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Novello Dariella
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2 de dez. de 2020
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Longchamp: presidente Philippe Cassegrain morre aos 83 anos de COVID-19

Traduzido por
Novello Dariella
Publicado em
2 de dez. de 2020

A tradicional marca francesa de artigos de couro de luxo Longchamp comunicou, na segunda-feira (30 de novembro), o falecimento do seu presidente Philippe Cassegrain que, devido a complicações relacionadas com a doença de COVID-19, nos deixou aos 83 anos.


Philippe Cassegrain – filho do fundador da Longchamp e presidente da marca– contraiu COVID-19 e acabou por falecer - AFP Martin Bureau


Philippe Cassegrain, filho do fundador da Longchamp, trabalhou 60 anos no grupo, que atualmente é administrado pelo filho Jean. A filha de Cassegrain, Sophie Delafontaine, é diretora artística da marca, enquanto outro filho, Olivier, administra as lojas norte-americanas. Além disso, nos últimos meses, a quarta geração juntou-se à empresa com Adrien Cassegrain, diretor de Transformação, e Hector Cassegrain, diretor administrativo da subsidiária britânica.
 
A célebre marca francesa foi fundada em 1948 pelo pai de Philippe Cassegrain, Jean. Tinha então uma tabacaria no Boulevard Poissonnière em Paris. Ao vender o stock de cachimbos de madeira, teve a ideia de embrulhar as peças em couro, o que se tornou imediatamente um sucesso. A marca foi renomeada para Longchamp, criou o logotipo com um cavalo de corrida e ganhou fama nos EUA. A partir daí, a Longchamp expandiu a sua oferta com outros acessórios e pequenos artigos de couro.

No início dos anos 60, com a ampliação do aeroporto parisiense de Orly, a Longchamp abriu aí uma loja, oferecendo malas e abrindo um novo capítulo para a marca no setor de artigos de couro, beneficiando do acompanhamento de transição da segunda geração Cassegrain. O filho do fundador Jean Cassegrain, Philippe, começou a familiarizar-se com a empresa em 1953, quando tinha apenas 16 anos. Na década de 1950, foi enviado à Ásia, África e EUA para expandir ainda mais a marca internacionalmente, indo saudar os conhecidos do pai com uma mala de amostras.

“Com a força dessa experiência, no regresso ingressou oficialmente na Longchamp e ajudou o pai em todas as áreas: design, fabricação, desenvolvimento comercial”, relembrou a marca num comunicado. Ao assumir a gestão da marca em 1972, Philippe Cassegrain estabeleceu algumas ideias revolucionárias. Lançou a linha LM (Longchamp Maroquinerie), com uma bolsa de toilette de tiracolo, o primeiro modelo feminino da marca. Com o apoio da mulher Michèle que faleceu em 2016, Philippe acelerou as coleções femininas da marca com o desenvolvimento de bolsas, enquanto iniciava a sua expansão na Ásia.

No final dos anos 70, quando foi moda o uso de malas rígidas, o empresário desenvolveu bolsas de nylon sem moldura e dobráveis. O primeiro modelo batizado de Xtra-bag levou à criação de outros...até ao famoso modelo Pliage lançado em 1993.
 
Inspirada na arte japonesa do origami, esta bolsa dobrável de lona com acabamento em couro é feita de um nylon leve, forte e colorido que, quando se dobra, fica do tamanho de um livro de bolso. A peça tornou-se um sucesso mundial e atualmente está disponível em diferentes versões. Mais de 30 milhões de bolsas foram vendidas, tornando-a uma das bolsas mais vendidas do mundo.


Nova versão mini da bolsa Pliage - longchamp.com


Ao entrar no milénio, a marca lançou uma linha de vestuário para a estação de outono-inverno 2006/2007. Pensada originalmente para funcionar como complemento ao universo dos artigos de couro, a linha foi ganhando peso com o passar do tempo até ser lançada nas passerelles de Nova Iorque em setembro de 2018.
 
Desde o início, a marca desenvolveu-se em torno do savoir-faire francês do couro. Muito rapidamente, as primeiras oficinas parisienses de artigos de couro tornaram-se insuficientes. Para aumentar a capacidade de produção, a empresa contava na década de 50 com um casal de artesãos de Segré, no departamento do Maine-et-Loire, Emile e Marie-Louise Allet, que trabalhavam com uma dezena de funcionários. Longchamp comprou a oficina alguns anos depois e transformou-a na sua principal fábrica, que hoje ocupa 60.000 metros quadrados.

O grupo conta também com cinco outras fábricas em França, bem como duas unidades próprias na Tunísia e Ilhas Maurícias, além de nove ateliês parceiros em Marrocos, Roménia e China. Inaugurado em 2018 em Pouzauges, no departamento de Vendéia (Vendée em francês), o último centro de produção acomoda cerca de 100 artesãos e uma oficina-escola destinada a treinar novos recrutas. A Longchamp possui curtidores em França, Itália, Holanda e Uruguai, sendo cerca de metade da sua produção realizada na França.

A marca é distribuída em 80 países através de uma rede de cerca de 1.500 pontos de venda, entre lojas próprias e de franchising, lojas de departamentos, multimarcas, boutiques de aeroporto e lojas online. O grupo emprega 3.200 pessoas globalmente e administra diretamente 300 lojas, incluindo o seu e-commerce lançado em 2003, através de mais de 25 subsidiárias de distribuição na Europa, EUA e Ásia.

A Longchamp, cujas bolsas de couro custam entre 300 e 1.000 euros, está posicionada no nicho de luxo acessível. França representa 30% da sua faturação. A Europa, Médio Oriente e África representam 29%. A Ásia 28% e a América 13%. Em 2018, a empresa registou um volume de negócios entre 500 e 600 milhões de euros.
 

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