foi o momento de destaque da moda até agora nas quatro capitais da moda de Nova Iorque, Londres, Milão e Paris. Embora ninguém diga isso em voz alta, Anderson sem muito bruhaha fez da Loewe o desfile número um do calendário.
 
Há mais de 100 anos, executaram a infame espiã Mata Hari dentro do Chateau de Vincennes. Hoje consagraram Anderson como o estilista mais influente da moda.
 

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