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Louis Vuitton: visões arquitetónicas de proteção de Nicolas Ghesquière
É preciso reconhecer uma coisa sobre Nicolas Ghesquière, diretor criativo da Louis Vuitton: não há dúvida de que tem uma imaginação muito fértil. Prova disso é a sua mais recente coleção futurista falsamente medieval para a Vuitton, que desde a primeira silhueta (um blusão de alta tecnologia curvado impresso com uma paisagem imaginária de ficção científica) até ao incrível cenário foi bastante impressionante do ponto de vista estilístico.
Instalado no Cour Carrée, o enorme terraço no lado este do Louvre, o cenário comprovou uma vez mais o toque mágico do designer de cenários mais cool do mundo, Es Devlin. A enorme cenografia lembrava um gigantesco corredor de estação espacial, em forma de paralelograma com ângulos muito pronunciados. Tanto no interior como no exterior, bacias pretas triangulares, imitando parcialmente as fontes que rodeiam a famosa pirâmide de vidro de Ieoh Ming Pei no pátio central do Louvre.
Para dar início ao desfile, a banda sonora foi ficando gradualmente mais animada, juntamente com uma série luzes em arco, com esta iluminação a projetar um brilho notável nas manequins. Já agora, este foi, sem qualquer dúvida, o melhor elenco da temporada, com dezenas de jovens mulheres que nunca havíamos visto durante o mês de setembro: medalha de ouro para a diretora de elenco, Ashley Brokaw.
A modelos desfilvam com coletes, tops de futebol americano, tank tops, bloomers e vestidos de noite, todos impressos com imagens encantadoras representando uma cidade intergaláctica em construção, sob a vigilância de robots gigantes, no meio de um deserto gigantesco. Apenas paisagens totalmente artificiais, desenhadas em computador pela sua equipa criativa.
Mas, o elemento chave desta temporada foi a arquitetura do vestuário. De mangas rodopiantes adornadas com lantejoulas a ombros de cavaleiros medievais, passando por mangas em acordeão abauladas ou camisas de poeta ligeiramente franzidas. Um em cada dois looks enrolava e esvoaçava. A maioria das silhuetas estava coberta com estas imagens high-tech. Nicholas até fez um drone fotografar os lagos de sal em torno de Salt Lake City, e essas imagens deram origem a pequenas impressões.
Tem havido, nos últimos meses, muito debate sobre o lugar das mulheres. A intuição de um criador é imaginar roupas que permitam às mulheres "enfrentar situações que, de outra forma, poderiam deixá-las desconfiadas, podendo simultaneamente serem elas próprias e viverem o momento", explicou Nicolas Ghesquière depois do desfile. O criador mencionou nomeadamente as espetaculares mangas de espírito medieval, afirmando que "não são uma armadura, mas sim uma concha protetora criada pela arquitetura do vestuário".
Misturado com tudo isso, um quinteto de modelos - todas meninas, mas com cortes de cabelo masculinos - em roupas masculinas, a maioria ostentando novos trench coats, blazers e cabans LV, feitos numa borracha técnica muito densa que se parece com couro e permitiu ao criador imaginar formas esculturais poderosas dignas de um Brancusi.
"A minha ideia era jogar ao máximo com a ambiguidade. Dizemos sempre que vestir uma mulher como um homem lhe dá poder, mas acho que uma mulher pode ficar muito vulnerável quando usa um fato, e eu queria continuar a jogar com essa ambiguidade", acrescentou o criador de 47 anos.
Nicolas Ghesquière também promete bons resultados financeiros para a marca com alguns acessórios inteligentes, incluindo o par de calçado da semana (um botim pelo tornozelo com fivela e cortado como um sapato pontiagudo de rocker) e exóticas carteiras de couro, em forma de discos voadores.
Após o desfile, houve tumultos na colunata que liga os dois pátios do Louvre, enquanto estrelas como Cate Blanchett, Alicia Vikander, Thandie Newton, Luke Evans e Sophie Turner tentava passar por uma área VIP lotada de editores de moda, influenciadores, vendedores ambulantes de influência, parasitas, assessores de imprensa ansiosos, executivos de empresas e dezenas de pesos pesados simplesmente para conseguirem cumprimentar Nicolas Ghesquière. Quanto à razão para a mais famosa marca de luxo no mundo transformar o seu backstage nesta confusão digna de um scrum de rugby num jogo entre Brive e Béziers, isso permanece um mistério!
Numa palavra, foi um desfile no geral muito intrigante, cheio de ideias, ainda que, como a maioria das imagens techno utilizadas nas impressões, a coleção fosse bastante fria. Nicolas Ghesquière criou certamente uma obra muito rica na Vuitton, mas a sua visão é consideravelmente fria e de certa forma estreita. E, ao contrário da riqueza criativa que havia mostrado na sua posição anterior na Balenciaga, onde realmente definiu a agenda da moda, as peças que criou para a LV não irão definir a nossa era.
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