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Louis Vuitton: luxo urbano sofisticado no Musée d'Orsay
Como sobreviver com estilo na selva urbana foi a imagem predominante da última coleção de Nicolas Ghesquière para a Louis Vuitton, apresentada na segunda-feira (6 de março) em Paris.
O desfile foi apresentado na grandeza de uma série de salões dourados dentro do Musée d'Orsay, com a banda sonora pré-show como sendo o ruído gerado pelo tráfego intenso da rush hour e multidões enlouquecidas. O que fazia duplo sentido, já que o local foi uma estação de comboios durante 40 anos antes de se tornar um museu de arte essencialmente francesa em 1986.
O elenco de Nicolas Ghesquière também parecia empenhado, desfilando rapidamente para um destino desconhecido enquanto circulava pelos salões das Belas Artes. Caso não tenha percebido, a passerelle era a versão totalmente preta de uma rua de paralelepípedos recuperada de Paris.
Enormes alto-falantes mecânicos e defletores de som rodaram ao longo do show – todos em preto. Mais uma vez, o artista Philippe Parreno e o designer de produção James Chinlund foram responsáveis pela cenografia. Enquanto que a banda sonora bizarra – desde sirenes de polícia a uma orquestra desafinada que sugeria Stockhausen no Sena – era baseada em ilusões sonoras concebidas por Nicolas Becker.
O cenário também se mostrou útil após o desfile, quando dezenas de clientes V-VIP da Vuitton começaram a posar para fotos sob as estruturas tecnológicas, vestidos com os seus melhores looks LV. Ironicamente, tentando parecer-se o máximo possível com os influencers que recebem as mesmas roupas de graça.
A coleção marcou uma grande mudança por parte de Nicolas Ghesquière. A começar pela sua paleta escura, contrastando fortemente com o ouro e a prata usados por dezenas de influencers, que se divertiram muito a tirar selfies antes do desfile e a 'postar' no Instagram. Tinham muito tempo. Mesmo depois de uma voz alta no sistema de som implorar às pessoas para que tomassem os seus lugares, quando o show estava prestes a começar, demorou mais de 10 minutos antes que uma modelo aparecesse.
Então houve uma mudança radical no clima geral. Foram-se as experimentações de roupas desportivas tecnológicas e ativas de tantos desfiles de Nicolas Ghesquière para a Louis Vuitton. Entraram muitas fibras e tecidos naturais, ainda que Nicolas tenha cortado as roupas para sugerir o impulso e dinamismo.
O estilista franco-belga impressionou com um trio de vestidos premium de lã bouclé, com cintura marcada e acolchoados, feitos sob medida para ficar um pouco abaixo do busto. Enrolou colares plissados gigantescos à volta do pescoço; colocou as carcelas das camisas de smoking por fora dos coletes e endireitou um fato de riscas de giz para que caísse como um quadrado perfeito em torno dos joelhos. Em suma, esta foi uma masterclass de alfaiataria pioneira e inovadora.
E alfaiataria dinâmica também: de fatos de ídolos matinés com calças largas e blusões trespassados a memoráveis fatos de couro matelassé na cor cinza battleship.
Juntamente com as roupas, havia uma grande variedade de bolsas – desde uma mini bolsa da mansão Haussmann até uma bolsa acolchoada que ficava linda com tudo, de couro polido a vermelho, branco e azul. Por isso, este acessório soou como uma celebração a França, num espetáculo cuja nota de programa começava com a pergunta: “O que é o estilo francês?”
Antes de este responder: “Um magnetismo inefável que ainda intriga o mundo; isso também é paradoxal: sofisticação com ares de amadorismo. O fascínio francês é um trompe l'oeil. O toque francês nunca parece deixar de encantar”.
O evento também marcou a estreia em moda feminina do recém-nomeado CEO Pietro Beccari, que veio da Dior para a LV. Na entrada, a pergunta de um milhão de dólares na boca de todos era se uma das primeiras decisões de Beccari seria substituir Ghesquière. O designer está lá há nove anos e meio – um longo reinado.
Bem, a coleção acabou por ser a melhor de Ghesquière para a Vuitton nuns bons cinco anos. Então, parece-me que por mais uma temporada o estilista não precisa de se preocupar com isso.
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